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🔪🗡️ A Revolta dos Malês (malê em ioruba significa muçulmano) foi um levante de escravos africanos que ocorreu em janeiro de 1835 em Salvador, na Bahia. Os protagonistas da revolta foram os africanos muçulmanos de língua ioruba. Suas principais ambições estavam na tomada do poder na cidade e na conquista da liberdade para a população escrava nascida na África. A Bahia concentrava um quinto da população brasileira da época; Salvador reunia mais de 60 mil habitantes, sendo dois terços da população, algo em torno de 80% formada por não-brancos, negros e mestiços. Os escravos já haviam manifestado sua revolta antes de 1835 (houve levantes em 1807, 1809, 1814, etc.).
A vinda de escravos vindos da Baía de Benin, em sua maioria envolvidos em guerras religiosas entre impérios africanos e também a influência do Hatianismo, revolta de negros na ex-colônia francesa do Haiti nas Antilhas Francesas, quando negros e mestiços tomaram o poder e proclamaram a independência, reforçavam os ideiais de liberdade dos malês. Um diferencial dessa revolta, é que, ao contrário dos demais escravos, os malês dominavam a leitura e a escrita do idioma árabe, o que facilitou a articulação do movimento, previsto para acontecer no dia 25 de janeiro, dia de Nossa Senhora da Guia, justamente para aproveitar que os senhores estavam distraídos com suas atividades religiosas.
O que não contavam foi que o movimento havia sido traído, e na madrugada do dia 24, 60 rebeldes que estavam reunidos na casa de Manuel Calafate foram surpreendidos por uma patrulha que invadiu o local, mas foi recebida a golpes de espada pelos escravos, e teve início o primeiro conflito. Os malês invadiram então a Câmara Municipal para libertar o líder malê Pacífico Licutan. A revolta ganhou as ruas passando por Vitória, Campo Grande, Mercês e desceram o Pelourinho em direção à cidade baixa. A contra-ofensiva veio depressa e os revoltosos foram cercados na altura da região de Água de Meninos, onde se deu o último embate, que deixou mais de 70 baixas entre os malês e 10 entre os governistas.
A revolta durou apenas dois dias, 24 e 25, mas a repressão durou meses, com mais de 500 negros condenados as mais variadas penas: prisão simples, prisão com trabalhos forçados, degredo (deportados para a África), chicotadas, e até morte. Os ecos de "viva nagô, morra branco" dos malês ecoaram no resto do país e chamaram a atenção das elites escravistas para dois pontos: ou reforçavam ainda mais os métodos repressivos para evitar novos revoltas ou iniciavam um processo gradativo de abolição. A Revolta dos Malês foi a principal revolta escrava urbana das Américas. 👊🏿👊🏾👊🏽
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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