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😓🖤 Num dia como hoje, 14 de agosto, há 4 anos, morria na UTI do Hospital Esperança Recife, na Ilha do Leite, no Recife, aos 84 anos, o ator, diretor, dramaturgo, produtor e professor aposentado de Teatro da UFPE, JOSÉ PIMENTEL, o eterno intérprete de Jesus Cristo da Paixão de Cristo do Recife e precursor da Paixão de Nova Jerusalém. A saúde de Pimentel começou a dar sinais de fragilidade em 2016, quando ele se submeteu a uma cirurgia de hérnia inguinal e teve uma piora em seu quadro clínico quando estava prestes a receber alta, sendo constatada uma embolia pulmonar.
José de Souza Pimentel nasceu em Garanhuns, interior de Pernambuco, no dia 11 de agosto de 1934. Primogênito de quatro irmãos, passaria a infância mudando de cidade em função do temperamento imprevisível do pai, Virgínio, que mudava de CEP a cada desavença com colegas e vizinhos. Do pai, Pimentel herdou o fascínio pelo imaginário do cangaço. Tinha apenas dez anos quando o pai morreu e a família, sem o patriarca, se mudou para o Recife.
Na capital, como aluno da Escola Comercial Prática, teve Ariano Suassuna como professor de português. Os caminhos de ambos voltariam a se cruzar: Pimentel participou da primeira encenação do Auto da Compadecida, em 1956. Mas não pôde ali se dedicar ao teatro. Era arrimo de família, precisava se ocupar com o que mais rapidamente lhe oferecesse renda. Aí, conciliou os serviços técnicos com o halterofilismo, outra de suas paixões. Foi substituindo a timidez pelo o culto ao corpo. Participando de competições, ganhou um troféu de “Melhores Pernas”. Com seu corpo, começa a aparecer na imprensa do Recife.
Foi, então, convidado pelo amigo Octávio Catanho, o Tibi, que também era amigo dos diretores Luiz Mendonça e Clênio Wanderley, a participar do Calvário da Paixão, nas ruas de Fazenda Nova, interpretando um soldado romano. Voltou do Brejo da Madre Deus com novo fôlego. Com Catanho, integraria o Grupo Paroquial de Água Fria e atuaria como Pilatos, na Paixão de Cristo do bairro. O coletivo monta, então, Lampião, de Rachel de Queiroz, no Teatro de Santa Isabel: é seu primeiro contato com o palco à italiana.
Através de Clênio e de LuizMendonça, integra a montagem de O Auto da Compadecia. Ali, experimenta o sucesso pela primeira vez. A montagem tinha inovações: o elenco entrava em cena pela plateia. Durante os anos em cartaz, com temporadas no Rio de Janeiro, ganhou elogios de gente consagrada, como a atriz Fernanda Montenegro.
A partir da década de 1960, integra o Teatro Popular do Nordeste, o histórico grupo capitaneado por Hermilo Borba Filho. Aplicando conceitos da cultura popular, o grupo buscava a construção de uma nova gramática teatral, distante das estratégias rígidas e vigentes, importadas do teatro europeu. A atuação de Pimentel chama a atenção dos críticos. Vieram sucessos como Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri; A Farsa da Boa Preguiça, de Ariano; O Noviço, de Martins
Nos anos 1960, Pimentel se tornaria um dos rostos mais conhecidos de Pernambuco. Como teleator, participou de trabalhos na TV-Rádio Clube e TV Jornal do Commercio. As telenovelas começavam a se tornar uma febre nacional. No Recife, Pimentel foi um de seus primeiros galãs. A Moça do Sobrado Grande é o auge desse processo.
Em 1961, escreveu Jesus, o Mártir do Calvário. Em 1962, com o sucesso, Plínio Pacheco optou por criar Nova Jerusalém. Pimentel participou do projeto. Em 1969, um ano após a abertura da cidade-teatro, substituiu Clênio Wanderley na direção e começou a implementar mudanças, como o uso de áudios pré-gravados. A partir de 1978, passou a conciliar a função com o papel de Jesus – no qual ficaria até 1996.
José Pimentel viveu Jesus Cristo desde 1978. Começou na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e seguiu até 2017 (19 deles em Nova Jerusalém e 21 na Paixão de Cristo do Recife). Após desentendimentos com o pessoal de Fazenda Nova, ele trouxe o espetáculo para Recife em 1997. A versão do Recife começou no Estádio do Arruda, chegou a ser realizada no Clube Português, e se mudou para o Marco Zero. O evento, gratuito, chegou a reunir 30 mil pessoas por dia no Marco Zero. Pimentel viveu sua própria via-crúcis ao tentar implementar sua visão à obra em meio à dificuldades de patrocínio e críticas à sua idade. Em 2018, Pimentel se viu obrigado, por problemas de saúde, a ser substituído pelo ator Hemerson Moura, após 40 anos como protagonista da Paixão.
Ele ainda encenou outros dramas históricos ao ar livre, como A Batalha dos Guararapes e O Calvário de Frei Caneca, pelas ruas do Centro do Recife; A Revolução de 1817, encenada em 2008; O Massacre de Angicos – A Morte de Lampião, em Serra Talhada; e Auto de Natal, no Marco Zero. Era um homem de teatro público, sem barreiras, para multidões.
Cinéfilo, Pimentel deu seu primeiro passo no cinema em 1965, quando atuou em Riacho de Sangue, filme sobre o cangaço que ativou as memórias das histórias contadas pelo pai. Encenou ainda A Noite do Espantalho, de Sérgio Ricardo, Faustão, de Eduardo Coutinho, e A Batalha dos Guararapes, que inclusive, inspiraria o espetáculo épico que ele dirigiu anos depois.
As homenagens a José Pimentel, pela sua relevância na cena teatral pernambucana foram muitas. Em 2017, foi incluído na lista dos Patrimônios Vivos de Pernambuco, por interpretar o papel de Jesus por mais de 40 anos. Em 2008, foi homenageado pela escola de samba recifense São Carlos com o enredo "A saga de José Pimentel, patrimônio vivo da cultura pernambucana". A escola se tornaria campeã do grupo de acesso. Em 2018, teve sua vida contada na biografia "José Pimentel - Para além das paixões", publicada pela Cepe Editora e escrita pelo jornalista pernambucano Cleodon Coelho. Em 2021, Pimentel foi aclamado como "Patrono do Teatro Pernambucano" pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), proposta foi apresentada pelo deputado Professor Paulo Dutra (PSB) e aprovada por unanimidade.
José Pimentel foi sepultado em dia 15 de agosto de 2018 no Cemitério de Santo Amaro, centro do Recife, vestido com as vestes que usou para interpretar Jesus na Paixão de Cristo do Recife. Sua partida deixou uma lacuna expressiva na cena teatral pernambucana. Ele deixou a esposa Aurinete e a filha, Lilian Pimentel; e centenas de fãs que nunca se esquecerão do grande e brilhante ator pernambucano, que agora brilha em outras pleiâdes, numa outra constelação, onde devem estar Geninha da Rosa Borges e Reinaldo de Azevedo. 👏👏👏👏👏👏
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
🖱️ portais G1 e NE10
📰 Sites dos jornais Folha de Pernambuco e Diário de Pernambuco.
👉 Para saber mais sobre Reinaldo de Azevedo e Geninha da Rosa Borges, dois ícones do teatro pernambucano que faleceram este ano, acesse:
💻 https://jrscommuitahistoriapracontar.blogspot.com/2022/06/hoje-na-historia-230622-morre-atriz.html
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