quarta-feira, 19 de outubro de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 19.10.22 - Centenário do Nascimento de Dias Gomes

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🎂🎉 Num dia como hoje, 19 de outubro, há exatamente 100 anos, nascia em Salvador, capital da Bahia, um dos maiores dramaturgos brasileiros: DIAS GOMES, autor de peças memoráveis como "O Pagador de Promessas" (1959) e "O Santo Inquérito" (1964) e de novelas como "O Bem Amado" (1962), “Saramandaia” (1976) e "Roque Santeiro" (1985). Dias Gomes se considerava essencialmente um homem de teatro. Fez também rádio, televisão, cinema e literatura. Sua obra colocou em cena a realidade brasileira: personagens típicos, traços regionais, costumes populares e questões sociais intrínsecas aos agrados e às mazelas do povo. Gomes era crítico ferrenho da política brasileira, do racismo, da intolerância religiosa, da exploração da fé financeiramente e o preconceito, tudo aquilo que a sociedade tem como padrão normal de comportamento.

Alfredo de Freitas Dias Gomes mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança. Escreveu sua primeira peça aos 15 anos e, a partir de então, não parou mais. Sua primeira grande obra a alcançar sucesso foi a peça teatral “O Pagador de Promessas”, na qual um agricultor faz promessa em um terreiro de candomblé a Iansã que, no sincretismo religioso, com o catolicismo romano, é Santa Bárbara. A promessa era para que seu animal de estimação - um burro - ficasse curado, ele levaria uma cruz até Salvador, capital da Bahia, e colocaria a mesma no altar de Santa Bárbara.

A peça "O Pagador de Promesas" foi traduzida para dez idiomas, estreada em 1960 sob direção de Flávio Rangel e adaptada em 1962 para o cinema por Anselmo Duarte, única produção nacional a conquistar o prêmio Palma de Ouro no Festival de Cannes (atualmente o filme está disponível para assinantes no streaming Globoplay e gratuitamente na plataforma itauculturalplay.com.br.

Dias Gomes também escreveu a peça “O Bem Amado” que virou, primeiramente, novela e depois série e filme. Nesta obram a classe política brasileira era criticada por meio do personagem Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia cidade de Sucupira. O citado prefeito tinha todos os trejeitos politiqueiros, até hoje existentes na classe política brasileira.

Dias Gomes foi muitas vezes censurado em suas obras por suas críticas ferrenhas. Obras como “Saramandaia”, telenovela, teve várias cenas censuradas. A cena final desta novela é icônica, quando mostra o personagem João Gibão, literalmente, voando sobre a cidade, em uma alusão à liberdade.

Outra trama polêmica foi “Roque Santeiro”, telenovela baseada na peça “O Berço do Herói”, que teve sua primeira versão proibida em 1975, sendo novamente gravada em 1985, com temas polêmicos como a exploração da fé financeiramente pelas igrejas. A versão televisiva foi um estrondoso sucesso de audiência (atualmente disponível no Globoplay).

Dias Gomes morreu aos 76 anos em um acidente de trânsito ocorrido na madrugada de 18 de maio de 1999 na região dos Jardins, na cidade de São Paulo. O dramaturgo voltava de táxi de um jantar com sua mulher Bernadeth depois de assistirem à encenação de Madame Butterfly, ópera dirigida pela atriz Carla Camurati. Ele foi casado com Janete Clair e deixou uma autobiografia: "Apenas um Subversivo".

Ele merece todas as honras, esse criador de obras profundas, no retrato que fazem da alma brasileira, agudas no compromisso social e, ao mesmo tempo, simples, populares, comunicativas. De sua vasta obra nasceram personagens como Zé do Burro, Odorico Paraguaçu, Branca Dias, Viúva Porcina, Sinhozinho Malta e tantos outros que estão vivos na memória do espectador. Aos cem anos de seu nascimento é importante lembrar e ressaltar todo o legado deixado pelo mais fecundo dos dramaturgos brasileiros. 👏👏👏👏👏👏

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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