quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 20.01.22 - Morre a Cantora Elza Soares

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🎤😭 O Brasil perdeu hoje uma de suas principais vozes femininas. Morreu aos 91 anos na sua residência no Rio de Janeiro a cantora e compositora ELZA SOARES às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Elza foi uma das maiores cantoras brasileiras tendo lançado 34 discos com mistura de samba, jazz, eletrônica, hip hop e funk. O corpo da cantora será sepultado no Jardim da Saudade Sulacap.

Elza da Conceição Soares nasceu núcleo residencial Moça Bonita (hoje Vila Vintém), no bairro de Padre Miguel, uma das primeiras favelas do Rio de Janeiro, em 22 de julho de 1930. Filha de pais humildes, ela passou por diversas dificuldades. Aos doze anos de idade, foi obrigada por seu pai a abandonar os estudos para se casar com um Lourdes Antônio Soares, conhecido como Alaúrdes, que havia tentado abusar dela. Pouco depois, teve o primeiro filho, João Carlos.

O segundo filho de Elza morreu de fome quando a futura cantora tinha apenas 15 anos. Com o marido doente, diagnosticado com tuberculose, ela passou a trabalhar como encaixotadora e conferente em uma fábrica de sabão. Elza também trabalhou em um manicômio, o Instituto Municipal Nise da Silveira. Com a recuperação do marido, ele a proibiu de trabalhar fora.

Quando tinha 21 anos, Elza ficou viúva e trabalhou como faxineira. Em 1953, ingressou na vida artística ao fazer o seu primeiro teste na Rádio Tupi, no programa de calouros Ary Barroso, que ao ver aquela mulher negra, pobre, franzina, de roupas humildes, perguntou debochadamente "De qual planeta você vem, minha filha?" Ela não tinha vergonha de quem era e nem de onde vinha e de pronto respondeu que do mesmo planeta que ele. Ele insistiu, querendo saber que planeta era esse, e ela disse que era do "Planeta Fome". Ela cantou uma música chamada "Lama", que desmontou Ary Barroso. Ele a abraçou e disse: "Nesse momento, nasce uma estrela". 

No início da carreira, também trabalhou na Orquestra Garam Bailes, como crooner, até 1954. Em 1957 era mãe de cinco filhos, quatro meninos e uma menina. Em 1959 foi contratada para trabalhar na Rádio Vera Cruz.

Um de seus primeiros sucessos foi a música "Se Acaso Você Chegasse", em 1959. A partir daí, sua carreira deslanchou, com discos como O samba é Elza Soares (1961), Sambossa (1963), Na roda do samba (1964) e Um show de Elza (1965). No mesmo período, ela iniciou um relacionamento com o jogador de futebol Garrincha. 

A relação de Elza com Garrincha começou de forma tumultuada, porque o atleta era casado. Durante muito tempo, ela foi perseguida, acusada de ter sido a amante que deu fim ao matrimônio do ídolo. Depois de algum tempo, Garrincha se divorciou e casou-se com Elza, com quem teve um filho. Depois que se aposentou dos gramados, o jogador passou a beber e a agredir a cantora. Ambos foram perseguidos durante o regime militar e tiveram que se exilar na Itália. A casa de Elza e Garrincha chegou a ser metralhada nesse período.

A rouquidão característica é explorada desde criança, de maneira intuitiva. Depois, faz uso dela de forma consciente, por meio do contato com cantores estadunidenses. Elza é pioneira no Brasil do scat-singing – técnica de improviso vocal do jazz que consiste em empregar, aleatoriamente, sílabas sem sentido textual, combinadas com sons, característica de cantores como Louis Armstrong (1901-1971).

Nos anos 70, Elza se dedicou a cantar o samba mais tradicional. Esse período rendeu sucessos como "Salve a Mocidade" (Luiz Reis, 1974), "Bom dia, Portela" (David Correa e Bebeto Di São João, 1974), "Pranto livre" (Dida e Everaldo da Viola, 1974) e "Malandro" (Jorge Aragão e Jotabê, 1976).

Em 1982, após dezesseis anos turbulentos, o casamento de Elza e Garrincha acabou. No ano seguinte, ele morreu de cirrose hepática. No início daquela década, ela passou por um período de ostracismo, mas voltou à ribalta após participar da gravação do samba-rap "Língua", de Caetano Veloso. Depois disso, ela reinventou a sua carreira e conquistou um novo público.

Além do samba, Elza se aproximou do jazz, da música eletrônica, do hip hop e do funk ao longo de 34 discos gravados. Cercada por músicos da nova geração, em 2015 a cantora lançou o aclamado álbum A Mulher do Fim do Mundo. As composições de A Mulher do Fim do Mundo trazem questões como violência doméstica, transsexualidade, narcodependência, crise da água e morte. As sonoridades do disco abarcam gêneros como samba, rock, rap e eletrônico e trazem sua parceria com músicos da cena paulistana como Romulo Fróes (1971), Kiko Dinucci (1977) e Douglas Germano (1968).

Em 1997 o escritor José Louzeiro publicou a biografia “Elza Soares – Cantando para não enlouquecer” (Editora Planeta).

Em 2018 foi pessoalmente à estreia do musical “Elza”, no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, em que sete atrizes encenaram momentos marcantes de sua vida. O espetáculo, teve texto de Vinícius Calderoni, direção de Duda Maia, direção musical de Pedro Luís com arranjos de Letieres Leite. Nesse mesmo ano foi lançada biografia autorizada “Elza” (Editora LeYa), escrita pelo jornalista Zeca Camargo. Nesse mesmo ano foi exibido o documentário de Elizabete Martins Campos “My name is now”, com cenas em que a cantora conversa consigo mesma olhando-se no espelho.

Elza Soares também se destacou no meio carnavalesco. A escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel a colocou como destaque no carro abre-alas da escola de samba no carnaval de 2019; e em 2020 homenageou-a com o enredo “Elza Deusa Soares”, cujo samba foi assinado pela cantora Sandra de Sá, dentre os compositores. Na ocasião desfilou sentada em um trono no último carro da escola, que ficou em terceiro lugar, apresentando-se no Desfile das Campeãs.

Em 2000, ela foi escolhida pela BBC como a voz do milênio e, em 2016, com o seu álbum "A mulher do fim do mundo", ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB, além de ter sido escolhido eleito pela crítica do Jornal O Globo como um dos dez melhores álbuns de 2015.

Seu último disco foi Planeta Fome em 2019. Coincidentemente, ela morreu na mesma data da morte de Mané Garrincha, 39 anos depois. Referência para diferentes gerações da música brasileira, Elza Soares deixa sua marca, característica de sua voz e performance em importantes composições de diferentes gêneros, além de consolidar parcerias com músicos de diferentes vertentes, criando uma obra vasta e diversa. Quem já viu a energia de Elza no palco pode dizer sem exagero que ela não fica a dever, comparada às maiores divas da música popular do planeta. Elza foi uma estrela que brilhou intensamente até o último dia de sua vida. A ela, nossas palmas e gratidão pelo legado e exemplos deixados. Elza Soares? Presente! 👏👏👏👏👏👏

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Créditos do texto:

📺 Canal History Channel do Brasil
🖱️ Enciclopedia Itaú Cultural
🖱️ Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira (adaptados).

⏳#muitahistoriapracontar⌛

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