sexta-feira, 25 de março de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 25.03.22 - Centenário do Partido Comunista Brasileiro

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💪🥳 Num dia como hoje, 25 de março, há exatamente 100 anos, nove pessoas se reuniram, de forma clandestina, em uma casa na rua Visconde do Rio Branco, na cidade de Niterói, para fundar um movimento que transformaria para sempre a história política do Brasil. Seus nomes entrariam para a História: Manuel Cendon, Joaquim Barbosa, Astrojildo Pereira, João da Costa Pimenta, Luís Peres e José Elias da Silva, Hermogênio Silva, Abílio de Nequete e Cristiano Cordeiro. 

Com um pequeno grupo de trabalhadores, entre barbeiros, eletricistas, sapateiros, alfaiates, nascia a Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC), o PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL, que logo se espalharia por todo o território brasileiro em um movimento de massas. Foi o primeiro partido nacional do país, em uma época em que a política se organizava apenas regionalmente, com o poder do coronelismo, dos mandos e desmandos das elites rurais e urbanas.

O primeiro secretário-geral do partido foi Abílio Nequete, um barbeiro libanês naturalizado brasileiro. Depois, Nequete foi sucedido pelo jornalista Astrojildo Pereira, que se tornou um dos principais organizadores do PCB e um dos principais difusores das ideias socialistas no Brasil. Na década de 40, o partido altera seu nome para Partido Comunista Brasileiro.

Não demorou muito para o PCB ser colocado na ilegalidade, situação que só mudou em 1927, mas que duraria pouco tempo, pois em 1930, com o golpe de estado de Getúlio Vargas, seria novamente colocado em risco. Em 1935 aderiu à Aliança Nacional Libertadora, que foi também ilegalizada, o que motivou a Intentona Comunista de 1935, liderada por Carlos Prestes, futuro Secretário-Geral do PCB (1943-80). Durante a ditadura do Estado Novo (1937-45) o partido desagrega-se, voltando à legalidade apenas em 1945 e elegendo centenas de vereadores em 1946, entre os quais o escritor Jorge Amado.

Mais uma vez, a legalidade duraria pouco tempo e em 1947 o Tribunal Superior Eleitoral decidiu a sua ilegalização. No inicio dos anos 60 passou por um período de cisões, das quais resultaram o atual PCdoB e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro.

Durante a ditadura militar, a repressão tentou por fim ao PCB. Só entre 1973 e 75, um terço do comité central foi assassinado e centenas de militantes foram presos e torturados, alguns até à morte, como o jornalista Vladimir Herzog, o operário Manuel Fiel Filho e o dirigente juvenil José Montenegro.

Em 1985, com o fim da ditadura militar, volta à legalidade e em 1992, a maioria dos seus dirigentes – que haviam abraçado a social democracia – extinguem o partido e formam o Partido Popular Socialista, que herdou a sua estrutura e patrimônio. Nos anos seguintes, centenas de antigos militantes lutariam para refundar o PCB, afastando qualquer formulação reformista e enfatizando o caráter revolucionário do partido.

Pelo PCB passaram figuras importantes da História brasileira: Claudino Silva, Ana Montenegro, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Minervino de Oliveira, Carlos Marighella, Tarsila do Amaral, Jorge Amado, Patrícia Galvão (Pagú), João Saldanha, Gregório Bezerra, Caio Prado Jr, Oscar Niemeyer, Maria Brandão, Graciliano Ramos, Zuleika Alembert, Astrojildo Pereira, Dias Gomes, etc.

A cultura política do Partido Comunista Brasileiro é reflexo de sua vinculação com a classe operária e camponesa.  Foi essa vinculação que legou ao PCB o carinhoso apelido de “Partidão” que, atuando pela primeira vez na legalidade em 1946, puxou a maior quantia de votos elegendo o “Senador do Povo”: Luís Carlos Prestes. Tendo enfrentado uma repressão sistemática do Estado, sobrevivendo à ditadura do Estado Novo (1937-1945) e à ditadura militar (1964-1985), o Partidão foi pioneiro na luta contra o imperialismo e o fascismo no Brasil.

Ao longo de sua trajetória, o PCB se tornou uma das principais referências partidárias da esquerda brasileira, presente em greves e revoltas populares como a Aliança Nacional Libertadora, a organização das primeiras Ligas Camponesas, na revolta de Porecatu, entre milhares de outras lutas. O PCB chega ao seu centenário como grande instrumento de ação da classe trabalhadora. O PCB publica atualmente "O Poder Popular" e o seu atual Secretário-Geral é Edmilson Costa. O legado do PCB para a História brasileira é imprescindível e antológico. Um legado que não pode, nem deve, ser desprezado. Parabéns ao partidão!!! 👏👏👏👏👏👏

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Fontes consultadas: perfis oficiais do PCB no Facebook e de seus filiados.

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