segunda-feira, 19 de abril de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 19 de Abril - Dia do Índio

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✅ Anualmente lembramos no dia 19 de abril como sendo o Dia do Índio, nomenclatura equivocada que não contempla a diversidade de centenas de povos indígenas, das mais mais variadas etnias e nações, que habitavam o nosso país muito antes da chegada dos colonizadores em Pindorama (nome indígena do Brasil). O Dia do Índio foi instituído pelo presidente Getúlio Vargas (que hoje completa 139 anos de nascimento) por meio do decreto-lei 5.540, de 1943. A data foi proposta em 1940 pelo Congresso Indigenista Interamericano, que ocorreu no México.

✅ Os indígenas brasileiros foram representados nesse congresso por Edgar Roquette-Pinto, antropólogo, etnólogo e estudioso dos povos indígenas e membro do Conselho Nacional do Serviço de Proteção ao Índio. Enquanto isso, o Chile era representado por Venancio Coñuepán Huenchual, de ascendência mapuche e que era deputado e ministro da República do Chile. Vejam que diferença... O Brasil só aderiu às propostas do congresso graças à intervenção do marechal Cândido Mariano da Silva Rondon,, que tinha origem indígena por seus bisavós e chegou a criar em 1910 o Serviço de Proteção ao Índio, que depois viria a se tornar a atual Funai.

✅ Apesar de pouco lembrada, antes de negra e africana, a escravidão brasileira foi indígena. A escravização dos índios começou imediatamente após a chegada dos portugueses. O primeiro navio da história brasileira a cruzar o Atlântico com pessoas escravizadas levava indígenas e não africanos. Em 1511, a nau Bretoa, de propriedade do florentino Bartolomeu Marchionni e do cristão-novo Fernando de Noronha, chegou a Portugal com uma carga de papagaios, peles de onça pintada, toras de pau-brasil e 35 indígenas cativos. Quatro anos mais tarde, 85 índios brasileiros eram vendidos como escravos em Valência, na Espanha.

✅ Em 1545, a capitania de São Vicente, no litoral paulista, comanda por Martim Afonso de Sousa, tinha cerca de 3.000 nativos escravos, que trabalhavam em seis engenhos de açúcar e suas lavouras. A primeira atividade econômica da atual cidade de São Paulo foi a compra e a venda de seres humanos. Segundo o historiador Luiz Felipe de Alencastro, São Paulo nasceu como uma “feira de trato”, onde indigenas capturados pelos bandeirantes no interior do Brasil eram comercializadores. A bandeira de Raposo Tavares (foto), que partiu de SP em 1628, escravizou entre 40 mil e 60 mil índios num período de apenas dois anos.

✅ Durante séculos a história indígena foi silenciada e ignorada nos livros de História. Nem mesmo a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, sancionada pelo presidente Lula, que contempla a obrigatoriedade de incluir no currículo oficial da rede de ensino a  temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” conseguiu mudar isso. No dia do índio, ainda existem escolas que insistem em pintar de guache os estudantes, fazer cocar de papel, e ainda cantar musiquinha da Xuxa (affs), reforçando ainda mais os estereótipos. Os povos indígenas carecem de terem seus direitos respeitados conforme disposto no artigo 231 que reconhece aos índios sua "organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens".

✅ De Tibiriça a Arariboia, de Cunhambebe a Felipe Camarão, de Sepé Tiaraju a Raoni, temos cinco séculos de extermínio, genocídio, mas também de luta e resistência. Se antigamente os indígenas tinham que lutar contra bandeirantes e colonos, hoje a luta é contra os grileiros, os posseiros, os latifundiários que invadem suas terras. Além disso, existem as contemporâneas missões religiosas neopetencostais que demonizam os pajés e sua ligação com o sagrado, repetindo o que os jesuítas fizeram ao longo dos séculos. Aos verdadeiros donos da terra, os primeiros habitantes, verdadeiros fundadores do que hoje se chama Brasil, nossa solidariedade e sobretudo respeito pela causa indígena! 👊👊👊

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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