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❤️✨ Num dia como hoje, 1° de julho, há 77 anos, nascia em São Bento do Una, interior de Pernambuco, nos limites do agreste com o sertão, o cantor, compositor, instrumentista e advogado ALCEU VALENÇA, um dos grandes artistas da música nacional, principalmente por sempre trazer suas raízes nordestinas em seus trabalhos ao longo de décadas. Autor de canções como "Sol e Chuva", "Morena Tropicana", "La Belle De Jour", "Pelas Ruas que andei", "Bicho Maluco Beleza", "Flor de Tangerina", "Coração Bobo" "Anunciação" e tantas outras fazem de Alceu um um ser humano notável por sua capacidade de escrever tão belas e fortes letras, com críticas pontuadas e ritmos marcantes.
Alceu Paiva Valença desde cedo bebeu das águas mais profundas da cultura nordestina, como a arte dos emboladores, repentistas, violeiros e cantadores de feiras livres. Ouvia baiões, xotes, cantigas de cego, tocadores de sanfona de oito baixos, os poetas de cordel, versejadores populares e outras manifestações que formaram seu rico e vasto caldo cultura. Adquiriu o gosto pela música e ganhou um violão de presente de sua mãe, dona Adelma, escondido do pai, que não queria ver o filho metido em rodas de cantoria. Foi o seu contato na infância com a cultura popular, a sua convivência com o avô (Orestes Alves Valença/Poeta e Violeiro) e a influência de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Marinês que moldaram o seu estilo baseado nos Maracatus, Cocos, Repentes e Cordel.
Ainda criança, Alceu se mudou com seus pais para Recife, onde agregou outros elementos regionais, como a cultura da zona da mata e do litoral da capital. Isso sem falar, é óbvio, dos grupos de frevo, maracatu e ciranda, aumentando o leque de repertório do pequeno Alceu. Nessa nova vida, conviveu com pessoas importantes da época, como o notório Nelson Ferreira, e os poetas Carlos Penna Filho e também Ascenso Ferreira, pessoas conhecidas de seu pai. Alceu desenvolveu-se como adolescente focado na poesia, fora um jovem muito esforçado e inteligente, se interessava por questões politicas e sociais.
Para os estudos escolheu a faculdade de direito, e durante seus estudos, acabou se inscrevendo em um concurso para estudos de três meses na Universidade de Havard, mesmo sem falar inglês, elaborou um texto tão bom que passou no concurso, e se viu em outro país. Lá ele não somente assistiu palestras e estudou, fez amizades com pessoas ativistas da época, muito interessado pelas questões politicas, acabou até por ir em reuniões do grupo “Panteras Negras”. No país começou a tocar suas músicas nas ruas, e acabou se enturmando com um grupo hippie, onde passava seus dias. Lá, saiu até em uma matéria de um jornal que dizia, “Alceu Valença, o Bob Dylan brasileiro”, que elogiava o repertório e o estilo musical do cantor.
Voltou ao país e terminou seus estudos em direito, porém tinha mesmo vontade de investir na música. Decidiu então ir para o Rio de Janeiro, em 1971, onde era o maior foco da música e ascensão. Começou por participar em festivais universitários, tentando até participar de um programa da TV tupi, sem sucesso, pois a orquestra do programa não conseguiu tocar o arranjo de sua música. Dois anos após estar no Rio de Janeiro, tocou ao lado de Jackson do Pandeiro e Geraldo Azevedo no festival Internacional da Canção, onde cantou “Papagaio do Futuro”, ele foi desclassificado mas ganhou alguns fãs em sua apresentação.
Em 1972, lança pela Copacabana seu primeiro disco, o álbum Quadrafônico, em parceria com Geraldo Azevedo, O primeiro disco solo veio em 1974, e desde então, Alceu acumula em seu currículo mais de 40 álbuns. A carreira de Alceu desponda nacionalmente em 1980.
