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✝️😭⚰️ Num dia como hoje, 12 de agosto, há 38 anos era assassinada a tiros na porta de sua residência, MARGARIDA ALVES, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Paraíba. O crime encomendado por latifundiários locais, foi mais um capítulo da violenta luta pela posse de terra nos grotões brasileiros, marcados por disputas entre posseiros, grileiros e fazendeiros, cujas principais vítimas são trabalhadores rurais, camponeses, religiosos e sindicalistas.
Margarida Maria Alves nasceu no dia 5 de agosto de 1933 em Alagoa Grande (PB), município da região do Brejo Paraibano, a 100 quilômetros de João Pessoa, mesma cidade de Jackson do Pandeiro. Descendente de indígenas por parte de pai e de negros por parte de mãe, ambos camponeses, pais de onze filhos. Margarida teve poucas oportunidades de escolaridade, conseguiu concluir até a quarta série. Católica desde criança, seu envolvimento com a igreja aproximou-a, nos anos 1970, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Casou-se em 1971 com Casemiro, também camponês, com quem teve o filho José de Arimatéia, nascido em 1975.
Margarida viu seus pais serem expulsos das terras em que viviam pelo proprietário local, João Senhor. Contra o ato, entrou com uma ação na Justiça do Trabalho. A partir daí, envolveu-se com a luta pelos direitos dos camponeses. Fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, uma iniciativa para o desenvolvimento rural e urbano sustentável, em prol da agricultura familiar. Durante 23 anos Margaridad participou do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, como tesoureira e presidente. Em sua gestão, o sindicato moveu mais de 600 ações trabalhistas e fez diversas denúncias.
Ela incentivou diversas outras mulheres a se aproximarem do sindicato e das disputas políticas, num meio dominado por homens e extremamente machista. Desse contato, nasceu uma instituição que leva seu nome e o de uma companheira de luta (Maria da Penha do Nascimento Silva): o Instituto IPEMA, criado por mulheres de Alagoa Grande para dar orientação a famílias de assentados. Também no município nasceu o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais.
A atuação de Margarida Alves no meio sindical provocou a ira dos poderosos senhores de terra locais. Ameaça de morte eram constantes, intimidações frequentes. Aconselhada a deixar o sindicato para preservar sua integridade física e a de sua família, ela respondeu: "“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Um dos embates de Margarida era contra a Usina Tanques, que negligenciava os direitos trabalhistas dos camponeses, expostos a situações de trabalho escravo, durante a ditadura iniciada em 1964. A pauta de reivindicações cobrava dos patrões o registro em carteira de trabalho, jornada diária de trabalho de oito horas, 13° salário, descanso semanal, férias e licença maternidade.
Acuados pela militância sindical de Margarida, 60 fazendeiros, três deputados e 50 prefeitos formaram o chamado Grupo da Várzea. A ordem para matar Margarida saiu de membros dessa associação latifundiária. E no dia 12 de agosto de 1983, portanto há 38 anos, Margarida era executada com um tiro no rosto por matadores de aluguel, causando grande consternação e dor ao povo naquela época.
As investigações apontaram para o usineiro Aguinaldo Veloso Borges, latifundiário e proprietário da Usina Tanques, e seu genro José Buarque de Gusmão Neto (Zito Buarque) como mandantes do crime. Aguinaldo era avô do ex-ministro e ex-deputado Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro, o Aguinaldinho. Foram acusados pelo crime o soldado da PM Betâneo Carneiro dos Santos, os irmãos pistoleiros Amauri José do Rego e Amaro José do Rego e Biu Genésio, motorista do carro que parou levou os matadores até a casa de Margarida. Os assassinos nunca foram condenados. Dos envolvidos, apenas Zito Buarque foi julgado. Ele ficou preso por três meses, mas foi absolvido em 2001 em João Pessoa.
O martírio de Margarida Alves não foi em vão. Ela inseriu projetos ligados a educação, ganhou várias ações em favor dos trabalhadores e incluiu as mulheres no meio sindical marcado pela hegemonia masculina. Sua luta inspirou a famosa "Marcha das Margaridas", cuja primeira edição (2000), reuniu cerca de 20 mil agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras e extrativistas de todo o Brasil. O movimento é marcado pelas camisetas lilás e pelos chapéus de palha decorados com margaridas usados pelas manifestantes. A marcha se repetiu nos anos de 2003, 2007, 2011 e 2015. A quinta edição reuniu cerca de 100 mil manifestantes, segundo a organização. A flor da liberdade plantada por Margarida Alves continua viva naqueles e naquelas que lutam por pão, terra e moradia para todos, com justiça e dignidade.
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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