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🏛️🗳️ Num dia como hoje, 22 de janeiro, há exatamente 100 anos, nascia no povoado de Cruzinha (hoje chamada de Carazinho), Passo Fundo (RS), LEONEL BRIZOLA, fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT), um dos mais icônicos políticos brasileiros, considerado herdeiro político de Getúlio Vargas e João Goulart. Nacionalista por convicção, e um apaixonado pela causa da Educação, Brizola teve entre seus louros o feito de ter sido o único político brasileiro eleito pelo povo para governar dois Estados diferentes: o Rio Grande do Sul (1958) e o Rio de Janeiro (1982). Personagem ímpar na História recente brasileira, Brizola foi protagonista de um dos episódios mais tensos do período pré-golpe de 1964: a campanha da legalidade em 1961, que garantiu a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.
Mal chegou a conhecer o pai, José de Oliveira Brizola, um pequeno agricultor assassinado pelas forças leais ao presidente da Província do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, durante a Revolução de 1923. Nas brincadeiras de infância, Brizola incorporava como herói personagem do caudilho Leonel Rocha, líder maragato que lutara contra os assassinos de seu pai. Como não gostava do seu nome, Itagiba de Moura Brizola, um dia resolveu adotá-lo em definitivo. Itagiba virou Leonel. Leonel de Moura Brizola.
Diplomado como técnico rural em 1939, Brizola foi nomeado em 1940 funcionário do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura de Porto Alegre. Entre 1945 e 1949 cursou a Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul e, paralelamente, ingressou na vida política, filiando-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), por cuja legenda elegeu-se deputado estadual em janeiro de 1947. Reeleito em outubro, ele exerceu seu mandato por um ano, sendo nomeado em 1952 secretário estadual de Obras. Em outubro de 1954, foi eleito deputado federal e no ano seguinte prefeito de Porto Alegre.
Por ocasião da renúncia do presidente Jânio Quadros (25/08/1961) e o veto imposto pelos ministros militares à posse do vice-presidente João Goulart, Brizola – que já se destacava nacionalmente como um dos líderes da esquerda nacionalista – ocupou a Rádio Guaíba e a Rádio Farroupilha, formando a chamada "cadeia da legalidade", cujo objetivo era organizar a população em defesa da posse de Jango. O fato serve de plano de fundo para o longa "Legalidade" (BRA/2019), dirigido por Zeca Brito e disponível no streaming da Globoplay. As mobilizações populares e as divisões nas forças armadas levaram a um impasse que só foi superado com a aprovação, pelo Congresso, de emenda constitucional que implantou o parlamentarismo no país. Goulart foi empossado em 7 de setembro.
Em outubro de 1962, Brizola foi eleito deputado federal pela Guanabara (PTB), recebendo 269 mil votos, a maior votação até então obtida em todo o país. Deixando o governo gaúcho em 31 de janeiro de 1963, Brizola iniciou em seguida seu mandato na Câmara. Em 13 de março de 1964, quando Goulart promoveu o famoso comício da Central, no Rio de Janeiro, Brizola fez um discurso inflamado, acusando o Congresso de criar obstáculos às aspirações populares.
Em 20 de março, memorando do general Castelo Branco chamava a atenção para a agitação que tomava conta do país. A articulação do esquema golpista por políticos conservadores e por setores militares se consumou em 31 de março, com a saída de tropas de Juiz de Fora (MG) em direção ao Rio de Janeiro para depor o presidente. Em 1º de abril Goulart deixou o Rio, dirigindo-se a Brasília, onde foi informado da adesão do I e do IV Exércitos. Nesse mesmo dia seguiu para Porto Alegre, onde o aguardava Brizola, que, com o general Ladário Teles, comandante do III Exército, procurava resistir ao golpe. Recusando-se a aprovar essas iniciativas, Goulart refugiou-se numa fazenda de sua propriedade, de onde partiu para o exílio no Uruguai.
Brizola permaneceu no interior gaúcho até maio, quando também se fixou no Uruguai. Em 9 de abril foi publicado o Ato Institucional nº 1, que estabelecia a cassação de mandatos de parlamentares e a suspensão de direitos políticos por dez anos. O nome de Brizola constava da primeira lista de cassados, publicada no dia 10 de abril. Em fevereiro de 1965, cedendo a pressões do governo Castelo Branco, as autoridades uruguaias confinaram Brizola no balneário de Atlântida, onde permaneceu sob controle policial até maio de 1971. Expulso do Uruguai em setembro de 1977, por suposta violação das normas de asilo, se fixou em Lisboa em janeiro de 1978, após breve estada nos Estados Unidos.
Brizola retornou ao Brasil após a decretação da anistia política (30/08/1979), fixando residência no Rio de Janeiro. Brizola e seus partidários criaram, em maio de 1980, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), por cuja legenda ele se candidatou ao governo do Rio de Janeiro, em novembro de 1982. Contrariando as expectativas, Brizola sagrou-se vencedor. Brizola foi lançado candidato à presidência da República pelo PDT em março de 1989, mas não foi páreo para Collor de Melo.
Nas eleições gerais de novembro de 1990, Brizola reelegeu-se governador do Rio de Janeiro, sendo empossado em 1º de janeiro de 1991. Em abril de 1994, passou a chefia do governo estadual a seu vice, Nilo Batista, para poder concorrer, pela segunda vez, à presidência da República. O pleito, realizado em outubro, foi vencido, ainda no primeiro turno, pelo candidato do Partido da Social Democracia Brasileira, Fernando Henrique Cardoso. Brizola chegou em quinto lugar, numa derrota sem paralelo em sua carreira. Em outubro de 1998, candidatou-se a vice-presidente, em chapa encabeçada por Lula, mas o pleito foi vencido por Fernando Henrique Cardoso.
Brizola nunca deixou de defender a Educação. Na sua visão, todas as crianças deveriam ter direito a escola. No Governo de Porto Alegre e do RS ele construiu 1902 escolas primárias, 276 técnicas e 122 ginásios. No Rio de Janeiro foram 500 Cieps – Centro Integrado de Educação Pública –, escolas de turno integral, cuja estrutura física foram desenhadas por Oscar Niemeyer. "Só a educação oferece oportunidades iguais aos cidadãos", dizia.
Leonel Brizola terminou sua exímia trajetória terrena em 21 de junho de 2004 no Rio de Janeiro, aos 82 anos, vítima de insuficiência pulmonar seguida de infarto no miocárdio. Em 24 de junho, depois de ter sido velado no Palácio Piratini, em Porto Alegre, Brizola foi sepultado em São Borja, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, no mesmo cemitério onde estão sepultados Getúlio Vargas e João Goulart, completando assim a tríade sagrada do trabalhismo brasileiro. 👏👏👏👏👏👏
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Créditos do texto:
📰 Revista Carta Capital e Jornal Folha de São Paulo.
🖱️ Sites Memórias da Ditadura e Memorial da Democracia.
🖱️ Site do CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (adaptados).
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