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🖌️ João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro nasceu no distrito de Tracunhaém, Capitania de Pernambuco, em 28 de fevereiro de 1766. Filho de uma família distinta, mas muito pobre, seguiu a carreira religiosa. Tornou-se então auxiliar do monsenhor Manuel Arruda Câmara, naturalista de grande renome e fundador do Areópago de Itambé, primeira loja maçônica do Brasil. O Padre João Ribeiro, que trabalhava como desenhista botânico nas suas expedições científicas, tornou-se seguidor de seus ideais libertários.
João Ribeiro era amado e respeitado por ricos e pobres. O comerciante francês Louis-François de Tollenare, discorrendo sobre seu amigo, disse que o religioso era “um homem pobre, mas bastante filósofo para desprezar a riqueza”, e que "ninguém na Europa imaginaria haver aqui alguém tão sábio".
Quando explodiu a Revolução Pernambucana de 1817, padre João Ribeiro foi nomeado representante do clero no novo governo que foi formado. Considerado o líder moral da Revolução Pernambucana, coube a ele, juntamente com o pintor José Alves, criar uma bandeira que seria usada pela nova república. A bandeira bicolor, predominando as cores azul e branca com sol, um arco-íris, uma cruz e três estrelas que representavam Pernambuco, a Paraíba e o Rio Grande do Norte. À medida que outras províncias se libertassem novas estrelas seriam acrescentadas. Em 1917 foi oficializada pelo governador de Pernambuco Manuel Antônio Pereira Borba como bandeira oficial do Estado (com apenas uma mudança em relação à original: uma estrela em lugar de três).
No dia 13 de maio de 1817 houve a derrota na batalha do Engenho Trapiche, ante o exército monarquista vindo da Bahia. As tropas republicanas, sob o comando do general Domingos Teotônio, retiraram-se, então, do Recife no dia 19, pretendendo prosseguir com a luta no interior. E o padre João Ribeiro as acompanhou, servindo de capelão. À noite, contudo, arranchados no Engenho Paulista, os líderes republicanos concluíram que a causa estava perdida. Não havia condições de seguir adiante e a coluna se dissolveu, com cada um tomando seu próprio rumo, em busca de esconderijo. Padre João Ribeiro, no entanto, em vez de tentar fugir preferiu se matar, enforcando-se nas cordas que sustentavam a lamparina na capelinha do engenho. Seu corpo foi profanado três dias depois a mando do vice-almirante Rodrigo Lobo, comandante das tropas joaninas, e arrastado até Recife, onde foi esquartejado e teve a cabeça exposta no pelourinho durante dois anos.
Em 1819, o crânio foi retirado da praça pelo francês Felix Naudin, entusiasta das idéias da liberdade, que exerceu a função de comerciante no Recife e foi cônsul da França em Pernambuco. Depois, ele doou a relíquia ao amigo Francisco Cavalcanti de Mello, parente do padre. Quando Francisco Cavalcanti faleceu, o sócio do Instituto Arqueológico Luiz da Costa Porto Carrero pediu o crânio à família e entregou à instituição, fundada em 1862.
A diretoria do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) entendeu que sem o sepultamento, o castigo do Padre João Ribeiro seria perpetuado e, junto ao Governo do Estado, à Arquidiocese de Olinda e Recife, ao Vigário Administrador da Paróquia (Pe. Valdemir José), e ao Prefeito do Município de Paulista-PE (Antônio Speck), resolveram sepulta-lo dignamente e de modo cristão, num gesto de respeito ao homem público e de ideal nacionalista. Em 29 de outubro de 2001, o crânio do Padre João Ribeiro, numa urna de bronze foi enterrado num túmulo construído especialmente para ele dentro da igreja de Santa Isabel Rainha de Portugal, no Centro de Paulista, à esquerda de quem entra no templo, após quase 2 séculos de seu sepultamento fora da igreja de Nossa Senhora da Conceição do Engenho Paulista.
A nova sepultura na igreja de Santa Isabel é lacrada por uma placa de granito. Do lado esquerdo fica uma placa de bronze, contando a história da luta do religioso, e, no lado direito, um brasão em bronze com representações das Armas e Honras do Estado de Pernambuco, feito pelo escultor Jobson Figueiredo. Enfim, Paulista deu honrarias e o descanso merecido ao herói da Revolução Pernambucana de 1817, que, antes, em seu solo, pôs fim à sua vida, num gesto nobre de patriotismo.
Em tempos sombrios de exaltação de ditadores, ditaduras e torturadores, a memória libertária do padre João Ribeiro permanece cada vez mais viva e radiante, como um coração a pulsar bravio no peito inflame daqueles que lutam pela justiça e pela democracia. 👏👏👏👏👏👏
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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