quarta-feira, 9 de junho de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 09.06.21 - 111 Anos de Nascimento de Patrícia Galvão - Pagu

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🎀 A vida de Patrícia Rehder Galvão, a lendária PAGU, vai além das descrições que tentaram defini-la, tais como: “a primeira mulher presa política no Brasil”, “musa do modernismo” – ou “musa-mártir”, para Décio Pignatari – e “autora do primeiro romance proletário brasileiro”. Na verdade, nenhuma delas foi suficiente para dar conta de personagem tão multifacetada.

Nascida em São João da Boa Vista (SP), no dia 9 de junho de 1910, Patrícia Galvão foi, ao longo de seus 52 anos de vida, jornalista, escritora, ativista política, diretora de teatro, desenhista, tradutora. Já aos quinze anos contribuía com um jornal de bairro na capital paulista, e, antes dos vinte, conheceu intelectuais do Movimento Antropofágico, como o casal Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. Raul Bopp, outro modernista, foi quem lhe deu o apelido Pagu, fruto de uma confusão do poeta, pois pensara que seu nome fosse Patrícia Goulart.

Pagu colaborou com desenhos para a Revista de Antropofagia e casou-se com Oswald de Andrade, vinte anos mais velho, em janeiro de 1930. Os dois entraram para o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e editaram o jornal O homem do povo, proibido pela polícia. Pagu assinava, no tabloide que durou apenas oito números, a coluna intitulada “A mulher do povo”, em que criticava as “feministas de elite”.

A década de 1930 seria, para a jovem Pagu, de intensa militância política e artística, no Brasil e no exterior. Em 1933 publicou, sob o pseudônimo Mara Lobo, Parque industrial, o primeiro romance brasileiro de temática proletária. Dois anos antes, em 1931, fora presa pela primeira vez, durante greve de estivadores no porto de Santos. Em seguida, viajou para os Estados Unidos, Rússia, França, Japão e China. Enviou de lá reportagens para jornais brasileiros, conheceu Sigmund Freud, os surrealistas franceses e o imperador chinês Pu Yi, com quem conseguiu, na Manchúria, as primeiras sementes de soja introduzidas no Brasil. Foi repatriada após prisão em Paris, para ser presa novamente em 1935, por causa de suas atividades políticas.

Quando libertada, quase cinco anos depois, abalada pelas torturas que sofreu, Pagu tentou o suicídio. Separada de Oswald desde antes da prisão e fora do PCB, casou-se com o escritor e jornalista Geraldo Ferraz, seu companheiro até o fim da vida e com quem teve o segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, nascido em 1941. Pagu continuou, até morrer vítima de câncer, em dezembro de 1962, em intensa atividade intelectual, escrevendo crônicas, crítica cultural, poemas para vários jornais brasileiros. Radicada em Santos, incentivou o teatro amador local com aulas, traduções – como a de A cantora careca, de Eugène Ionesco – e montagens.

Espalhada em diversas publicações, a obra de Pagu começou a sair do ostracismo com o lançamento, em 1982, de Pagu: vida-obra, misto de antologia e biografia, de autoria de Augusto de Campos. No livro, o poeta perguntava em versos, já na primeira página: “Quem resgatará Pagu?”. Esse resgate só tem se intensificado com os anos: desde então, saíram filmes de ficção, documentários, reedições, textos inéditos, música de Rita Lee e Zélia Duncan, centros culturais e de pesquisa, comemorações oficiais e exposições a homenageá-la e a seu legado artístico e humano, sua vida-obra. 👏👏👏👏👏👏

#111anosdenascimentodepagu
#historiadofeminismonobrasil

🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Créditos do texto: Nunes, Valentina. 365 Dias Que Mudaram A História Do Brasil . Planeta. Edição do Kindle. 

⏳#muitahistoriapracontar⌛

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