🏛️👊🗳️ 👴 🗳️👊🏛️
🎂🎉 Num dia como hoje, 15 de dezembro, há 105 anos, nascia no Araripe (Ceará) MIGUEL ARRAES, advogado, economista e político que ocupou vários cargos eletivos no Estado de Pernambuco, sendo inclusive um dos governadores mais votados da história pernambucana. Durante sua gestão, programas sociais como o "Chapéu de Palha", marcaram sua gestão voltada para atender principalmente as populações interioranas do Estado.
Miguel Arraes de Alencar era filho de José Almino de Alencar e Silva, pequeno comerciante e produtor agrícola descendente de tradicional família cearense, e de Maria Benigna Arrais de Alencar. Entre seus parentes figuram o romancista José de Alencar e o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, presidente da República de 1964 a 1967.
Entre os primeiros anos de escola e a conclusão do secundário no Colégio Diocesano, na vizinha cidade do Crato, em 1932, foi testemunha fortemente impactada da grande seca que flagelou milhões de pessoas. Centenas de famintos pediam comida na porta do adolescente Arraes e chegaram a ficar confinadas em campos de concentração na entrada de Fortaleza. Em 1933 frequenta o curso de Direito na Faculdade Nacional no Rio de Janeiro, hóspede de um tio. Em seguida mudou-se para a capital pernambucana e matricula-se na Faculdade de Direito do Recife, onde se forma em 1937. Aprovado num concurso público para o hoje extinto IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), foi promovido a assistente do diretor de fiscalização em 1938, cargo no qual permaneceu até 1941, quando passou a ser chefe de Secretaria.
Foi no IAA que Arraes conheceu o jornalista Barbosa Lima Sobrinho, então presidente daquela instituição, que o levou para a vida pública. Em 1947, já governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho, convida Arraes para ocupar o cargo de secretário estadual da Fazenda. Em 1950, disputou sua primeira eleição para deputado estadual e ficou na suplência, vindo depois a ocupar a cadeira. Em 1954 disputa, mais uma vez, vaga no parlamento estadual e é eleito.
Em 1960 elegeu-se prefeito do Recife, apoiado pela Frente Popular. Em sua passagem pela Prefeitura investe na cultura e na educação em massa criando o Movimento de Cultura Popular - MCP que mobiliza artistas e setores médios da sociedade numa grande cruzada pela educação e melhoria dos serviços públicos básicos. Em apenas um ano de trabalho inaugura escolas oferecendo vagas para 10 mil crianças numa cidade onde o déficit de vagas chegava a 100 mil.
Em 1961, um ano antes de se tornar governador pela primeira vez, Miguel Arraes ficou viúvo de Célia de Souza Leão, sua primeira mulher, com quem teve oito filhos. Em 1962, depois de uma administração aprovada pela população da capital, Miguel Arraes foi eleito pela primeira vez para governar Pernambuco. No mesmo ano, casou-se com Maria Madalena Fiúza, com quem teve mais dois filhos.
No seu governo (que não chegou a concluir), Miguel Arraes implantou programas de destaque na área de educação e no setor rural. O Acordo do Campo, assinado em seu gabinete, teve como princípio a implantação de relações trabalhistas mais justas dos canavieiros com os donos de usinas. Em 1963, foi lançado pré-candidato à presidência da República por lideranças de vários estados do Brasil. No contexto de radicalização direita x esquerda, potencializado pela Guerra Fria, propunha pacificação nacional e um entendimento em torno de programa nacionalista e de políticas de correção da desigualdades sociais e regionais.
No dia 1º de abril de 1964, Arraes foi deposto pelo Golpe que instituiu a ditadura militar no Brasil. Depois de ficar preso em quartéis do Recife, é levado para a Ilha de Fernando de Noronha, de onde retorna em março de 1965. Seguiu em seguida para o Rio de Janeiro onde pediu asilo na Embaixada da Argélia. Ao lado da família, passou 14 anos exilado na capital argelina. Durante o exílio, foi condenado à revelia, no dia 2 de março de 1967, pelo Conselho Pernambucano de Justiça da 7ª Região Militar, a 23 anos de prisão pelo crime de "subversão".
