quarta-feira, 5 de julho de 2023

HOJE NA HISTÓRIA - 05.07.23 - 68 Anos do Nascimento de Mia Couto

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📚🥳 Num dia como hoje, 5 de julho, há 68 anos, nascia na cidade de Beira, em Moçambique, o poeta, escritor e jornalista MIA COUTO, autor de mais de trinta livros, entre eles: “O mapeador de ausências”, “O fio das missangas”, “O último voo do flamingo” e “Terra sonâmbula”, que é considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX. Mia Couto foi, em 1998, o segundo escritor africano a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente (depois do senegalês Léopold Senghor, em 1966). No ano de 2015, tornou-se o primeiro escritor em língua portuguesa a ser indicado ao Prêmio Man Booker. É o único escritor africano membro da Academia Brasileira de Letras.

Antônio Emílio Leite Couto (seu nome de batismo) começou por publicar poemas, aos 14 anos, no jornal ‘Notícias da Beira’. Mudou-se depois, com 17 anos, para Lourenço Marques, onde começou a estudar Medicina, curso que abandonou dois anos depois para se dedicar ao jornalismo. Trabalhou durante 10 anos como jornalista para diversos órgãos de informação, tendo sido também repórter e diretor da Agência de Informação de Moçambique, mas acabou por abandonar a profissão em 1985 para reingressar na Universidade Eduardo Mondlane, onde se formou em Biologia, especializando-se na área de ecologia, tendo depois lecionado a cadeira de Ecologia em diversas faculdades desta universidade.

Publicou um primeiro livro de poesia em 1983, mas, e embora o lirismo pontue a sua escrita, a sua obra posterior situa-se no domínio da prosa. O seu primeiro romance, ‘Terra Sonâmbula’, editado em 1992, foi um sucesso junto da crítica e dos leitores, e valeu-lhe também o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos, além de ter sido ainda eleito como um dos melhores livros africanos do século XX durante a Feira do Livro do Zimbabwe. Publicou já múltiplos romances e livros de contos, entre os quais se contam títulos como ‘A Varanda do Frangipani’ (1996), ‘Vinte e Zinco’ (1999), ‘O Último Voo do Flamingo’ (2000) ou ‘Jesusalém’ (2009).

Em várias das suas obras, o escritor incorpora palavras e estruturas originais de Moçambique, notando-se nos seus livros a presença de características como, por exemplo, a utilização de neologismos, influências do realismo mágico (conhecido no seu país como realismo animista), recuperação da tradição local e valorização da memória cultural, marcas de oralidade, afirmação da identidade nacional, o recurso às alegorias, o lirismo ou o comprometimento político.

Mia Couto recebeu diversos prêmios, por vários dos seus livros e pelo conjunto da obra literária, como: Prêmio Camões (2013) e Neustadt International Prize (2014). Ele mesmo se define como "um branco que é africano; um ateu não praticante; um poeta que escreve em prosa; um homem com nome de mulher; um cientista que tem poucas certezas sobre a ciência; um escritor em terra de oralidade".

Como escritor fugaz, ele faz uma crítica a cerca da leitura e leitores em tempos de redes sociais: “Na era da internet, percebo que muitas pessoas só leem frases soltas dos livros nas redes. Me dizem: ‘Adorei aquela sua frase’. A obra em si é ignorada. Os escritores viraram frasistas”. Mia acredita que a literatura vai mais além do que um amontoado de páginas e letras: “Acho que a literatura tem este papel de humanizar o outro – mesmo que o outro seja o adversário, seja o inimigo. A guerra começa antes do primeiro disparo: a guerra começa neste processo de desumanização do outro. E a literatura é uma forte resistência contra este processo de desumanizar o outro”.

Mia Couto atualmente, possui uma empresa que realiza estudos de impacto ambiental, além de desenvolver trabalhos de pesquisa sobre mitos, lendas e crenças que intervêm na gestão tradicional dos recursos naturais. Sem dúvidas, é um grande autor, com uma vasta produção intelectual, digna de brilhar nas mais altas plêiades literárias. Mia Couto é um exemplo de leitura com arte, arte com reflexão. A mesma que ele deixou quando escreveu: "Mas não tenho mais tanta pressa. Comecei a aprender a ser mais gentil com o meu passo. Afinal, não há lugar algum para chegar além de mim. Eu sou a viajante e a viagem." Vida longa ao mestre moçambicano! 🎊🎉🎈 

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Fontes consultadas:

💻 Perfil da Antena1 RTP
🖱️ Sites Fronteiras do Pensamento e E-Biografia

⏳#muitahistoriapracontar⌛

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