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✝️😭⚰️ Num dia como hoje, 20 de agosto, há extamente 50 anos, era executada à tiros pelas forças da repressão a psicóloga, docente e militante comunista IARA IAVALBERG, companheira de outro perseguido pela ditadura, o ex-capitão do Exército e guerrilheiro Carlos Lamarca. Lamarca e Iara foram o casal mais procurado durante a ditadura militar, com fotos espalhadas por todo o país. Ambos acabaram mortos na Bahia, Iara em Salvador, e Lamarca em Ibipetum, no interior do Estado.
Iara Iavelberg era filha de uma tradicional família judia de São Paulo, casou-se aos 16 anos. Três anos depois, já mostrando seu perfil libertário e feminista, desafiou as tradições e se separou. Iniciou-se na política no movimento estudantil, em 1963, ao entrar na Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), cujo centro acadêmico hoje leva seu nome.
Militou na Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop), na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), na VAR-Palmares e, finalmente, no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), ao qual ingressou junto a seu companheiro, Carlos Lamarca. Iara e Lamarca se conheceram em abril de 1969, dois meses após a deserção do ex-capitão.
Após passarem alguns meses no Rio de Janeiro, ambos foram à Bahia. O casal viera do Rio de Janeiro, fugindo do cerco da repressão que se estreitava; uma longa viagem, numa Kombi velha e com problemas mecânicos. Lamarca foi mandado para o sertão e Iara para a capital. Em 20 de agosto de 1971, policiais cercaram o apartamento onde a militante estava escondida, no bairro de Pituba, junto a outros militantes. Iara conseguiu se refugiar no apartamento vizinho, mas posteriormente foi encurralada pela polícia.
Na versão do regime militar, Iara deu um tiro contra o próprio peito quando se viu diante da impossibilidade de fugir. O laudo – que posteriormente desapareceu – foi assinado pelo legista Charles Pittex e o corpo foi entregue à família apenas um mês após sua morte. Seguindo as tradições judaicas, Iara foi enterrada em uma área específica do cemitério destinada a suicidas, com os pés voltados para a lápide, tradição entendida como uma desonra.
A teoria de suicídio, entretanto, nunca convenceu a família, incluindo seus dois irmãos, Samuel e Raul, também militantes. Após uma longa batalha a família pôde, em 2003, reiniciar um processo de investigação e realizar uma exumação do corpo de Iara. O legista Daniel Muñoz concluiu que a morte de Iara por suicídio era “improvável” e seu corpo foi finalmente retirado da ala de suicidas do cemitério israelita. Mariana Pamplona, sobrinha de Iara, roteirizou o documentário "Em busca de Iara" (2014), no qual, além de um perfil da tia, busca desvendar as circunstâncias de sua morte.
Iara e Lamarca viveram um romance com todos os componentes trágicos: separações forçadas, vilões poderosos, cartas extraviadas. Ao encerrar um diário, Lamarca escreveu: "Vou te ver, nem que seja a última coisa na minha vida. Mil beijos do teu, Cirilo". Uma promessa que ele não conseguiria cumprir. Iara morreu sem ler o diário. Lamarca morreu sem saber que Iara já estava morta, que o corpo amado estava numa gaveta do morgue de Salvador. Um abismo os separava, abismo que suas mortes tornariam irremediável. 😞😓😥😢😭
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Créditos do texto:
🖱️ Site Memórias da Ditadura
📝 Lamarca e Iara, artigo de Alex Barros Cassal.
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