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♐ Dentro do panteão das divindades de matriz afro, o EXU é talvez o orixá mais injustiçado dentro do processo sincrético imposto aos escravos desde o começo da colonização. Na relação entre profano e sagrado da religiosidade africana, orixás são forças da natureza (ar, fogo, água, terra, ferro, etc.) e como a natureza não é ruim (o ser humano é que a maltrata com suas poluições e degradações), nenhum deles pôde ser identificado com o mal, diferentemente das religiões monoteístas abrâamicas, onde temos uma divindade específica para isso, como por exemplo o demônio ou diabo na religiosidade judaico-cristã.
Quando os escravos associaram suas divindades aos santos católicos, o chamado sincretismo religioso, resultado do processo forçado de aculturação branca, europeia, caucasiana, coube ao Exu o papel menos nobre de representar o mal, o inferno, o demônio, o que não corresponde às suas origens africanas, quando era apenas um mensageiro entre homens e orixás, função similar aquela exercida pelo deus Hermes do panteão grego, cujos romanos latinizaram com o nome de Mercúrio.
A intolerância religiosa de fundamentalistas cristãos ao longo dos anos vêm reforçando o preconceito ao orixá Exu, o guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Atrevido e agressivo, qualidades odiadas pelos senhores escravocratas, é Exu quem invoca os orixás. Seu elemento é o fogo, seu símbolo é o ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios), e seu colar e roupas são vermelhas e pretas. O orixá recebe como oferendas farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel. No sertão pernambucano, uma cidade recebeu seu nome, Exu, que por sinal, é natalícia de um dos maiores artistas brasileiros: Luiz Gonzaga. Conhecer e entender as religiões não significa que professemos a mesma crença dos seus fieis, mas promove o dialogo interreligioso, quando podemos dialogar sem ferir ou agredir o outro, e ao mesmo tempo aprendermos sobre os sentidos e significados de nossa existência. 🛐
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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