sábado, 11 de dezembro de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 11.12.21 - 195 Anos da Morte de Maria Leopoldina da Áustria

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✝️👑 Num dia como hoje, 11 de dezembro, há 195 anos, no Rio de Janeiro, morria MARIA LEOPOLDINA DA AÚSTRIA, a primeira imperatriz brasileira, cujo papel foi decisivo no processo de emancipação política do Brasil, juntamente com José Bonifácio de Andrada e Silva, autores das cartas que aconselhavam o então princípe-regente D. Pedro I a romper definitivamente os laços com a Coroa Portuguesa.

A arquiduquesa Dona Carolina Josepha Leopoldina d’Áustria nasceu aos 22 dias do mês de janeiro de 1797, em Viena. Mesmo tendo sido educada no rigor da corte austríaca, a mais formal das velhas cortes europeias, foi uma menina alegre e espontânea. Casou-se, por procuração, em Viena, com Dom Pedro de Alcântara, então príncipe real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 13 de maio de 1817, aniversário de seu sogro e dia que sua neta imortalizaria com assinatura da Lei Áurea.

Chegou ao Rio de Janeiro, então sede do Reino Unido, em novembro do mesmo ano. Ainda na viagem para o Brasil, passou a firmar “Maria Leopoldina”, em homenagem à nova pátria, pois fora informada que esse era um prenome de todas as infantas portuguesas. Dona Leopoldina chegou a gerar sete filhos, dos quais dois chegariam a ser monarcas: Dom Pedro II, no Brasil, e Dona Maria II, em Portugal.

Com o retorno de Dom João VI a Portugal, em abril de 1821, o casal herdeiro ficou no Brasil. O avanço de ideias liberais e as independências de vários países na América Hispânica levaram um número considerável de políticos brasileiros a enxergar que a manutenção do Reino Unido Brasil Portugal e Algarves periclitava, mormente diante da óbvia má vontade das Cortes Constituintes lisboetas com relação ao Brasil.

No movimento que culminou com a emancipação política do Reino do Brasil, Dona Maria Leopoldina, surpreendentemente, assumiu a liderança encaminhando os passos de seu marido. Em agosto de 1822, ela ocupava a posição de regente do Reino do Brasil, em nome de Dom Pedro, quando este visitava as Minas Gerais e São Paulo. Presidindo o Conselho de Estado, Dona Maria Leopoldina anuiu aos entendimentos do ministro e conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva – que considerava acintosos e desonrosos os procedimentos dos deputados portugueses cujo escopo era reconduzir o Brasil à sua situação anterior à vinda da família real – e assinou missivas ao príncipe regente, Dom Pedro, aconselhando-o a romper definitivamente com Portugal.

Ademais, no reconhecimento de nossa independência, e por consequência na sua consolidação, a influência de Dona Leopoldina junto ao seu pai, o imperador Francisco I da Áustria, fez com que o poderoso e conservador chanceler da Áustria, o príncipe de Metternich, se curvasse e aceitasse a independência brasileira. Esse reconhecimento terminou por forçar o próprio reino de Portugal a assentir na nossa emancipação política. Assentimento consubstanciado no Tratado de Reconhecimento da Independência, firmado entre o Brasil e Portugal, em 1825.

Em 1° de dezembro de 1822, D. Pedro I e Da. Maria Leopoldina foram coroados como sendo os primeiros imperadores do Brasil, na Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo, a Catedral Velha do Rio de Janeiro. Em 25 de março de 1824, o casal imperial jurou a Constituição do país. Em dezembro de 1825, a imperatriz Leopoldina deu à luz a D. Pedro de Alcântara, seu último filho e que seria o nosso segundo Imperador, D. Pedro II, cujo feliz governo se estendeu de 1840 a 1889.

O ano de 1826 foi dificílimo para Da. Leopoldina, que sofreu com as traições conjugais do marido, com a conjuntura política brasileira e portuguesa e com a saudade de sua família e terra natal. Somatizando os sofrimentos e novamente grávida, a imperatriz teve um aborto espontâneo e, em consequência, acabou falecendo, em 11 de dezembro de 1826.

A morte de Da. Maria Leopoldina provocou o que se considera o primeiro luto nacional brasileiro, conforme atestam diversos historiadores. Seu corpo foi, inicialmente, sepultado no Convento da Ajuda, onde recebeu a seguinte lápide: “Aqui repousam os restos da adorada imperatriz Da. Maria Leopoldina. O seu espírito, cremos, habita os céus, e sua memória não a gastarão os séculos”. Com a demolição do Convento da Ajuda, os restos mortais de nossa primeira imperatriz foram transferidos para o Convento de Santo Antônio, sempre na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente jazem no Mausoléu Imperial da Cripta do Ipiranga, em São Paulo, desde 1954.

Membra de uma das casas dinásticas mais poderosas da Europa (os Habsburgos) e dotada de grande senso científico e humanístico, Maria Leopoldina foi uma mulher muito à frente de seu tempo, que enfrentou com dignidade a afrontosa relação do marido com Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, participou de momentos decisivos da História brasileira como a Independência do Brasil, e mesmo nos últimos dias, quando a depressão e as dores da vida lhe roubaram a robustez da juventude manteve uma relação de solidariedade com seus súditos. Amada por todos, querida pela corte, mas traída pelo esposo! Leopoldina deixou um legado que até hoje é lembrado. Inclusive no nome de uma das primeiras escolas que lecionei: a extinta Academia Maria Leopoldina, de Maranguape II (Paulista-PE). 👏👏👏👏👏👏

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Créditos do texto 🖱️ Agência Senado (o primeiro e o último parágrafo são nossos).

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