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✈️💥⚰️Na noite de 6 de abril de 1994, um avião que transportava os então presidentes de Ruanda, Juvenal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira, ambos hutus, foi derrubado por um míssil. Embora até hoje se desconheça quem foi o autor do atentado, o mesmo serviu de pretexto para os extremistas hutus começarem uma campanha bem organizada de assassinatos de tutsis e opositores no maior genocídio do final do século XX: o genocício de Ruanda que durou 100 dias e deixou um rastro de aproximadamente 800 mil mortos (há quem defenda que passou de um milhão de vítimas), 2 milhões de refugiados e um país destruído economicamente.
Ruanda é um pequeno país montanhoso no centro-leste da África. Sua capital é a cidade de Kigali. O país tem 12.374.000 habitantes (estimativa de 2019) e área de 26.379 km2. Ruanda faz fronteira com a República Democrática do Congo, Uganda, a Tanzânia e o Burundi. O povo hutu constitui mais de 80 por cento da população de Ruanda, e os tutsis formam quase todo o restante. Há ainda o povo twa, um pequeno grupo, que foram os primeiros a ocuparem o território de Ruanda, seguidos pelos hutus (entre os séculos V e XI) e depois pelos tutsis (por volta do século XIII). Os tutsis eram principalmente pastores e pecuaristas, enquanto que os hutus eram lavradores. Essa diferença virou uma divisão de classes, com os tutsis, sendo a classe mais elitizada do país, embora fosse numericamente menor. Apesar disso, tutsis e hutus conviviam bem até a chegada dos colonizadores europeus.
O primeiro país a conquistar Ruanda foi a Alemanha, que fez dela sua colônia na década de 1890, mas com o final da Primeira Guerra Mundial (1918) e a derrota alemã, a região passa para o controle da Bélgica. Os belgas perceberam as diferenças sociais entre tutsis e hutus, e se valeram disso para facilitar seu processo de dominação. Com o tempo, os belgas passaram a privilegiar a minoria tutsi, utilizando-se do discurso do darwinismo social de que os tutsis eram superiores aos hutus por terem traços mais parecidos com os dos europeus. Os tutsis acabaram tornando-se os queridinhos dos conquistadores, o que gerou um processo de exclusão da maioria hutu.
Em 1959, teve início uma guerra civil entre tutsis e hutus. Milhares de tutsis fugiram do país. Ruanda tornou-se uma república em 1961 e, em 1962, conquistou a independência sob a liderança dos hutus. Após a independência, ainda mais tutsis deixaram o país. Os hutus mantiveram-se no poder por mais de trinta anos. Em 1990, exilados tutsis organizaram, no país vizinho Uganda, um exército chamado de Frente Patriótica Ruandesa (FPR). Liderados por Paul Kagame eles invadiram Ruanda para libertá-lo do domínio Hutu. As negociações de paz começaram em 1993, mas, em 7 de abril de 1994, com a derrubada do avião em que viajavam o presidente hutu Habyarimana, portanto completando hoje 27 anos, começou o genocídio dos tutsis pelas milícias hutus.
O então partido governante, MRND, tinha uma ala jovem chamada Interahamwe, que foi transformada em uma milícia para realizar o genocídio. Armas e listas de alvos foram entregues a grupos locais, que sabiam exatamente onde encontrar suas vítimas. Os extremistas hutus tinham estações de rádio e jornais que transmitiam propaganda de ódio, exortando as pessoas a "eliminar as baratas", o que significava matar os tutsis. Os nomes das pessoas a serem mortas foram lidos na rádio. Até mesmo padres e freiras foram condenados por matar pessoas, incluindo alguns que buscaram abrigo em igrejas. A maioria era morta a golpes de facão. Vizinhos, amigos, e até familiares se matavam entre si, pelo simples fato de serem de etnias diferentes.
A bem organizada Frente Patriótica Ruandesa, apoiada pelo exército de Uganda, gradualmente conquistou mais território, até 4 de julho de 1994, quando as suas forças marcharam para a capital, Kigali. Cerca de dois milhões de hutus - civis e alguns dos envolvidos no genocídio - fugiram em seguida pela fronteira com a República Democrática do Congo, na época chamado Zaire, temendo ataques de vingança. Grupos de direitos humanos dizem que a FPR matou milhares de civis hutus quando eles tomaram o poder. Na República Democrática do Congo, milhares de pessoas morreram de cólera.
As Nações Unidas estabeleceram um tribunal para julgar as pessoas acusadas de terem participado do genocídio. Os julgamentos se estenderam até 2015 em Ruanda e na Tanzânia. Em 2003, o governo adotou uma nova constituição, com o objetivo de prevenir novos conflitos étnicos, tornando ilegal falar sobre etnia em Ruanda. A recuperação de Ruanda se estendeu pela década de 2010. Por volta de 2017, as condições de vida haviam melhorado. Mais de 90 por cento das crianças em idade escolar estavam matriculadas, e a economia estava em crescimento. Paul Kagame, ex-líder da RPF foi eleito presidente de Ruanda em 2000, mantendo-se no cargo até hoje (as últimas eleições foram em 2017). A tragédia de Ruanda inspirou vários livros e filmes sendo o mais conhecido "Hotel Ruanda" (Hotel Rwanda. EUA/FRA/UK/ITA/ZA, 2004) dirigido por Terry George e disponível na Amazon Prime Vídeo.
O genocídio de Ruanda é um exemplo do perigo do aumento da xenofobia, racismo e intolerância em muitas partes do mundo. Quando um país é dividido entre aqueles que se acham os certos e aqueles que devem ser odiados e eliminados, o resultado pode ser uma tragédia sem precedentes. Devemos preservar acima de tudo o respeito e a tolerância entre as pessoas, independente de etnia, classe social, gênero, crença, partido ou ideologia. 👬🏻👭👬🏻
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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