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🏭 A greve dos metalúrgicos do ABCD Paulista iniciada no dia 13 de março de 1979, exatamente há 42 anos, teve uma importância histórica na história do sindicalismo brasileiro, por ter sido a primeira grande manifestação da insatisfação dos trabalhadores em pleno regime militar, a maior após a greve na fábrica Saab-Scania, em São Bernardo do Campo de 12 de maio de 1978. As relações do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo (liderado por Luiz Inácio Lula da Silva) com a Federação dos Metalúrgicos de São Paulo se desgastaram porque o Sindicato a acusava de peleguismo e defender os interesses dos patrões. O rompimento do Sindicato com a Federação foi a gota dágua para estourar o movimento paredista no dia 13 de março de 1979, dias antes da posse de João Baptista Figueiredo em Brasília.
Os trabalhadores buscavam reajuste salarial de 78,1%, além de melhorias nas condições de trabalho. A adesão foi maciça: calcula-se que cerca de 200 mil trabalhadores cruzaram os braços, deixando às moscas fábricas importantes como as da Ford, Mercedes-Benz e Volks. No maior ato da greve, ocorrido em 1º de Maio, estima-se que 150 mil pessoas estiveram no Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo. A pedido da FIESP, o Tribunal Regional do Trabalho declarou a ilegalidade da greve e determinou o retorno imediato ao trabalho. Após uma assembleia com 80 mil pessoas, que decidiu pela continuidade da paralisação, os sindicatos estabeleceram um fundo de greve, que permitiu que os trabalhadores paralisados recebessem doações da sociedade civil, fortalecendo a resistência para longos dias de piquetes e repressões. O ministro do Trabalho, Murilo Macedo, determinou intervenção federal nos sindicatos; em resposta, os líderes da greve passaram a se reunir na Igreja Matriz de São Bernardo, com a concordância do bispo dom Claudio Hummes.
Com amplo apoio dos então nascentes movimentos sociais organizados, da Igreja Católica e de vários artistas e intelectuais, a greve no ABC ganhou força simbólica, o que limitou a margem para ações repressivas por parte do governo militar. Os empresários acabaram cedendo um reajuste de 63% aos trabalhadores. Novas greves estourariam em 1980, provocando ainda mais o enfraquecimento do desgastado regime militar com suas políticas salariais de arroxo e desvalorização salariais. A participação de setores da sociedade civil, como a ala progressista da Igreja Católica, e de artistas e intelectuais foram fundamentais nesse processo, que resultou na fundação do Partido dos Trabalhadores em 1980 e na Central Única dos Trabalhadores em 1983. Anos mais tarde, Luiz Inácio Lula da Silva seria eleito presidente da república (2002 e 2006). A lição que ficou: direitos nunca são dados, direitos são conquistados, e à duras penas, mas sempre vale a pena lutar por eles. 👊👊🏽👊🏿💪💪🏽💪🏿
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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