Em 1996 se junta no “Projeto Grande Encontro” com Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Elba Ramalho. Percorrendo várias cidades do país com enorme sucesso, o que levou a participar de outros projetos como: Pernambuco em Canto (Carnaval de Olinda), Festival de Montreux/Suiça (2000).
Alceu também coleciona várias premiações em sua trajetória. Ganhou como melhor cantor regional em duas premiações: o Prêmio Tim de Música Brasileira de 2003 e o Prêmio da Música Brasileira de 2015. O “Amigo da Arte” (2014) foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Regional.
Multiartista nato, Alceu também incursionou pela sétima arte, lançando em 2014 o filme "A Luneta do Tempo", uma história de cangaço com diálogos em ritmo de cordel, com roteiro e direção do próprio Alceu (atualmente disponível no streaming da Amazon Prime Video). A obra levou 15 anos para ser realizada, entre roteiro, captação de recursos, escalação de elenco e filmagens. O filme foi lançado no circuito comercial em março de 2016 e levou os prêmios de “Trilha Sonora” e “Direção de Arte” no 42° Festival de Cinema de Gramado. Em 2015 lançou um livro de poesias: "O Poeta da Madrugada".
A vida do cantor e compositor foi tema do documentário "Alceu - Na Embolada do Tempo" (2019), dirigido por Paola Vieira, que faz uma viagem pelos mais de 45 anos de carreira do artista, apresentando depoimentos, vasto material de arquivo e registros de vídeos (atualmente disponível no streaming da Curta!).
No último dia 27 de junho foi lançado no Paço do Frevo, em Recife, sua biografia: "Pelas ruas que andei", assinada pelo jornalista carioca Julio Moura, assessor de comunicação do cantor desde 2009. A obra de 562 páginas foi publicada pela Companhia Editora de Pernambuco – CEPE, e escrita durante os dois anos de pandemia. Segundo a Agência Brasil, que entrevistou o escritor, o título é uma metáfora de toda a caminhada do artista no Nordeste e depois no Rio de Janeiro. Segundo Júlio, Alceu não pediu para ler nada antes. O evento contou com uma sessão de autógrafos e bate-papo com o autor, mediado pela jornalista Luiza Maia, e é claro a presença do biografado.
Alceu Valença seguiu os passos da MPB defendida por Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Ari lobo, Luiz Vieira, Onildo Almeida, Capiba, Zé Dantas, Nelson Ferreira, etc. Fez parcerias imemoráveis com Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Lula Côrtes, Carlos Fernando, Don Tronxo, Vicente Barreto, Rodolfo Aureliano, Rubem Valença Filho e tantos outros. Sua produção artística abriu portas e inspirou nomes icônicos da música pernambucana como Chico Science & Nação Zumbi, Mestre Ambrósio, Cascabulho, Fred 04 & Mundo Livre S/A, Jorge Cabeleira e toda uma envolvente geração.
O "bicho maluco beleza" se inspirou na mística e na música do povo nordestino, dos violeiros, emboladores, cordelistas, velhos de pastoris, cantadores diversos e mestres de folguedos; para cantar frevo-canção, frevo-de-bloco, maracatu, xote, coco, xaxado, rojão, caminho-da-roça, ciranda, baião, forró, embolada, quadrilha e toda a beleza musical nordestina; e tudo isso misturado com o samba, o blues, o rock e a música contemporânea internacional e, ainda, com o tempero da viola de Paulo Lampião Rafael, que nos deixou recentemente em 2021. Não por acaso, Alceu se tornou uma figura atemporal e com sucessos que são ouvidos e cantados há 40 anos, desde 1983 como Anunciação e La belle de jour, que tem mais de 140 milhões de visualização no Youtube. Vida longa ao mestre das ladeiras de Olinda! 🥳👏🏽👏🏽👏🏽🎂🍰!!!!!!!!
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
🖱️ Enciclopedia Itaú Cultural
💻 Wikipedia e site E-Biografia
🎼 Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
👉 Para saber mais sobre Paulo Rafael, guitarrista da banda de Alceu Valença por mais de 40 anos, acesse:
⏳#muitahistoriapracontar⌛
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