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⚜️🤴 NNum dia como hoje, 23 de janeiro, há 385 anos, chegava ao Recife o príncipe alemão João MAURÍCIO DE NASSAU Siegen, após ter partido do porto de Texel em 25 de outubro de 1636. A Companhia das Índias Ocidentais (WIC) havia contratado os serviços administrativos de Nassau para dar conta dos territórios conquistados no nordeste brasileiro após a capitulação de Matias de Albuquerque em 03 de março de 1630.
Apesar da resistência, os lusos-brasileiros que habitavam Pernambuco não conseguiram derrotar os invasores, que auxiliados pelo mestiço Domingos Fernandes Calabar, conseguiram informações privilegiadas sobre como estava organizada a resistência no Arraial do Bom Jesus, sede das operações militares contra os batavos. O resultado foi o domínio holandês sobre o nordeste brasileiro por 24 anos (1630-1654).
Quando chegou ao Recife, Nassau encontrou uma população de aproximadamente 7000 pessoas, que viviam sem condições mínimas de higiene e conforto, pioradas com as guerras contra os holandeses. Coube a Maurício de Nassau urbanizar o Recife seguindo os moldes dos países baixos, que já estavam acostumados com superfícies próximas ou abaixo do nível do mar. Na ilha de Antônio Vaz, Nassau construiu a sua cidade, a cidade Maurícia – Mauritsstadt –, embelezando-a com pontes que ligavam as várias ilhas do centro do Recife, jardins botânicos, e palácios como o de Friburgo, que além de servir como sua residência, possuía um aviário e um jardim zoológico. A capitania de Pernambuco passou a se chamar de Nova Holanda.
Junto com Nassau vieram para o Brasil uma comitiva formada por artistas (arquitetos, pintores, escultores, tecelões) e cientistas (botânicos e astrônomos). Dentre os pintores se destacam Frans Post e Albert Eckhout (algumas de suas obras se encontram atualmente em exposição no Instituto Ricardo Brennand em Recife) que pintaram cenas da vida cotidiana e tipos característicos da época. O primeiro observatório astronômico das Américas também foi construído em Recife em 1639.
Nassau promoveu grandes melhorias para a cidade do Recife, pavimentando ruas com pedras, proibindo o trânsito de carros de bois para não destruir as estradas, criou um corpo de bombeiros voluntário, mas também implantou o imposto territorial urbano para custear essas mudanças. Ciente de que não poderia governar sem estabelecer alianças com a oligarquia formada pelos senhores de engenho, ele cedeu empréstimos para recuperar os engenhos e restabelecer a produção açucareira. Outra medida de Nassau foi obrigar os proprietários rurais a plantar mandioca, a fim de garantir alimento para a população.
As relações sociais durante o governo de Nassau também tiveram mudanças significativas, a começar pela tolerância religiosa entre católicos, protestantes e judeus (as religiões de matriz-afro continuaram proibidas), inclusive a primeira sinagoga das Américas (Kahal Zur Israel) foi fundada no Recife em 1637. Apesar de Nassau ser reconhecido como um homem iluminista, humanista e ligado à ciência, o mesmo foi responsável pela reativação do tráfico de africanos escravizados da África para o Brasil.
Para estimular a produção de açúcar, o Conde reativou o tráfico de escravizados para alimentar os engenhos. Em 1643, uma embaixada do Reino do Congo viajou até Recife para negociar o tráfico de africanos pessoalmente com Nassau. No período em que Nassau esteve na administração, o território recebeu 7.400 escravizados traficados de África. Seguindo as determinações de Nassau, os negros não poderiam trabalhar aos domingos, nem serem vendidos separadamente se fossem casados.
A cidade do Recife, agora chamada de cidade Maurícia, tornou-se durante os tempos do governo de Nassau, a cidade mais cosmopolita do continente. Poloneses, holandeses, franceses, alemães, que integravam os quadros da Companhia das Índias Ocidentais viajavam para lá. A forte prostituição fez a cidade passar por um forte surto de sífilis, doença típica de aglomerados urbanos no século XVII.
Acusado de gastar demais com a manutenção da cidade, e segundo seus detratores de desviar recursos da WIC, Maurício de Nassau foi obrigado a retornar para a Holanda, embarcando no dia 23 de maio de 1644 em sua frota rumo ao Palácio de Haia, sua residência europeia, para onde levou objetos e quadros que decoravam as paredes do Palácio de Friburgo em Recife. Após sete anos de governo (1637-1644) deixou a colônia pronta para dar aos batavos aquilo que eles buscavam: o enriquecimento com o controle da produção açucareira na Europa.
Os novos governantes da Nova Holanda (era assim que os holandeses chamavam Pernambuco) não souberam dar continuidade às iniciativas nassovianas e logo se desentenderam com os nativos da terra e com a oligarquia açucareira. As cobranças das dívidas contraídas pelos senhores de engenho, somadas às perseguições religiosas, e estimulados mais ainda pelo fim da União Ibérica em 1640 – com a volta dos Braganças ao poder lusitano – impulsionaram os lusos-brasileiros a uma coalização de forças de vários segmentos da sociedade colonial para expulsar os invasores holandeses. Nascia assim, em 1645, a Insurreição Pernambucana.
A Companhia das Índias Ocidentais (WIC) ainda tentou remediar o seu erro estratégico pedindo a volta de Nassau ao Brasil em 1647, porém dessa vez as negociações não avançaram porque o príncipe pediu mais poderes, um exército maior e mais remuneração. A Companhia não concordou. Nassau terminou seus dias na Alemanha, onde veio a falecer em 20 de dezembro de 1679, aos 75 anos de idade. Deixou um legado até hoje lembrado pelos pernambucanos. 👏👏👏👏👏👏
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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