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💰🚌 Num dia como hoje, 17 de junho, há exatos dez anos, protestos de rua se espalhavam e reuniram milhões de brasileiros nas ruas de dezenas de cidades. “Não é só pelos 20 centavos” à época era o lema para os atos. Denominadas de JORNADAS DE JUNHO DE 2013, esses protestos ajudaram a colocar a extrema-direita nas ruas do Brasil, mas não criaram esse movimento – além do mais, pautas estudantis, de negros, feministas e LGBTQIA+ ganharam protagonismo a partir dessas manifestações.
Junho de 2013 marcou profundamente a política nacional, com a tomada das ruas por milhões de jovens de norte a sul do país, reivindicando direitos e questionando a precarização da vida imposta pela conjuntura capitalista mundial. Junho foi, com todas as suas particularidades, um movimento influenciado pelos processos revolucionários no Egito e na Tunísia, pelos indignados do Estado Espanhol, pelo Ocuppy Wall Strett nos EUA. Os protestos no Brasil foram apelidados por alguns como a "Primavera brasileira", em referência a uma onda de manifestações populares que ocorreram em outros países durante a chamada "Primavera Árabe".
O estopim inicial dos protestos ocorreu em São Paulo, no dia 6 de junho de 2013: um grupo de manifestantes se reuniu para protestar contra o aumento da tarifa do transporte público na cidade, e foi reprimido violentamente pela PM. A partir dali, as ruas ficariam cada vez mais cheias. O dia 17 de junho foi o ápice desses protestos, que ficou marcado na história da política brasileira. Mais de 250 mil pessoas foram às ruas em 11 capitais e mais de 40 cidades durante todo o mês de junho.
A mídia, que clamou pela repressão dura aos manifestantes, mudou de lado quando a polícia atirou contra jornalistas, repórteres e fotográfos que faziam a cobertura dos protestos. Entretanto, depois converteu tudo em clamor contra a corrupção. Ainda mais lançando a culpa do mau transporte público, municipal e metropolitano, da educação básica, municipal e estadual, da segurança pública, estadual e às vezes municipal, da saúde (único nível em que também há peso federal), toda essa culpa em Dilma, que não era responsável por tudo isso.
Durante os atos que marcaram a década, o fotógrafo Sérgio Silva se tornou uma das vítimas da repressão do Estado. Um tiro de bala de borracha disparado pela Polícia Militar de São Paulo lhe tirou a visão do olho esquerdo. Passados 10 anos do episódio, ele ainda luta por reparação.
De 2013 para cá, influenciados diretamente ou não pelos protestos que arrastaram multidões, surgiram muitos políticos no cenário nacional e estadual. Sem 2013, não existiriam Carla Zambelli e Joyce Hasselman (esta última fez mais de 1 milhão de votos em 2018). Tampouco deputados como Arthur do Val, Daniel Silveira, Nikolas Ferreira e pasmem Alexandre Frota! Até mesmo a eleição do deputado do baixo clero Jair Bolsonaro para a presidência da República em 2018 foi uma consequência direta dos atos de 2013.
Em pesquisa do Ipec encomendada pelo GLOBO, 40% esqueceram das manifestações de 2013 no sudeste. Dentre os nordestinos, 23% afirmam não se lembrar das manifestações em questão, e mais de um terço das pessoas culpa esses eventos pelo aprofundamento da divisão política do eleitorado entre esquerda e direita.
Dez anos depois das manifestações de 2013, que se espalharam pelo país a partir dos protestos contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo, a situação da mobilidade urbana no Brasil piorou. Enquanto isso, subsídios para automóveis e combustíveis só aumentam. No ano passado, o governo federal concedeu R$ 8,8 bilhões em isenções tributárias para produção de carros, além de desonerar R$ 29,8 bilhões em impostos sobre combustíveis. Como consequência disso temos uma verdadeira via-crúcis para quem faz o percurso casa-trabalho-casa todos os dias como passageiro de modais de transportes nas cidades brasileiras, cujas vias têm cada vez mais engarrafamentos, mesmo em cidades do interior.
Apesar disso, alguns especialistas observam um avanço gradual na política de transporte gratuito como impacto das manifestações de 2013. Rara no país 10 anos atrás, e muitas vezes criticada como utópica, a tarifa zero hoje é realidade em ao menos 67 cidades brasileiras pequenas e médias, conforme levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, NTU, de 2023.
As principais consequências de Junho de 2013 foram o lavajatismo, o antipetismo, a aversão pela política "tradicional" (embora a "nova" política seja uma cópia mal feita da anterior), o surgimento dos outsiders – aqueles que dizem que a política só tem ladrões –, o uso massivo da internet, particularmente das redes sociais, no processo político brasileiro (as jornadas de 2013 deram voz aos néscios; as redes apenas os capacitaram), e o recrudescimento de grupos mais alinhados com a extrema-direita, cuja pauta fomenta um neofascismo tupiniquim (há quem diga que junho de 2013 foi o "ovo da serpente, da cascavel – crotalus terrificus).
Assim como na “primavera dos povos”, no ano de 48 do século XIX, e nas “barricadas do desejo”, em 68 do século XX, a onda "revolucionária" de 2013 deixou suas marcas indeléveis na política e na sociedade, moldando os destinos do país nos anos seguintes. A sociedade também presenciou novos protestos, greves de caminhoneiros e, mais recentemente, um ataque golpista contra os três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. As lições de junho seguem vigentes e só reforçam outras lições históricas, como a necessidade de construir organizações populares coparticipativas do processo histórico, com seus múltiplos sujeitos e protagonistas.
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 professor José Ricardo 🖋 professor e historiador.
👉 Para saber mais sobre as manifestações de junho de 2013:
💻 Acesse 🖱️ https://jrscommuitahistoriapracontar.blogspot.com/2021/06/hoje-na-historia-070621-8-anos-das.html
💻 Assista 🎬 https://www.youtube.com/watch?v=TKMLfRD_VdM&t=4s
⏳#muitahistoriapracontar⌛
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