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2️⃣0️⃣0️⃣ Num dia como hoje, 30 de abril, há exatos 200 anos, era executado no antigo Campo dos Mártires (hoje chamado Praça dos Mártires ou Passeio Público) em Fortaleza, Ceará, o PADRE MORORÓ, vítima da perseguição política imposta pelas forças imperiais do nepotista Dom Pedro I, num ato brutal contra a liberdade e a justiça. Padre Mororó destacou-se como um dos principais líderes da Confederação do Equador, movimento que defendia uma república federativa, em oposição ao autoritarismo de Dom Pedro I. Seu espírito revolucionário e seu compromisso com a liberdade fizeram dele um mártir admirado na luta pela justiça e pela soberania nacional.
Gonçalo Inácio de Loyola Albuquerque e Mello nasceu em Groaíras, então chamada de Riacho dos Guimarães (que era distrito de Sobral na época), filho de Félix José de Sousa e Oliveira e de Teodósia Maria de Jesus Madeira em 24 de julho de 1774. Seu pai era natural do Rio Grande do Norte e sua mãe era filha de um português casado com uma moça da família Albuquerque (de Pernambuco).
Padre Mororó iniciou seus estudos no interior do Ceará, partindo, aos vinte e dois anos, para Pernambuco, onde se matriculou no curso de Teologia. Ordenou-se sacerdote em 1802 no Seminário de Olinda, que segue orientação iluminista e com influência na formação de ideias antiabsolutistas numa geração de jovens.
No seminário teve como colegas Frei Caneca, Padre Miguelinho e Padre João Ribeiro. Exerceu a atividade religiosa em várias cidades do interior do Ceará (foi capelão nas Vilas de Boa-Viagem, Tamboril e Quixeramobim), onde chegou a pregar contra a Revolução de 1817. Aos poucos, porém, começou a ter contato com as ideias liberais, graças à leitura do jornal Correio Braziliense.
No início da década de 1820, fixou residência na Vila de Campo Maior (Quixeramobim) e ocupou o cargo de vereador. Quando soube da notícia do fechamento da Assembleia Constituinte de 1823, liderou um ato de repúdio ao autoritarismo de D. Pedro I, quando a Câmara da Vila de Campo Maior de Quixeramobim, numa memorável e heroica sessão, acontecida no dia 9 de janeiro de 1824, proclamou a primeira República do Brasil, quebrando, então, todos os laços que havia com a realeza, acusando, inclusive, o imperador de traidor da Pátria e declarando-o e toda a sua descendência decaídos dos direitos ao trono. Foi nesse momento que o Padre Gonçalo Inácio adotou o nome Mororó, árvore cearense, que segundo a sabedoria popular “verga, mas não quebra”.
Formou-se, então, o movimento que culminaria na Confederação do Equador. Utilizou-se como veículo de comunicação dessas ideias o Diário do Governo do Ceará, o primeiro jornal publicado no Estado, lançado em 1° de abril de 1824, cuja redação e direção ficou a cargo do próprio Mororó. Em pouco tempo o jornal deixou a condição natural de porta voz do governo para transformar-se em peça de artilharia da campanha por um Nordeste independente e que posteriormente se passasse para todo o Brasil.
O heroico movimento teve figuras ilustres do Ceará: Bárbara de Alencar e seus filhos José Martiniano e Tristão Gonçalves, do sergipano de Santo Amaro da Brotas, Pereira Filgueiras e tantos outros heroicos e valentes patriotas. Todos escondidos por trás de alcunhas como Alecrim, Anta, Araripe, Aroeira, Baraúna, Beija-flor, Bolão, Carapinima, Crueira, Ibiapina, Jaguaribe, Jucás, Manjericão, Mororó, Sucupiras, Oiticica. E, mesmo cientes de que a luta poderia lhes trazer sérias conseqüências, foram adiante. De fato, muitos pagaram com a vida.
Com o fracasso da Confederação, Padre Mororó refugiou-se na Vila de Monte Mor Novo (Baturité). Ante as promessas do agora presidente José Fêlix Sá sobre anistia, acabou se entregando. Foi preso e mesmo depois de ter jurado fidelidade a D. Pedro, por arrependimento ou tática para se salvar, acabou condenado à pena de morte.
Os crimes de que foi formalmente acusado foram: de ter proclamado a República em Quixeramobim; de ter servido de secretário do Presidente da República no Ceará (Tenente-Coronel Tristão Gonçalves de Alencar Araripe); e de ter sido redator do Diário do Governo do Ceará, um jornal dos republicanos.
A execução deveria acontecer por enforcamento, mas foi convertida para fuzilamento porque as tropas se recusaram a realizar a prática por, entre os presos, existirem padres. Em um ato ainda mais histórico o então fuzilamento de Padre Mororó passou para a história como o único homem condenado à forca que não quis sob hipótese alguma ser amarrado ou encapuzado.
No ato da sua execução pousou a mão direita sobre o coração (com os seus braços em forma de X) para servir de alvo aos seus algozes, numa inequívoca demonstração de serenidade, coragem e bravura que encantou a todos que assistiam àquele espetáculo macabro e cruel. No local onde foi martirizado existe, hoje, um centenário e frondoso baobá, plantado ali, por um filho do notável Senador Pompeu. Além do Padre Mororó foi executado também em 30 de abril de 1825 o comerciante e pecuarista cearense João de Andrade Pessoa, conhecido como "Pessoa Anta".
O Padre Mororó se tornou o Patrono do Jornalismo Cearense, Patrono da Cadeira nº 10 da Academia Cearense de Letras e dá nome a várias vias públicas em cidades como Groaíras, Crateús, Fortaleza, Sobral, Ipu e São Caetano do Sul (SP). Em 2024 foi sancionada a Lei Nº 19.066, que instituiu o Dia Estadual do Heroi Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo, o Padre Mororó, celebrado anualmente em 30 de abril.
Passados 200 anos de sua execução, o nome de Padre Mororó ecoa como símbolo de resistência, bravura e defesa da liberdade. Sua história inspira aqueles que acreditam na justiça e na construção de um Brasil mais digno e livre. Um exemplo que não pode, nem deve ser esquecido. 👊💪👊
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#PadreMororoHeroieMartirCearense 🧓
🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
🕰 Para saber mais sobre Frei Caneca, outro religioso que participou dos eventos de 1824, digite no Google: caneca da liberdade muita história pra contar (e acesse o Blog do Professor José Ricardo).
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