sábado, 27 de novembro de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 27.11.21 - 214 Anos da Fuga da Família Real Portuguesa para o Brasil

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🤴👋 Num dia como hoje, 27 de novembro, há 214 anos começava uma das aventuras mais inusitadas da família real portuguesa: transferir a corte lusitana para o Brasil atravessando o Atlântico para escapar das tropas napoleônicas comandadas pelo general Jean-Andoche Junot. A vinda (ou fuga, como alguns preferem denominar) da família real portuguesa para o Brasil acelerou o processo que culminaria com a emancipação política brasileira em 1822.

O cenário geopolítico europeu do final do século XIX foi marcado pela disputa entre a França, então governada por Napoleão Bonaparte, que tinha o melhor exército, e a Inglaterra, que vivia um intenso desenvolvimento industrial, e possuía a melhor marinha. A localização geográfica da Inglaterra, uma ilha cercada por mares e oceanos, e protegida pela marinha de guerra britânica impediu os planos de Bonaparte de invadir a Inglaterra pelo mar; o que fez ele impor um embargo comercial para derrotar economicamente os ingleses.

O Bloqueio Continental decretado por Bonaparte em 21 de novembro de 1806 estabelecia que nenhum país europeu ou suas colônias poderiam comercializar com os ingleses, sob pena de uma intervenção militar em seu território. A situação ficou delicada para Portugal, que mantinham fortes laços mercantis com os britânicos desde a assinatura do Tratado de Methuen (Tratado dos Panos e Vinhos) assinado em 27 de dezembro de 1703, no qual a Inglaterra se comprometia a comprar vinho de Lisboa e os portugueses comprarem tecidos ingleses.

D. João, que era o príncipe-regente desde 1792, uma vez que a sua mãe, a rainha D. Maria I estava com problemas de sanidade mental na época (daí o apelido de Rainha Louca), procurou num primeiro momento manter-se neutro, enquanto estrategicamente negociava com os ingleses um plano de fuga para a corte portuguesa numa reunião secreta em 22 de outubro de 1807. Foi nessa reunião que os ingleses se comprometeram a escoltar a família real caso desejassem mesmo viajar para o Brasil.

A assinatura do Tratado de Fontainebleau em 27 de outubro de 1807, um acordo onde franceses e espanhóis se alinhavam para invadir e ocupar Portugal, dividindo-o entre si, acelerou o processo de transferência da corte de Lisboa para o Brasil. Na madrugada do dia 27 de novembro centenas de pessoas se aglomeravam no cais de Lisboa esperando sua vez de embarcar num dos dezesseis navios que compunham a esquadra que levaria aproximadamente dez mil pessoas para o Brasil. No desespero da fuga, até o ouro dos altares das igrejas foi raspado e centenas de caixas com livros da Biblioteca Real deixados no porto. Num momento de insanidade, quando todos pareciam loucos, apenas uma louca teve a coragem de dizer a verdade: "não corram, não corram, vão pensar que estamos fugindo"! (palavras de D. Maria I, a Louca).

Apesar do embarque no dia 27 de novembro, apenas no dia 29 a esquadra seguiu viagem, enquanto Lisboa era atacada pelas tropas francesas de Junot. A viagem durou quase dois meses pelo Atlântico, em meio à reclamações de Carlota Joaquina e à uma infestação de piolhos na tripulação. Uma das primeiras medidas assinadas por D. João ao chegar ao Brasil foi a assinatura da carta régia que permitia a abertura dos portos brasileiros às nações amigas em 28 de janeiro de 1808, o que na prática significou o fim do monopólio comercial português sobre o Brasil.

D. João permaneceu no Brasil por mais 13 anos. Suas principais realizações foram: a invasão da Guiana Francesa e da região da Colônia do Sacramento (anexada ao Brasil com o nome de Cisplatina) como forma de retaliação à França e à Espanha; o desenvolvimento urbanístico do Rio de Janeiro, então capital do Brasil na época; e a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves em 16 de dezembro de 1815, o que na prática significou maior autonomia político-administrativa para as províncias.

Após a expulsão das tropas napoleônicas de Portugal, o país ficou sob controle dos britânicos, o que desagradava militares e comerciantes. O clima de insatisfação gerou vários conflitos e revoltas, sendo a mais importante delas a Revolução Liberal do Porto que se iniciou em 24 de agosto de 1820 e exigiu o retorno de D. João VI (agora empossado como rei de Portugal após a morte de D. Maria I em 1816), além de que ele assinasse uma Constituição limitando seus poderes. A partida para Lisboa se deu em 25 de abril de 1821, deixando aqui no Brasil seu filho, Pedro de Alcântara Bragança e Bourbon como príncipe-regente, ao qual teria confidenciado: "Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar do que para algum desses aventureiros". Um ano e alguns meses depois, D. Pedro proclamava a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 às margens do riacho Ipiranga em São Paulo. ⚜️ 🇧🇷 ⚜️

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

👉 Para saber mais sobre a Revolução Liberal do Porto:



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