quarta-feira, 12 de maio de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 12.05.21 - Centenário de Ruth de Souza

🎉💯🎭 👩🏾‍🦱 🎭💯🎉

🎂 Comemoramos hoje o centenário de nascimento de uma das mais brilhantes e talentosas atrizes brasileiras: RUTH DE SOUZA, que se notabilizou pelo protagonismo negro nos palcos e telas do país. Em sua longa trajetória, de repercussão internacional, contrariou as construções estereotipadas de personagens negros. Ela foi a primeira atriz negra a atuar no Theatro Municipal e a primeira brasileira indicada a um prêmio internacional de cinema (Festival de Veneza de 1954)

Ruth Pinto de Souza nasceu no Rio de Janeiro em 12 de maio de 1921. Até os 9 anos de idade viveu com a família em uma fazenda em Porto do Marinho, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Com a morte do pai, ela e a mãe voltam a morar no Rio de Janeiro, em uma vila de lavadeiras e jardineiras, no bairro de Copacabana. Interessa-se por teatro ainda menina, quando assiste a récitas no Municipal. Pela Revista Rio, toma conhecimento do grupo de atores liderados por Abdias do Nascimento, o Teatro Experimental do Negro. Une-se ao grupo e faz sua estreia em O imperador Jones, de Eugene O’Neill, em 8 de maio de 1945, no palco do Municipal.

Por indicação de Paschoal Carlos Magno, recebe bolsa de estudo da Fundação Rockefeller e passa um ano nos Estados Unidos: na Universidade Harvard, em Washington, e na Academia Nacional do Teatro Americano, em Nova York. Em 1948, indicada pelo autor Jorge Amado, estreia no cinema em Terra violenta, adaptação do seu romance Terras do sem fim. Com direção do norte-americano Edmond Bernoudy, o filme tem ainda no elenco Anselmo Duarte, Maria Fernanda, Heloisa Helena e Ziembinski. A partir daí, sua carreira de atriz prossegue focada no cinema.

Participa de diversas produções das três empresas pioneiras: Atlântida, Maristela Filmes e Vera Cruz. Na Atlântida, roda Falta Alguém no Manicômio (1948) e Também Somos Irmãos (1959), ambos de José Carlos Burle, e A Sombra da Outra (1950), de Watson Macedo. Contratada para o elenco fixo da Vera Cruz, atua em Ângela (1951), Terra é Sempre Terra (1952) e Sinhá Moça (1953), todos dirigidos por Tom Payne, e Candinho (1954), de Abílio Pereira de Almeida, estrelado por Mazzaropi. Por seu desempenho em Sinhá Moça, torna-se a primeira atriz brasileira indicada para prêmio internacional: o Leão de Ouro, no Festival de Veneza de 1954, em que disputa com estrelas como Katherine Hepburn, Michele Morgan e Lili Palmer, para quem perde por dois pontos. Em 1958 filma Ravina, com Rubem Biáfora, um marco na cinematografia brasileira.

Muitas das personagens das peças e filmes nos quais trabalha ao longo das décadas de 1950 e 1960 remetem à resistência do corpo e à vivência negra na sociedade brasileira. Entre elas, a representação da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora do livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. A obra é adaptada para o teatro no ano seguinte, com texto de Edy Lima, direção de Amir Haddad (1937) e cenário de Cyro Del Nero (1931-2010). Ao lado da própria Carolina e do jornalista Audálio Dantas (1929-2018), visita a Favela do Canindé, onde a escritora morou, para compor as experiências narradas no livro.

Em 1959 vive um momento especial no palco, quando protagoniza Oração para uma Negra, de William Faulkner, com Nydia Licia e Sérgio Cardoso, no Teatro Bela Vista, em São Paulo. Com Roberto Farias aparece em Assalto ao Trem Pagador, em 1962, ao lado de Eliézer Gomes, Luíza Maranhão e Reginaldo Farias.

Depois de atuar em radionovelas, trabalha nos teleteatros da Tupi e da Record. Em 1969 integra o elenco da TV Globo e nela se torna a primeira atriz negra a protagonizar uma novela: A Cabana do Pai Tomás, na qual divide o estrelato com Sérgio Cardoso. Há 30 anos participa intensamente da teledramaturgia da emissora. Atravessando gerações, marca presença no cinema com cineastas mais jovens, como Walter Salles, em A Grande Arte (1991), Aluísio Abranches, em Um Copo de Cólera (1999), e Zito Araújo, em As Filhas do Vento (2004).

Em 1983, volta a interpretar Carolina Maria de Jesus na minissérie Caso Verdade: Quarto de Despejo, na Globo. Esta recriação, é elogiada pelo jornalista Artur da Távola (1936-2008) em O Globo por “traduzir a solidão, a tristeza e a certeza do abandono daquela mulher” e encontrar “uma forma de olhar desconfiada e temerosa, tão comum entre pessoas machucadas pela vida”. Em março de 2019, aos 97 anos, é homenageada no Carnaval carioca pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, com o samba-enredo “Ruth de Souza – Senhora Liberdade, abre as asas sobre nós”, que a celebra em versos como “talento é dom pra vencer/ preconceito não pôde calar”.

Ruth de Souza faleceu em 28 de julho de 2019, aos 98 anos, de pneumonia. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Penitência. Seu exemplo de protagonismo negro ainda hoje inspira atores, produtores e diretores artísticos. 👏👏👏👏

#centenarioderuthdesouza
#historiadadramaturgiabrasileira

🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Créditos do texto Portal da Funarte, Enciclopédia Itau Cultural, e G1.

⏳#muitahistoriapracontar⌛

Sem comentários:

Enviar um comentário

NOSSA LOGO OFICIAL DA REDE MUITA HISTÓRIA PRA CONTAR

O projeto "MUITA HISTÓRIA PRA CONTAR" surgiu da necessidade de levar às pessoas conhecimento e informação pautadas no conhecimento...