sábado, 15 de janeiro de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 15.01.22 - 37 Anos da Eleição de Tancredo de Almeida Neves para Presidente

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🏛️ Num dia como hoje, 15 de janeiro, há 37 anos, o Colégio Eleitoral, composto por deputados federais e distritais, senadores da República e delegados de cada Assembleia Legislativa dos Estados, elegeram após 25 sem eleições presidenciais no Brasil (a última havia sido em 3 de outubro de 1960 e elegeu Jânio Qaudros), o ex-governador mineiro TANCREDO DE ALMEIDA NEVES, candidato da chapa Aliança Democrática (liderada pelo PMDB e pela Frente Liberal), como o novo presidente da República do Brasil, derrrotando o candidato da ARENA – Aliança Renovadora Nacional –. Paulo Salim Maluf. A votação histórica que encerrou o período militar brasileiro iniciado em 31 de março de 1964, teve como resultado 480 votos para Tancredo, 180 para Maluf e 17 abstenções. Foi o início do processo de redemocratização brasileira, cujos capítulos cruciais seriam a promulgação de uma nova Constituição em 5 de outubro de 1988, e as primeiras eleições diretas para presidente, realizadas em 15 de novembro de 1989 (primeiro turno) e
17 de dezembro de 1989 (segundo turno) com a vitória de Fernando Collor de Melo.

Tancredo era um conciliador nato e tinha uma rica biografia política. Fora ministro da Justiça de Getúlio Vargas e, depois de articular a solução parlamentarista que garantiu a posse de João Goulart na crise de 1961, tornou-se primeiro-ministro. No golpe, foi dos poucos parlamentares que acompanhou Goulart ao aeroporto, na partida para Porto Alegre, e o único pessedista a votar contra a eleição indireta de Castelo Branco.

Essa capacidade de negociar foi fundamental na hora da disputa no Colégio Eleitoral. Para bater seu adversário, o paulista Paulo Maluf, Tancredo teve de se acertar com setores governamentais hostis à candidatura situacionista, como o maranhense José Sarney, que abandonou a presidência do PDS, carregando consigo uma dissidência numerosa de parlamentares. Seu grupo fundou o Partido da Frente Liberal, enquanto ele se filiava ao PMDB para se tornar o vice na chapa do mineiro, ajudando a assegurar a vitória.

No momento em que o deputado João Cunha (PMDB) anunciou o 344º voto, que daria maioria absoluta a Tancredo, a sessão virou uma festa. “Tenho a honra de dizer que o meu voto enterra a ditadura funesta que infelicitou a minha Pátria”, disse Cunha, ao declarar o voto, pouco depois das 11h30 daquele dia. Derrotado e traído até por membros do próprio partido, Maluf cumprimentou o presidente eleito. Tornou-se um dos políticos mais longevos e controversos da política brasileira.

Dias depois de ser eleito, Tancredo fez uma longa viagem internacional e, na volta, dedicou-se às delicadas negociações para a montagem do ministério. Se a Aliança Democrática garantiu a vitória do peemedebista, determinou também a natureza heterogênea de seu ministério, que acabaria sendo herdado por Sarney.

Vitorioso no Colégio Eleitoral, Tancredo não pôde porém tomar posse na presidência. O presidente eleito, que já vinha sentindo dores no abdômen, preferiu adiar o tratamento para depois da posse, marcada para 15 de março. No dia 14, porém, depois de uma missa de ação de graças, as dores se acentuaram e Tancredo teve de fazer uma cirurgia de emergência no Hospital de Base de Brasília. Em seu lugar, Sarney, que exerceria o cargo até o final do mandato, prestou juramento em 15 de março. As complicações pós-operatórias exigiriam a remoção de Tancredo para São Paulo, onde viria a morrer em 21 de abril, após 39 dias de internação e diversas cirurgias, despertando grande comoção nacional na época.

Assim, de modo inesperado, a transição política seria concluída com Sarney na Presidência e Ulysses Guimarães no estratégico posto de presidente da Câmara e do PMDB. José Sarney assumiu o governo apoiado pelo já constituído Partido da Frente Liberal (PFL) e pelo PMDB, comandando um hipertrofiado ministério escolhido por Tancredo, expressivo da dificuldade para conciliar as ambições dos que apoiaram a Aliança Democrática. Disputas de poder entre o PFL e o PMDB, e entre as lideranças deste e Sarney, marcariam o governo que Tancredo denominara Nova República. Apesar do governo tumultuado, Sarney conseguiu concluiu a transição, entregando o cargo ao primeiro presidente eleito pelo voto direto em 1989, Fernando Collor de Mello. 🇧🇷🗳️🇧🇷

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Créditos do texto:

📻 Agência Brasil - EBC
📻 Agência Câmara de Notícias
🖱️ Memorial da Democracia
🖱️ Site do CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. (adaptados) 🙂

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