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⚰🖤 Num dia como hoje, 29 de setembro, há 38 anos, aconteceu o sequestro do Voo 375 da VASP. O sequestro tinha como destino o Palácio do Planalto: Raimundo Nonato Alves da Conceição queria matar o então Presidente José Sarney, que havia prometido em campanha acabar com o desemprego, fato que deflagrou o ato de Nonato: desempregado, morando em cortiço com sua família e passando fome.
O Voo 375 partiu de Porto Velho, Rondônia, e fez escala em Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte, de onde ele voaria para o Rio de Janeiro, aeroporto do Galeão, seu destino final, com 98 passageiros, além dos tripulantes. Sob o comando da aeronave estavam o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva, 41 anos, e o copiloto Salvador Evangelista (Vângelis), 34 anos.
Após 20 minutos da decolagem, Raimundo Nonato, munindo uma arma calibre 32 e mais de 100 balas, anunciou o sequestro. Antes de entrar na cabine dos pilotos, Nonato disparou contra a porta do cockpit do avião e, como na época essas estruturas não eram blindadas, o comissário Ronaldo Dias, que tentou impedir a entrada do sequestrador na cabine, foi baleado.
Percebendo a situação, o comandante Fernando Murilo, que tinha formação militar, acionou pelo transpoder o código 7500, que significa sequestro, à central. Foi após isso que Raimundo conseguiu entrar na cabine e, infelizmente, disparou na nuca do copiloto Salvador Evangelista, que morreu no mesmo local.
Apontando a arma para Murilo, Raimundo ordenou que o piloto desviasse da rota em direção a Brasília, onde pretendia atingir o Palácio do Planalto, e matar José Sarney!
Como o alerta de sequestro já havia sido enviado, a Força Aérea Brasileira (FAB) rapidamente enviou um caça para perseguir a aeronave. Após sobrevoar Brasília por algum tempo, o piloto tentou enganar o sequestrador. Ele disse que a visibilidade estava ruim, para tentar convencê-lo a seguir em direção a Goiânia. Então o sequestrador fez mais uma ameaça, e ordenou que a rota fosse desviada em direção a São Paulo.
Com o copiloto morto e grande risco do fim do combustível, o piloto tomou uma atitude arriscada: começou a executar uma série de manobras aprendidas durante seu tempo como militar e, pela primeira e única vez na história, um grande Boeing 737 realizou um tunneau barril, manobra na qual a aeronave circula em seu próprio eixo, para tentar derrubar Raimundo.
Esse primeiro movimento, porém, não funcionou. Em seguida, o piloto tentou colocar o avião em queda livre — a plenos 9 mil metros de altura — em parafuso. E foi nesse momento que, finalmente, Raimundo caiu. No entanto, quando o Voo 375 pousou no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, o sequestrador já estava de pé e iniciou-se assim uma tensa negociação com a polícia, que durou duas horas.
Em meio às negociações, a Polícia Federal deixou disponível a Raimundo avião Bandeirante, para tentar convencê-lo a descer do Voo 375. Já era noite quando, finalmente, o sequestrador foi alvejado nas pernas pelos militares, enquanto se dirigia ao outro avião.
Raimundo Nonato foi encaminhado a um hospital em Goiânia, no entanto, morreu dias depois, em decorrência de uma anemia falciforme, uma doença genética e hereditária que destrói os glóbulos vermelhos do sangue. A causa da morte, no caso, foi tão inusitada que muito se questionou na época se a verdadeira razão para a morte não teria sido uma injeção letal. No entanto, o caso não foi investigado. Coube a Badan Palhares, conhecido legista do caso PC Farias e Suzane Marcolino, assinar o laudo do sequestrador.
A história do sequestro ganhou as telonas em dezembro de 2023 e virou o filme "O Sequestro do Voo 375", dirigido por Marcus Baldini, escrito por Lusa Silvestre, Mikael de Albuquerque e Rafael Leal , e protagonizado por Danilo Grangheia e Jorge Paz. Com referências de filmes como "Voo United 93), de Paul Greengrass, que traz a trágica história do abate do avião no 11 de setembro, os filmes trazem excelência na ficha técnica, principalmente fotografia, câmera, edição e trilha sonora, a cargo de Plínio Profeta.
Até hoje, as manobras que o piloto Fernando Murilo efetuou naquele 29 de setembro de 1988 não são reconhecidas pela Boeing, que afirma categoricamente ser impossível fazê-las em um Boeing 737-317. Murilo nunca recebeu qualquer palavra de agradecimento do Presidente Sarney, que silenciou-se acerca do sequestro. O piloto herói do Voo 375 faleceu em 26 de agosto de 2020, aos 72 anos, na cidade de Armação de Búzios, Rio de Janeiro. Por seu feito, foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico, a mais alta distinção honorífica do Comando da Aeronáutica.
Quando Bin Laden foi morto, em 2011, matérias sobre o sequestro do voo 375 da VASP foram encontradas em seu bunker no Paquistão. Os terroristas da Al-Qaeda teriam estudado esse caso brasileiro antes dos ataques do 11 de Setembro. A filha do copiloto assassinado, Wendy Evangelista, que, na época, ia completar oito anos de idade, adquiriu fobia de voar. 😞😓😥
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋 professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
🗄️ Blog do Acervo O Globo
📖 Revista Aventuras na História
📖 Revista Veja - Coluna em Cartaz
👉 Para saber mais sobre os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, acesse:
💻 https://jrscommuitahistoriapracontar.blogspot.com/2021/09/hoje-na-historia-110921-20-anos-dos.html
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