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👮♂️💣👮🏽♂️ Num dia como hoje, 2 de outubro, há 29 anos ocorria no pavilhão 9 da Casa de Detenção Carandiru, em São Paulo, um dos episódios mais sangrentos da história penitenciária mundial. O ano era 1992, e uma operação da polícia militar para acabar com uma rebelião de presos resultou na morte de 111 detentos. O fato entrou para a História como sendo o Massacre do Carandiru.
Tudo começou com uma desavença entre dois presos do pavilhão nove, durante uma pelada no campinho de futebol da Casa de Detenção. Logo, a briga generalizada saiu do controle dos agentes prisionais de plantão e virou rebelião, com depredação das celas, colchões queimados e confronto entre detentos armados com pedaços de ferro e objetos cortantes, situação esta comunicada pelo diretor da época, José Israel Pedrosa, ao então secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos.
O governador Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB), que estava em viagem ao interior do estado, na véspera das eleições municipais de 1992, também foi avisado, antes da invasão fulminante da Polícia Militar. Comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, a PM chegou com todas as suas tropas de choque preparadas para o combate, todos armados com armas pesadas e munição letal. A tensão pairava no ar, e chegou a haver um breve ensaio de negociação, até que, por volta das três e meia da tarde, o oficial determinou a entrada dos policiais de tomada de posição de ataque.
Os tiros começaram a ser ouvidos às 16h13, e só pararam meia hora depois, deixando um rastro de sangue, corpos amontoados e grande número de feridos. Na operação de rescaldo foram contados 111 mortos, alguns com ambas as mãos na cabeça, em claro sinal de execução depois da rendição, e outros 87 foram encaminhados para atendimento hospitalar emergencial. Dos 111 mortos sem chance de defesa pela Polícia Militar, 89 ainda eram presos provisórios e aguardavam julgamento. Nus, os sobreviventes foram obrigados a passar correndo por um “corredor polonês” formado por policiais armados, e alguns tiveram que carregar e empilhar os cadáveres em uma sala do primeiro andar da Casa de Detenção.
As razões para o infeliz desfecho são controversas. De um lado, o chefe da operação afirmou que agiu para cumprir o dever. Já grupos de direitos humanos alegaram que houve intenção de exterminar os presos. cinco julgamentos foram realizados entre 2013 e 2014, e resulatram na condenação de 74 policiais militares acusados de envolvimento direto nas mortes a penas que variavam de 48 a 624 anos de prisão. Foi o maior julgamento da história do Brasil, porém sem que nunca nenhum dos envolvidos tenha sido preso. Apenas três integrantes da tropa foram absolvidos.
Passados 24 anos e cinco condenações em júris populares, conforme denúncia apresentada pelo promotor de Justiça Daniel Tosta, o processo penal voltou à fase inicial em setembro de 2016, com votos favoráveis de três dos quatro desembargadores da 4ª Câmara Criminal do TJSP: o relator Ivan Sartori, que votou, inclusive, pela anulação das sentenças anteriores; o revisor, Camilo Léllis, e o 3° juiz do colegiado, Edison Brandão, que só não concordaram com o pedido de absolvição apresentado pelos advogados de defesa dos policiais.
Ubiratan Guimarães, que coordenou a invasão do presídio do Carandiru, chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pelas mortes dos presos, mas foi absolvido pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 2002, foi eleito deputado estadual pelo PTB de São Paulo. Quatro anos depois, aos 63 anos, foi encontrado morto com um tiro no abdômen em seu apartamento no bairro paulistano dos Jardins. Os marcantes acontecimentos no Carandiru renderam livro, filme e série de TV. 📖🎬📺
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo🖋️ professor e historiador.
📖 Créditos do texto:
📺 Canal History Brasil.
📖 Nunes, Valentina. 365 Dias Que Mudaram A História Do Brasil. Planeta. (adaptados) 🙂
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