quinta-feira, 4 de agosto de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 04.08.22 - 444 Anos da Batalha de Alcácer Quibir e da Morte de Dom Sebastião

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😓🖤Num dia como hoje, 4 de agosto, há 444 anos, Portugal perdia uma batalha, ALCÁCER QUIBIR; e um rei, D. SEBASTIÃO. Esta derrota seria o fim de uma das mais brilhantes dinastias da Europa (Dinastia de Avis) provocando a crise dinástica de 1580, da qual se aproveitou o rei espanhol Felipe II para anexar Portugal à Espanha, dando ínicio à caminho à dinastia Filipina (1580-1640), período conhecido como União Ibérica. O reino de Portugal ficou severamente empobrecido pelos resgates pagos para reaver os cativos. A morte de D. Sebastião deu origem ao movimento profético e messiânico chamado Sebastianismo. A vitória decisiva do partido marroquino, aliado dos Turcos Otomanos, assegurou a unificação territorial e nacional do reino de Marrocos.

A Batalha de Alcácer-Quibir (Ksar el Kébir) também é conhecida por batalha dos Três Reis por nela terem participado três monarcas, tendo todos perecido durante a contenda. O destronado rei de Marrocos, Mohammed al-Mutawwakil (? - 1578), pedira ajuda ao rei de Portugal, D. Sebastião (1554-1578), para recuperar o trono de que tinha sido expulso por Abu Marwan Abd al-Malik (1541-1578), o então rei de Marrocos. Enquanto que Mohammed al-Mutawwakil (Mulei Mahamet), queria recuperar o trono; D. Sebastião, viu neste pedido de ajuda a continuação da guerra de cruzada; e A bu Marwan Abd al-Malik (Mulei Abdelmeleque), rei de Marrocos, corporizava os interesses do império Turco Otomano que combatia os portugueses no Oriente.

D. Sebastião era neto do rei de Portugal, e seu pai morreu dias antes de o filho nascer. O nascimento provocou grande expectativa, porque havia um temor de o país ficar sem herdeiro, por isso ele foi apelidado de “o Desejado”.

A batalha foi travada a norte de Marrocos, perto da cidade de Alcácer-Quibir, entre Tânger e Fez. Em Alcácer Quibir perderam-se entre 8.000 a 11.000 homens, depois de se enfrentar 80.000 a 100.000 guerreiros, com apenas 17.000 a 20.000; morreram entre 7.000 a 18.000 adversários, num combate que durou aproximadamente entre seis e sete horas de lutas sangrentas e brutais.

A empreitada de combater os mouros correu mal a D. Sebastião. Co-autor de uma decisão insensata, e de grande imprudencia. Pagou com a vida. E não apenas dele mas de uma boa parte dos melhores militares e quadros portugueses do seu tempo. D. Sebastião desapareceu liderando uma carga de cavalaria contra o inimigo, e seu corpo jamais foi encontrado. Foi tal o desespero, que o povo não quis acreditar na morte de D. Sebastião, ou ficou na expectativa de que ressuscitasse, surgindo assim uma mistura de mito e crença messiânica denominada Sebastianismo.

Após a morte de D. Sebastião, ele foi sucedido pelo seu tio-avô, o cardeal d. Henrique, que faleceu dois anos depois. O trono vago criou uma disputa sucessória que levaria à União Ibérica, com Portugal sendo governado pelos reis da Espanha.

No Brasil, o mito do sebastianismo se desenvolveu no Nordeste no século XIX, unindo o fanatismo religioso a demandas sociais, e inspirou diversas manifestações, a mais conhecida delas o movimento dirigido por Antônio Conselheiro, em Canudos, na Bahia.

Muito antes de Canudos, um desses levantes sebastianistas despontou em 1835 no lugarejo de Pedra Bonita, no sertão de Pernambuco, durante o Período Regencial. Com um imperador que ainda era jovem demais para reinar, D. Pedro II, o povo do sertão começou a se recordar das histórias de um rei que lutou pelo seu povo e voltaria para libertá-lo: D. Sebastião. João Antônio dos Santos, morador de Vila Bela (PE), disse que havia visto o rei e que ele prometera retornar para tirar o povo da pobreza.

Ele fundou em Pedra Bonita o Reino Encantado de Pedra Bonita, que chegou a ter 300 seguidores. Em 1838, o novo líder, João Ferreira, decidiu que era o momento de d. Sebastião desencantar, requerendo o sacrifício de fiéis. De 14 a 18 de maio, quase 90 pessoas morreram, entre sebastianistas e policiais que assaltaram o local. Algumas foram sacrificadas, sem que D. Sebastião retornasse. Esse episódio inspirou “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, lançado por Ariano Suassuna em 1971.

O desaparecimento físico do monarca português, retirou-o dos domínios da história, elevando-o ao plano do mito. 
Esta transformação alquímica do suposto mártir numa entidade mitológica processou-se no imaginário português de uma forma bastante rápida, integrando-se de imediato no imaginário espiritual nacional. D. Sebastião perdeu-se num estranho labirinto enquanto as hostes portuguesas foram derrotadas, para que na sequência do fatalismo que se seguiu fosse possível viver a alvorada da esperança, no regresso de algo ainda maior e por viver, expresso num sentimento encerrado no coração de todos os portugueses - a saudade. 

Antes de desaparecer em Alcácer Quibir, Marrocos a 4 de Agosto de 1578, dizem que D. Sebastião teria dito: "Morrer sim, mas devagar!". Mesmo sem nunca ter sido encontrado seu corpo, existe um túmulo de D. Sebastião, no Mosteiro dos Jerónimos, cujo epitáfio, escrito pelo poeta Diogo Bernardes, diz:

“Se pudermos dar crédito à fama, este túmulo conserva os restos de Sebastião, 
Morto nas plagas africanas
Mas não digas que é falsa a opinião dos que acreditam que ele ainda é vivo,
Porque a glória lhe assegura a imortalidade” 😞😓😥😢😭

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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