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⚙️🖤 Num dia como hoje, 9 de novembro, há 33 anos terminava em tragédia uma das greves mais emblemáticas do país após a redemocratização dos anos 80 do século passado: estamos falando do masscre na Companhia Siderúrgica Nacional, que também entrou para a história do movimento sindiical com o nome de Massacre de Volta Redonda; que resultou na morte de três trabalhadores que participavam do movimento paredista: Valmir Freitas Monteiro (27 anos), William Fernandes Leite (22 anos), Carlos Augusto Barroso (19 anos), assassinados a tiros pelas forças do Exército que invadiram a siderúrgica na noite de 9 de novembro de 1988, por volta das 21 h.
A greve teve início em 7 de novembro de 1988, em Volta Redonda, no Sul do Rio de Janeiro, no momento em que o país ainda fazia a transição do regime militar para o democrático. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) ainda era uma empresa estatal na época. Segundo relatório da Comissão da Verdade de Volta Redonda, feito em 2015, o movimento grevista começou por volta das 6 horas, com piquete em um dos acessos à Usina Presidente Vargas, contendo e concentrando os operários na entrada. A pauta de reivindicações incluíam a desde reposição salarial a melhorias nas condições de trabalho.
A ocupação nas dependências da Companhia Siderúrgica Nacional começou por volta de 8h30, com a entrada de uma multidão de 5 mil operários na siderúrgica. Eles reivindicavam o pagamento da URP (Unidade de Referência de Preços) de julho, com correção, uma reposição salarial de 26% e a implantação do turno de trabalho de seis horas. Desde o primeiro dia, o movimento de 1988 foi marcado por confrontos entre os trabalhadores e a Polícia Militar. Por isso, o reforço do Exército foi solicitado. Um comboio do 1º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada de Valença chegou à cidade para reforçar a tropa e tentar acabar com a greve.
Por conta disso, os grevistas decidiram em assembleia sair do pátio da Superintendência de Oficinas Mecânicas (SOM) e seguir para a aciaria (unidade de uma usina siderúrgica onde existem máquinas e equipamentos voltados para o processo de transformar o ferro gusa em diferentes tipos de aço), onde seria mais difícil para as tropas do Exército desalojá-los. Além da segurança, foi também uma estratégia para dar mais força ao movimento, já que afetaria a produção da companhia.
As tensões se agravaram durante a noite do dia 9 de novembro, quando o exército entrou nas instalações da siderúrgica para tentar retirar os 10 mil grevistas que estavam lá dentro. O relatório da Comissão da Verdade de Volta Redonda detalha um pouco do que se passou naquelas horas.
O ataque dos militares à população nas ruas e aos operários dentro da Usina começou às 21h, com a tropa de choque avançando rapidamente sobre a aglomeração nas mediações da Passagem Superior, atirando bombas de gás e de efeito moral para dispersar os manifestantes e ocupar o espaço para a operação do Exército que iria começar logo a seguir com a invasão da Usina e o ataque aos operários grevistas que ocupavam a aciaria e o pátio da SOM.
A PM começou atirando bombas de gás lacrimogênio no pátio da SOM e os soldados do Exército, iniciando a fuzilaria com balas de festim e de munição real que furavam o teto de zinco e ricocheteavam nas estruturas de metal. Os grevistas revidaram com pedras e pedaços de ferro que encontravam no caminho e corriam para aciaria onde se uniriam aos companheiros que já estavam abrigados. Durante a noite, soldados do Exército entraram nas áreas da usina que estavam ocupadas pelos grevistas, e três trabalhadores foram mortos: Barroso, Valmir e William, que se tornaram símbolos do movimento 9 de novembro, que resgata a memória do massacre contra os operários de Volta Redonda.
Na praça batizada de Juarez Antunes (líder sindical que comandou a primeira greve na CSN) foi construído o Memorial 9 de Novembro, concebido justamente para guardar a lembrança dos três metalúrgicos mortos. Ele foi colocado no dia 1° de maio de 1989, cinco meses após o fim da greve. A obra foi feita por ninguém menos que Oscar Niemeyer, um dos maiores arquitetos brasileiros e dos mais premiados e influentes do mundo.
Horas depois, mas já no dia seguinte à inauguração, o monumento foi alvo de um atentado. Durante a madrugada, por volta de 3h20, houve uma grande explosão, causada por bombas, que derrubou toda a estrutura do monumento, feita de concreto armado e ferragens, que pesava 15 toneladas. O memorial 9 de Novembro foi reconstruído por metalúrgicos a partir de um novo projeto de Oscar Niemeyer.
Em 2018 como parte da passagem dos 30 anos do massacre de Volta Redonda, foi lançado o documentário "1988 - Uma Greve, Corações e Mentes", dirigido pelo professor, historiador e documentarista Erasmo José da Silva. Em 1993, a banda paulista de punk rock Garotos Podres gravou a música "Aos Fuzilados da CSN" – disponível nos principais streamings de música – composta em homenagem aos três operários mortos durante a paralisação de 1988 e à própria greve. A música termina com uma mensagem de esperança em meio a um episódio de repressão e morte: "Aos que habitam cortiços e favelas. E, mesmo que acordados pelas sirenes das fábricas, não deixam de sonhar, de ter esperanças, pois o futuro vos pertence". 💪👊💪
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo🖋️ professor e historiador.
📖 Créditos do texto: Greve de 1988, 30 anos: música, documentário e monumento tentam manter memória do movimento, disponível no portal do G1 (adaptado)
⏳#muitahistoriapracontar⌛
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