sábado, 5 de março de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 05.03.22 - 115 Anos do Nascimento de Cícero Dias

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🎨🎉 Num dia como hoje, 5 de março, há 115 anos, nascia em Escada (Pernambuco), o pintor, gravador, desenhista, ilustrador, cenógrafo e professor CÍCERO DOS SANTOS DIAS. Ele explorou diferentes vertentes em sua produção artística, influenciando e se deixando influenciar pelas vivências que recebeu ao longo de sua carreira. Nesse caminho, o artista correu o mundo sem deixar para trás suas origens, construindo uma obra diversificada e autoral. 

Cicero Dias iniciou seus estudos de desenho ainda em sua terra natal. Em 1920, muda-se para o Rio de Janeiro, onde se matricula, em 1925, nos cursos de arquitetura e pintura da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), mas não os conclui. Inicia a carreira artística nessa época, quando são introduzidas as tendências de vanguarda no Brasil. Liga-se aos intelectuais do movimento regionalista de 1926, que ocorre no Recife, em resposta à Semana de Arte Moderna de 22. 

No começo, Cicero Dias produz principalmente aquarelas, nas quais representa um universo de sonhos, inquietante. Os personagens, em escala diferente das paisagens, e também os objetos, apresentam muita leveza, frequentemente flutuam, como se observa nas telas O Sono (1928), O Sonho da Prostituta e Mulher Nadando, (ambas de 1930). São imagens que evocam o mundo do inconsciente, nas quais o erotismo é frequente. Estas são representadas com grande delicadeza no desenho e em uma gama cromática muito rica. Na opinião do crítico Antonio Bento, sua obra relaciona-se ao surrealismo e também a um imaginário fantástico nordestino, em que mitos e fábulas estão presentes nas manifestações artísticas e na literatura de cordel.

Expõe o polêmico painel Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife, no Salão Revolucionário, na Enba, em 1931, do qual participam artistas de vanguarda. Com cerca de 15 metros de comprimento e produzida em papel kraft, a obra apresenta uma série de pequenas cenas, românticas e eróticas, que retomam o universo presente nas aquarelas, numa espécie de devaneio onírico, impregnado de forças misteriosas do inconsciente. O painel causa tanto furor que é censurado e tem uma parte cortada (restaurada mais tarde em Paris). Esse painel é considerado a obra-prima de Cicero Dias.

Em 1933, ilustra o livro Casa Grande & Senzala, do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987), de quem é amigo. Em 1937, é preso no Recife quando da decretação do Estado Novo, por sua simpatia pelo Partido Comunista. Perseguido pelo regime e incentivado pelo pintor Di Cavalcanti (1897-1976), Cicero Dias viaja para Paris, onde passa a ter contato com pintores franceses como Georges Braque (1882-1963), Fernand Léger (1881-1955) e Henri Matisse (1869-1954), e torna-se amigo do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Apesar da mudança, o tema e a técnica de seus quadros continuam ligados a Pernambuco: o artista mantém a luz e a cor de suas paisagens, como em Mulher na Janela (1939).

Em Portugal, a partir de 1943, inicia uma pesquisa comparativa entre a cultura portuguesa e a brasileira, estuda arte popular, arquitetura, escultura e pintura. Nessa época, pinta quadros que têm por motivos elementos vegetais, como Galo ou Abacaxi e Mamoeiro ou Dançarino (ambos de 1940), em que tem como ponto de partida o gênero da natureza-morta, trabalhando com o ilusionismo de forma irônica. Outras de suas obras revelam o impacto causado pelo quadro Guernica (1937), de Picasso: Mulher Sentada com Espelho (1940) e Duas Figuras (1944). Também produz obras que apresentam um diálogo entre o figurativo e a abstração. Apesar do geometrismo, aparecem a vegetação, o canavial e o mar, como em Mormaço (1941) e Praia (1944). 

Retorna à França em 1945 e integra o grupo abstrato Espace, da Escola de Paris, até 1950. Pinta, em 1948, os primeiros murais abstratos da América Latina, para o então  Conselho Econômico do Estado de Pernambuco (depois chamado de Secretaria da Fazenda), no Recife. Neles, aproveita, como sempre, elementos da paisagem do Nordeste: canavial, jangadas, o vermelho dos telhados, mas submetendo-os a um processo do qual resultam formas simples e ricas de sugestões poéticas.

Após 1950, predominam os quadros abstratos, em que se destacam as formas fechadas, retangulares ou tendendo à circularidade, e a preocupação com a luz e as cores claras, em uma gama cromática evocativa da natureza nordestina, como em Composição II (1951). Para o crítico Mário Carelli (1951-1994), na abstração, o artista baseia-se em estruturas vegetais, em que as formas geométricas refletem uma cristalização perfeita, como em Meridianos ou Relações Incertas (ambos de 1953). Paralelamente aos quadros abstratos, realiza outros, de carater lírico. Estes apresentam, em sua maioria, figuras na paisagem, com rostos sutilmente iluminados, com cores suaves e uso especial do branco, como em Casal e Cena de Olinda (ambos de 1950).

Volta com maior intensidade à pintura figurativa na década de 1960. Permanecem em seus quadros o clima de sonho e os elementos recorrentes: mulheres, casarios, folhagens, e é constante a presença do mar. Usa frequentemente tons de rosa e azul. Em relação à fase figurativa do início da carreira, observa-se que a gestualidade dos personagens é contida e há mais sensualidade do que erotismo, como em Barqueiro e Moça no Barco (ambos de 1980). Recebe do governo francês a Ordem Nacional do Mérito da França, em 1998, aos 91 anos.

Em fevereiro de 2002, Cícero Dias esteve novamente na capital pernambucana para o lançamento de um livro sobre sua trajetória artística e fez uma exposição na galeria Portal, em São Paulo. Morreu em 28 de janeiro de 2003, em sua residência na Rue Long Champ, Paris, aos 95 anos, de falência múltipla dos órgãos. Seu legado é imprescíndivel para os amantes da arte modernista brasileira. Cícero Dias é um dos grandes nomes da arte pernambucana. 👏👏👏👏👏👏

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Créditos do texto 🖱️ Enciclopedia Itaú Cultural

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