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💣💥😠 A Revolta da Vacina (1904), que na verdade foi uma revolta contra a vacina, foi uma das revoltas urbanas mais importantes da chamada República Velha (1889-1930), e sacudiu durante seis dias a capital brasileira da época, que era o Rio de Janeiro. Um dos grandes desafios do presidente Rodrigues Alves era modernizar o centro urbano da cidade carioca, na época, tomada por vários cortiços na área central, que abrigavam uma população empobrecida e excluída da sociedade. A falta de saneamento e as parcas condições de moradia eram o antro perfeito para a proliferação de ratos, baratas, mosquitos e demais insetos; que facilitavam a transmissão de doenças como tuberculose, hanseníase, tifo, sarampo, difteria, coqueluche, febre amarela e peste bubônica. O Rio era conhecido pelos imigrantes que aqui aportavam como “túmulo dos estrangeiros”.
A proposta de reorganização do espaço urbano do Rio de Janeiro veio com fortes influências do higienismo europeu, e o prefeito da época, Francisco Pereira Passos (que passou para a História com o apelido de "O Bota Abaixo") priorizou a derrubada dos antigos cortiços (614 ao todo), sem no entanto, uma política habitacional para seus ex-moradores; mais de 14 mil pessoas ficaram desabrigadas, e se viram obrigadas a se deslocarem para os morros cariocas, onde proliferava uma planta conhecida como "favela" (Cnidoscolus quercifolius) muito usada como medicamento natural pelos habitantes.
O médico sanitarista Oswaldo Cruz (cuja população apelidou de "general mata-mosquitos") foi nomeado diretor de saúde pública e elegeu como prioridade combater a varíola com uma ampla campanha de vacinação, voltada principalmente para a população que havia sido expulsa dos cortiços da cidade e habitavam os morros e periferias. A ideia era até boa, mas a aplicação foi um desastre. Oswaldo Cruz criou as Brigadas Mata-Mosquitos, grupos de funcionários do Serviço Sanitário que, acompanhados de policiais, invadiam as casas para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela.
A gota d'água foi a decretação da vacinação obrigatória, lei sancionada por Rodrigues Alves no dia 31 de outubro de 1904,
apelidada de “código de torturas”. A desinformação da população foi o terreno fértil para a oposição à Rodrigues Alves se valer de boatos mentirosos (chamaríamos hoje de fake news) sobre o local onde seria aplicada a vacina: próxima às partes íntimas; o que levou a maioria da população a apoiar o motim.
As ruas centrais e alguns bairros da cidade do Rio de Janeiro foram tomados por barricadas e trincheiras, a iluminação pública destruída, a população revoltada dirigiu sua fúria à delegacias, repartições públicas e inclusive ao comércio, em busca de armas, querosene e dinamite. Carros foram tombados, armadilhas e tocaias em becos e casas abandonadas foram feitas, e a ação policial não conseguia reprimir a revolta iniciada em 10 de novembro de 1904. O governo precisou recorrer, então, às tropas do Exército e da Marinha, aos bombeiros e, por fim, à Guarda Nacional.
A Revolta da Vacina não durou muito. No dia 16 de novembro foi decretado o estado de sítio e revogada a obrigatoriedade da vacinação. Com isso, o movimento popular também começou a se desarticular. Houve alguns mortos e centenas de presos, que foram enviados para a ilha das Cobras. Muitos foram deportados para o Norte do país, mas a maior parte não passou por processos formais.
Apesar de ser sempre lembrada como uma "revolta da população ignorante e iletrada contra a vacinação obrigatória", é preciso ressaltar que a imposição da vacinação foi apenas o pretexto que faltava para a população explodir sua indignação contra a falta de moradia, saúde, emprego, oportunidades de uma vida melhor que eram negadas pelo governo da época. Simplificar a revolta da vacina à falta de informação da população é uma forma equivocada de atribuir à ignorância dos pobres a incompetência da classe dominante que estava no poder para promover políticas públicas que contemplassem à todos, e não apenas a uma minoria que seria privilegiada com a reforma urbana de Rodrigues Alves e Pereira Passos. 🤨😟😒
#117anosdofinaldarevoltadavacina
#guerraserevoltasbrasileiras
#VacinasSalvamVidas
🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Fontes Consultadas:
🖱️ Site da Rede da Memória Virtual Brasileira
📖 SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina. São Paulo: Unesp, 2018
🖱️ CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil
⏳#muitahistoriapracontar⌛
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