sábado, 17 de abril de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 17.04.21 - 25 Anos do Massacre de Eldorado dos Carajás

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👊⚰️😭🔫 Era tarde de 17 de abril de 1996, por volta das 16:00 h. quando cerca de 1500 trabalhadores rurais apoiados pelo MST (Movimento dos Sem Terra) marchavam pela rodovia PA-150 rumo à Belém para reivindicar a desapropriação da Fazenda Macaxeira, cujo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) havia dado um parecer negativo em março desse ano. Frustrados com a decisão do Incra os sem-terra ocuparam uma área de 42.558 hectares situada entre os municípios de Carajás e Curionópolis e decidiram ir à capital para tentaram uma solução para o problema. A marcha para Belém começou em 10 de abril, e seis dias depois já estavam nas prooximidades de Eldorado de Carajás, exaustos e famintos, mas dispostos a continuar a jornada.

Quando se encontravam na curva do S, 155 soldados de dois batalhões da polícia militar do Pará, que vieram de Marabá e Paraupebas, armados com metralhadoras e fuzis abriram fogo contra os manifestantes que naquele momento bloqueavam a rodovia como estratégia para abrir a negociação com o governo estadual. Amâncio dos Santos Silva, que era surdo, foi um dos primeiros a serem atingidos com um tiro no pé direito, sendo depois literalmente executado por um dos policiais. A carnificina resultou na morte de 17 trabalhadores rurais no mesmo dia e mais 2 que morreram no dia seguinte. Mais de 60 pessoas ficaram feridas. O caso entrou para a História como sendo o MASSACRE DE ELDORADO DE CARAJÁS, e está completando hoje, seus 25 anos de ocorrido.

O legista Badan Palhares, da Unicamp, foi até Eldorado dos Carajás para averiguar o caso. No laudo, o médico declarava que sete dos sem terra tinham sido espancados a golpes de foice e depois executados a tiros, e que os outros haviam sido assassinados à queima-roupa. Logo após o incidente, o capitão Raimundo Lameira, que comandou a ação da polícia, foi afastado do cargo e o coronel Mário Pantoja, responsável pela PM, admitiu que houvera excesso.

Acompanhar o caso do Massacre na justiça foi exaustivo para Marco Aurélio do Nascimento, o promotor de justiça do Ministério Público do Pará que atuou no caso. Entre as dificuldades, ele destaca as modificações na cena do crime. O processo judicial foi montado de maneira a não identificar os atiradores, mas apenas os mandantes. Entre os denunciados pelo massacre, apenas o coronel Mário Pantoja, comandante da tropa de Marabá, e o major José Maria Pereira de Oliveira foram condenados, a 228 e 154 anos de prisão, respectivamente. Eles foram presos em 2012. Os soldados e cabos, em um total de 142 indiciados, foram absolvidos. Em 2005, depois de passar apenas nove meses na prisão, o coronel Pantoja foi solto por determinação de um ministro do STF. Ele veio a falecer em 2020, vítima da covid-19. O ex-governador Almir Gabriel do PSDB não chegou a ser denunciado. Ele faleceu em 19 de fevereiro de 2013, com falência múltipla dos órgãos, em Belém.

O estado do Pará é o que contabiliza mais massacres e mortes no Brasil. Baseado em documentos da Comissão Pastoral da Terra, o professor e historiador Airton dos Reis Pereira, da Universidade Estadual do Pará, contabilizou entre 1985 e 2019, 49 massacres no Brasil. 28 deles no Pará. Ele lembra que o cenário violento continua, e destaca o massacre de Pau d’Arco em 2017, também envolvendo a Polícia Militar do Pará, e que deixou 10 mortos.

O massacre de Eldorado dos Carajás repercutiu em todo mundo e levou o governo federal a voltar os olhos para a reforma agrária. Doze dias depois, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) criou o Ministério Extraordinário de Política Fundiária. No local do massacre, estabeleceu-se o Assentamento 17 de Abril, formado em sua maioria por sobreviventes e familiares das vítimas. Um memorial com os nomes das vítimas fatais foi construído. O dia 17 de abril transformou-se no dia internacional da luta campesina. 🎋👊👊🏽👊🏿🍃

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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