quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 30.12.21 - 45 Anos do Assassinato de Ângela Diniz

🖤💄💋👠👩‍🦰💥🔫🖤

✝️😭⚰️ Num dia como hoje, 30 de dezembro, há 45 anos, um crime chocaria a sociedade carioca da época: a socialite ÂNGELA DINIZ foi foi morta a tiros por seu companheiro, o empresário Raul “Doca” Fernandes do Amaral Street, no balneário de Búzios, no Rio de Janeiro, com quatro tiros no rosto. Apesar da crueldade do crime, Doca Street foi condenado a dois anos de cadeia, o que provocou uma reação e mobilização que impulsionaram o movimento feminista na época.

Ângela Maria Fernandes Diniz nasceu em 10 de novembro de 1944 em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ela casou-se com o engenheiro Milton Villas Boas com quem teve três filhos. O relacionamento durou apenas 9 anos e, quando terminou, o casal fez um acordo judicial de desquite, já que o divórcio não era permitido à época. No acordo, Ângela recebeu uma pensão mensal e uma mansão em Belo Horizonte, porém, a guarda dos três filhos ficou com Milton.

Em junho de 1973, José Avelino dos Santos (vulgo Zé Pretinho), então caseiro e vigia da casa de Ângela, foi assassinado à noite com um tiro no rosto. Inicialmente, Ângela assumiu a culpa, alegando legítima defesa. Entretanto, as investigações demonstraram que havia uma terceira pessoa na casa, e descobriu-se que Ângela era amante do milionário mineiro Arthur Vale Mendes, conhecido como Tuca Mendes, herdeiro do grupo Mendes Júnior. No depoimento, Ângela disse que teria assumido a culpa para proteger Tuca, pois ele era casado e o relacionamento dos dois ainda não era de conhecimento geral. 

Devido ao escândalo causado pelo crime, Ângela e Tuca se separaram, e ela decidiu afastar-se de Minas Gerais e mudou-se para o Rio de Janeiro. Na capital carioca, conheceu o colunista social Ibrahim Sued, com quem teve um breve relacionamento, e que a apelidou de "Pantera de Minas". Foi Sued quem apresentou Ângela para Doca Street, playboy das noites cariocas e bon-vivant que vivia às custas da esposa na época. Não demorou muito para que Doca Street deixasse esposa e filhos e passasse a morar com Ângela Diniz.

O relacionamento de Ângela e Doca durou apenas quatro meses e terminou de forma trágica na véspera do ano novo de 1977, quando na casa em que Ângela mantinha na praia dos Ossos, na paradísiaca Armação dos Búzios (RJ), os dois tiveram uma discussão motivada pelos ciúmes possessivos de Doca. Ângela resolveu pôr um fim na relação, mas Doca não aceitava ser deixado pela amante, que também era sua mantenedora na época. A empregada de Ângela na época ouviu a frase mais dita pelos machistas assassinos: "se você não for minha, não vai ser de ninguém" e logo após cinco disparos. Doca disparou quatro vezes contra o rosto da amante e um tiro na nuca. Após cometer o crime fugiu e foi encontrado em 18 de janeiro de 1977 internado numa clínica.

No primeiro julgamento realizado em Cabo Frio em 18 de outubro de 1979, Doca Street foi condenado a uma punição simbólica de dois anos com dispensa de cumprimento da pena, prevalecendo a tese da defesa era de que ele teria agido em legítima defesa da honra e “matado por amor”, o que contrariava o conteúdo dos autos do processo. O argumento gerou polêmica. Militantes feministas organizaram um movimento cujo slogan era “quem ama não mata”. A promotoria recorreu da sentença.

Após a forte pressão do movimento feminista, o primeiro veredito foi anulado a pedido do Ministério Público e, em 5 de novembro de 1981, montou-se um novo júri para avaliar o caso. A segunda condenação foi de 15 anos – dos quais Doca Street cumpriu três em regime fechado; dois no semiaberto e, nos outros, conseguiu liberdade condicional.

A repercussão do caso na mídia foi muito grande. Em 16 de outubro de 1979, dias antes da realização do primeiro julgamento de Doca Street, foi ao ar um Globo Repórter especial sobre o assassinato, que incluiu o comovente depoimento  da mãe de Ângela Diniz, Maria Diniz, e imagens do local em que seu corpo foi enterrado, em Belo Horizonte, MG. Jornais e revistas devassavam a vida de Ângela Diniz e numa sociedade machista e sexista não faltaram menções sobre o comportamento ousado dela para a época, a ponto do escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade escrever sobre ela: "esta moça continua sendo assassinada todos os dias, de todas as maneiras". Evaristo de Morais Filho, o advogado de acusação, teria completado que "Ângela Diniz teve carrascos demais".

Em 5 de junho de 2003, o caso foi retratado no programa Linha Direta Justiça. Além da reconstituição do crime e da exibição de diversas imagens de arquivo, o episódio Ângela e Doca contou com os depoimentos do escritor e deputado federal Fernando Gabeira, do jornalista Artur Xexéo e da feminista Mirian Christus, entre outros.

Doca Street morreu no Rio de Janeiro, no dia 18 de dezembro de 2020 de uma parada cardíaca. Ele tinha 86 anos de idade. Doca lançou o livro Mea Culpa, em 2006, para contar sua versão dos fatos. Ângela Diniz, no entanto, não teve essa oportunidade. 😞😓😥😢😭

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Fontes consultadas 📺 Memória Globo, Podcast Arquivo Vivo e Wikipidia.

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