Durante o período de exílio, continuou sendo vítima dos abusos da ditadura no Brasil. Teve a casa invadida por civis armados à procura de seus documentos pessoais e, mesmo em outro continente, foi condenado à revelia, pela Justiça brasileira pelo crime de “subversão”, em março de 1967. A pena prevista era de 23 anos de prisão.
Voltou ao Brasil em 1979, beneficiado pela anistia política. Em 1982, elegeu-se deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com a maior votação do estado - 191.471 - obtendo quase 20 mil votos a mais que o segundo colocado, Jarbas Vasconcelos. Em 1986, ainda filiado ao PMDB, Miguel Arraes foi eleito pela segunda vez governador de Pernambuco. Focou seu mandato na implantação de políticas públicas capazes de corrigir as desigualdades sociais que se agravaram nos anos de regime militar. Iniciou o mais ambicioso programa de eletrificação rural jamais concebido. Fez do microcrédito um instrumento importante de melhoria da qualidade de vida do povo. Fez o estado financiar motobombas para pequena irrigação, vacas leiteiras e máquinas de costura.
Em 1990 fundou o Partido Socialista Brasileiro (PSB), pelo qual conseguiu, por mais uma vez, ser eleito deputado federal. Foi governador pela terceira ocasião em 1994, ao derrotar o segundo colocado no pleito com uma diferença de mais de 300 mil votos. Quatro anos depois de perder a reeleição para o quarto mandato de governador em 1998, Arraes elegeu-se mais uma vez para a Câmara dos Deputados em 2002, sendo o quarto mais votado do Estado, com 181.235 votos,
Miguel Arraes morreu aos 88 anos, no dia 13 de agosto de 2005, no exercício do mandato de deputado, Depois de internado por 57 dias, inicialmente sob suspeita de dengue, no Hospital Esperança, no bairro da Ilha do leite, na área central do Recife. Seu corpo foi velado no Palácio do Campo das Princesas e sepultado no Cemitério de Santo Amaro.
Em 2006, foi criado o Instituto Miguel Arraes, por iniciativa de familiares, colaboradores e correligionários. Em 1º de abril de 2009, quando o golpe de 1964 completou 45 anos, o ministro da Justiça, Tarso Genro, anunciou oficialmente, durante cerimônia na sede do governo de Pernambuco, a anistia a Miguel Arraes. Seu neto, Eduardo Henrique Acióli Campos, foi ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro governo de Luís Inácio Lula da Silva (2003-2005) e governador de Pernambuco por dois mandatos consecutivos (a primeira vez no ano de 2006 e sua reeleição na campanha de 2010).
Coincidentemente, Eduardo Campos morreu na mesma data do avô (13 de agosto, mas no ano de 2014) vítima de um acidente aéreo em Santos. A trajetória política da família Arraes não terminou com a prematura morte de Eduardo, pois João Campos, um de seus filhos, seguiu os caminhos do pai, e se elegeu deputado estadual em 2018 pelo Partido Socialista Brasileiro, sendo o mais votado do Estado com 460.387 votos. Dois anos depois, se elegeu prefeito da cidade do Recife. A saga da família Campos na política pernambucana, já presente em três gerações – Arraes, Eduardo, João Campos – permanece presente no cenário político pernambucano. 🗳️🧑🗳️
#105anosdonascimentodemiguelarraes
#historiapoliticapernambucana
#GrandesPoliticosNordestinos
🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Créditos do texto:
🖱️ Memórias da Ditadura
🖱️ Site da Prefeitura da Cidade do Recife
🖱️ Site do CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. (adaptados) 🙂
👉 Para saber mais sobre Miguel Arraes, acesse:
⏳#muitahistoriapracontar⌛
Sem comentários:
Enviar um comentário