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✝️⚰️🇨🇳 Há 79 anos, no dia 23 de abril de 1942, era executada nas câmaras de gás do campo de concentração de Bernburg, na Alemanha, a militante comunista alemã OLGA BENÁRIO PRESTES, juntamente com mais 199 prisioneiras. Olga era casada com Luís Carlos Prestes, e juntos com outros militantes da Aliança Nacional Libertadora, eles tentaram dar um golpe e derrubar Getúlio Vargas com o movimento que entrou para a História como o nome de Intentona Comunista de 1935.
Olga Benário nasceu em Munique, na Alemanha, em no dia 12 de fevereiro de 1908, oriunda de uma família de judeus de classe média. Membro do Partido Comunista alemão desde 1926, Olga trabalhou na legação comercial soviética em Berlim. Em 1928, participou do V Congresso da Juventude Comunista, em Moscou. De volta à Alemanha no ano seguinte, foi presa por três meses, acusada de atividades subversivas. Ao ser libertada, voltou para a União Soviética, onde passou a trabalhar na Internacional Comunista (Komintern), órgão que buscava conferir coesão aos diversos Partidos Comunistas espalhados pelo mundo. Na União Soviética conheceu Luís Carlos Prestes, destacado líder revolucionário brasileiro, que lá vivia desde 1931, casando-se com ele.
No ano de 1935, Prestes e Olga se envolveram no movimento chamado Intentona Comunista, que ocorreu no Rio de Janeiro, Natal e Recife. O Rio foi o palco mais cruel desta tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Entre um dos fatos mais dramáticos, está a tentativa de conquistar o Regimento de Aviação no Campo dos Afonsos, para capturar aeronaves e bombardear o Rio de Janeiro. Contudo, as forças do governo conseguiram evitar que isso ocorresse. Não demorou muito, o movimento foi reprimido. Getúlio Vargas perseguiu e prendeu os envolvidos. No ano seguinte, Prestes perdeu a patente de capitão e ficou nove anos na prisão. No ato de sua captura, Olga salvou-lhe a vida, colocando-se na frente dos guardas de Felinto Muller que armados recuaram de atirar nela para atingir Prestes. Muller era um antigo desafeto de Prestes, desde os tempos da coluna Prestes, quando ele foi expulso pelo próprio Prestes sob a acusação de desviar dinheiro da coluna.
Olga estava grávida de Prestes e alegava querer a criança nascida no Brasil, o que impedia, por lei, a sua deportação. Vargas, entretanto, estava colocando em rumo um projeto autoritário nacional, que o afirmaria ditador em 1937 (Golpe do Estado Novo). No ano anterior, porém, ele já faria esse ato de cumplicidade com o regime nazista, que era bem visto por alguns de seus ministros, como Muller, Góes Monteiro e Gaspar Dutra. Então, após discussões políticas e jurídicas, alegando estar encaminhando a grávida para um hospital, o regime brasileiro lançou Olga em um navio e a mandou para a Alemanha.
Olga Benário foi entregue à Gestapo, a temida polícia secreta dos nazistas e encaminhada para o campo de Barnimstrasse, onde deu luz à sua filha: Anita Leocádia Prestes, batizada com o nome da mãe de Prestes. Leocádia Prestes, sua sogra, começou junto com o movimento esquerdista internacional fez uma ampla campanha para conseguir a guarda de Anita que estava junto com a mãe no campo de prisioneiras.
Entre as transferências que Benário sofreu, ela acabou no campo de concentração de Ravensbrück, onde, por conta de pressões internacionais, a administração foi obrigada a dar privilégios para ela, como o aumento do tempo em que ela esteve com a cria. Foi justamente lá que Anita Leocádia Prestes cresceu os primeiros meses, antes de sua avó conseguir sua custódia. A ideia dos nazistas era dar a criança à mãe de Olga, Eugênia Benário, uma conservadora, mas ela não quis. Então, Olga e Leocádia iniciaram uma campanha para conseguir a libertação e o exílio da prisioneira. A Gestapo parecia estar disposta a negociar uma saída de Olga da prisão para qual fora transferida em Berlim, apontando que ela fosse enviada apara o México. Mesmo que Leocádia tivesse conseguido um visto, o governo alemão se recusava a oficializá-lo. A espera dos documentos, ela foi enviada de volta a Ravensbrück, mas com o início da guerra e as artimanhas políticas da Alemanha, tornou-se impossível que ela fosse liberta.
Olga passou a exercer uma liderança entre as próprias prisioneiras no campo, sendo escolhida pela SS para ser chefe do bloco (blokova), mas o colaboracionismo de Olga com as prisioneiras a fez perder o cargo, voltando a ser tratada normalmente, sendo ofendida, espancada e obrigada a trabalhar. E ficaria ainda pior. Em outubro de 1941, Hitler ordenou “a deportação de todos os judeus alemães”, o que levou à seleção das mulheres para campos na Polônia. Consciente do extermínio, Benário perdeu todas as esperanças. Ela foi enviada para o campo de Bernburg no início de 1942, e assassinada numa câmara de gás aos 34 anos.
Após a Segunda Guerra Mundial, Olga seria cultuada na Alemanha Oriental como mãe vítima do nazismo. Seu nome foi emprestado a inúmeras praças e ruas tanto na Alemanha como no Brasil e sua efígie consta em selos e moedas. Sua história está contada em vários livros: “Olga” (Companhia das Letras, 328 páginas), do brasileiro Fernando Morais, e “Olga Benario - A História de uma Mulher Corajosa” (Alfa-Omega, 304 páginas, tradução de Reinaldo Mestrinel), da alemã Ruth Werner, e "Olga" - uma comunista nos arquivos da Gestapo (Boitempo, 144 páginas) escrito pela sua própria filha: a historiadora Anita Leocádia Prestes. Baseado no livro de Morais, Jayme Monjardim dirigiu a cinebiografia OLGA, lançada nos cinemas brasileiros pela Lumière, em parceria com a Globo Filmes.
Antes de morrer Olga escreveu sua última carta, ao qual reproduzimos seu último parágrafo:
"Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nos últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas… Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijo-os pela última vez". 😞😓😥😢😭
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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