terça-feira, 29 de março de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 29.03.22 - Morre o Ilustrador Elifas Andreato

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✝️😭⚰️ O mundo da música perdeu hoje, 29 de março de 2022, um de seus maiores artistas gráficos: ELIFAS ANDREATO, ilustrador, cenógrafo e um dos maiores designers gráficos do Brasil. O ilustrador estava internado, desde a última semana, devido a um enfarte. A informação foi divulgada pelo seu irmão, o ator Elias Andreato, por meio do Instagram. "Meu irmão amado, obrigado por sua arte", escreveu.

Nome cultuado entre ícones da MPB, o paranaense ilustrou álbuns de artistas como Noel Rosa, Tim Maia, Adoniran Barbosa, Carmen Miranda, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Toquinho, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso, e mais recentemente do rapper Criolo. Ao todo foram mais de 460 capas icônicas e cartazes memoráveis, como os de "Calabar" e "A morte do caixeiro viajante".

Elifas Andreato revoluciou o conceito de capa de discos no Brasil. O artista, que nasceu em Rolândia, no interior do Paraná, em 1946, teve uma infância pobre, e ainda jovem foi criado nos cortiços de São Paulo, até ser descoberto quando trabalhava em uma fábrica de fósforos. Fez estágio em agência de publicidade, chegou até a Editora Abril, quando teve enorme destaque em 1970, com o lançamento da coleção de fascículos História da Música Popular Brasileira.

A primeira capa de disco foi para Paulinho da Viola, em 1971. Mas foi em 1973 com "Nervos de aço", também de Paulinho da Viola, que Andreato revolucionou para sempre a forma de criar capas e encartes de discos, além de cartazes para peças de teatro. Da geração do vinil, Elifas foi o maior capista, com destaque para a Ópera do Malandro, de Chico Buarque, A Rosa do Povo, de Martinho da Vila, Clementina de Jesus, O Sorriso Ao Pé da Escada, de Jessé e A Arca de Noé, obra de Vinícius de Moraes.

No período da ditadura, integrou a equipe de jornais da imprensa alternativa, fez cartazes para peças de teatro censuradas pelo governo militar, lutou pela redemocratização e pelo fim do regime autoritário.

Elifas e Elis Regina se conheceram e trabalharam juntos em 1981. Foi durante a temporada de "Trem Azul" que desenvolveram uma forte relação de amizade e companheirismo. Elifas foi o responsável pelo cartaz e cenário do último show da cantora. Postumamente, criou as capas dos álbuns inéditos 'Trem Azul Ao Vivo'(1982) e 'Luz das Estrelas'(1984) e da coletânea 'Elis Vive' (1984).

Nos últimos anos, Andreato estava desgostoso com o atual cenário da música. "Não há nada na música brasileira que me estimule hoje. A não ser artistas de altíssima qualidade. Fora isto, tem sempre a história de ter retrato na capa" – contou Elifas, em entrevista ao GLOBO. – "A caixinha do CD é uma camisa-de-força. A música brasileira também mudou muito. Há vigilância pesada das gravadoras para redução de custos e sempre eles querem uma foto. Não sou fotógrafo e nunca troquei meu trabalho por dinheiro", disse ele nessa entrevista.

Seu trabalho foi tema da exposição "Elifas Andreato - 50 anos" no Centro Cultural Correios, em São Paulo, no ano de 2016, cuja mostra celebrava a trajetória de sucesso do artista plástico. Elifas Andrato amou o Brasil apesar de todas as desigualdades que fazia questão de denunciar em suas obras. A cena do Menino correndo com a Bandeira Nacional, deixando um rastro de estrelas, é um marco nas artes gráficas brasileiras. Resume e revela toda a grandeza e beleza da obra do artista. O seu último trabalho foi o desenho criado para a capa da cartilha do Comitê Popular de Luta do PT.

Elifas portava o raro dom divino que o grande artista, em qualquer época e lugar do mundo, revela. Dava cores e formas perenes à nossa humanidade, às nossas dores e alegrias. Delicado e agudo, fustigava, com sua arte, o regime estúpido da ditadura, que não conseguia censurá-lo.

Coincidentemente, Elifas Andreato encantou-se no mesmo dia em que seu amigo e companheiro de tantos trabalhos artísticos, o cantor Jessé, completou seus 29 anos de partida. Que Elifas, cujo coração não suportou tanta exigência nesses tempos sombrios, descanse no afago do Artista Maior. Criatura criadora no colo do Criador. Estrela terrestre que agora se integra ao universo estelar da Luz Eterna. 😔😓😢😥😭

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#lutoporelifasandreato
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Fontes consultadas: Jornal O Globo, perfis Metrópolis e Bem Blogado.

⏳#muitahistoriapracontar⌛

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