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✝️ Morreu na noite de ontem, 15 de março, num hospital na cidade de Jundiaí (São Paulo), José Anselmo dos Santos, mais conhecido como CABO ANSELMO, o mais conhecido agente duplo da ditadura militar, famosa figura da ditadura militar brasileira. Cabo Anselmo, depois do golpe de 64 fugiu para Cuba e quando voltou foi preso pelo DOPS e concordou em trabalhar para a repressão aos seus antigos companheiros. Dado como morto várias vezes, reapareceu dando entrevistas tentando justificar sua atuação como agente duplo e chegou a pedir indenização na Comissão de Anistia, o que lhe foi negado.
A História de Anselmo começa dias antes do golpe que instaurou a ditadura, quando marinheiros se rebelaram dentro de um sindicato, no Rio, numa mobilização que havia começado com reivindicações salariais e trabalhistas. O Ministério da Marinha queria a prisão dos rebelados pela quebra da hierarquia, mas o presidente João Goulart rejeitou a alternativa e anistiou os marinheiros. Um dos líderes dos rebelados era Anselmo. A decisão do presidente foi mais um componente na crise política da época e desagradou o comando das Forças Armadas, que dias depois deflagraria o golpe em 31 de março de 1964.
No regime militar, Anselmo foi agente infiltrado das forças de repressão do governo militar, coletando e fornecendo aos militares informações que lhes permitiram sequestrar, torturar e executar opositores da esquerda. Entre os delatados por ele a agentes do regime, estavam seis pessoas que foram mortas no massacre do Sítio São Bento em Pernambuco em 8 de janeiro de 1973, incluindo sua companheira, a poetisa paraguaia Soledad Barret Viedma, grávida de quatro meses, a quem Anselmo entregou para Sérgio Paranhos Fleury, que a torturou até a morte em uma prisão militar.
Anselmo reapareceu anos depois e concedeu algumas entrevistas: para o Jornal Folha de São Paulo em 2009, ele disse que tinha um acordo para que Soledad fosse libertada na ação e pudesse viajar a Cuba; no programa Roda Viva, na TV Cultura, em 2011, disse que vivia de ajuda paga por três empresários. Nas entrevistas, também negou que já atuasse a favor do golpe ainda no governo João Goulart: "Se eu fosse um sujeito da repressão, da CIA ou do diabo a quatro, você acha que estaria nessa condição que estou hoje?"
Em 2012, teve negado pedidos de indenização feitos ao governo federal e para ser reintegrado à Marinha. A Comissão de Anistia, ao rejeitar o pedido, pôs em dúvida desde quando o ex-militar passou a colaborar como o regime. O parecer citava, por exemplo, declaração do chefe de Inteligência do governo Goulart afirmando que Anselmo era um "agente provocador da CIA desde os eventos que antecederam o golpe".
O cabo Anselmo morreu aos 80 anos de idade, num hospital de Jundiaí, devido a uma infeção renal, após ter entregado para a morte sob tortura cerca de 40 companheiros de militância, sem nunca ter sido punido pela sua atuação pérfida, mesquinha e cruel, de alguém que colaborou para que dezenas de pessoas perdessem seu bem mais precioso: a própria vida. 😠😤
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
💻 Portais G1 e UOL
🗄️ Acervo da Folha de São Paulo
🖱 Site Memórias da Ditadura
🖱️ Site do CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil.
👉 Para saber mais sobre Soledad Barrett, uma das vítimas do Cabo Anselmo, acesse:
⏳#muitahistoriapracontar⌛
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