quinta-feira, 14 de março de 2024

HOJE NA HISTÓRIA - 14.03.24 - 110 Anos do Nascimento de Carolina Maria de Jesus

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🎉📚 Num dia como hoje, 14 de março, há 110 anos, nascia em Sacramento (Minas Gerais), a escritora autodidata, poetisa e compositora CAROLINA MARIA DE JESUS, mulher negra, favelada, mãe solteira de 3 filhos, catadora e também umas das mais importantes escritoras brasileiras de todos os tempos. Seu livro mais famoso, “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, foi publicado em 1960. Hoje, Carolina é a escritora negra brasileira mais publicada no mundo.

Sua escolaridade se resume aos dois anos em que frequenta o Colégio Allan Kardec, provavelmente em 1923 e 1924. Neste ano, muda-se com os familiares para uma fazenda em Lageado, Minas Gerais, onde trabalham como lavradores. Desde muito menina, gostava de ler e escrever. Menina pobre, lia o que dava e estava a seu alcance. Tinha 23 anos quando a mãe morreu. Retorna a Sacramento em 1927, e as dificuldades econômicas a levam a migrar para Franca, São Paulo, em 1930, onde trabalha na fazenda Santa Cruz e, depois, como ajudante na Santa Casa de Franca, auxiliar de cozinha e doméstica.

Em 1937, muda-se para São Paulo em busca de melhores condições de vida. Em 1948, passa a residir na favela Canindé, sobrevivendo como catadora de papel e ferro velho. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas (1929-2018) conhece Carolina e interessa-se por seus 35 cadernos de anotações em forma de diário. Publica um artigo sobre ela com trechos dos diários no jornal Folha da Noite. No ano seguinte, volta a divulgar os trechos na revista O Cruzeiro, e empenha-se na publicação de Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960). O livro, com passagens dos diários de 1955 até 1960, é sucesso editorial, vendido em mais de 40 países e traduzido em mais de 10 idiomas. 

Na obra, a mulher negra e favelada, com pouca escolaridade, registra seu cotidiano de pobreza e a humilhação a que estão sujeitos os habitantes da favela. As anotações de Quarto de Despejo, embora com descontinuidades cronológicas, apresentam narrativa coesa: cada dia é igual a todos os outros, e a vida é conduzida pela fome e pela luta contra ela. Constata-se que o trabalho precário pereniza a pobreza.”

O livro carece de floreios literários e não respeita a norma culta, mas é um relato visceral da miséria, do preconceito e da fome que muitos brasileiros enfrentam diariamente. “O Brasil precisa ser dirigido por um homem que já passou fome” é frase da autora, e estava escrita em carvão nas paredes da livraria onde ela lançou sua obra-prima, na presença de convidados ilustres como Clarice Lispector, entre outros intelectuais de peso. 

Ao longo de sua carreira, Carolina lançou outros quatro livros durante sua vida, explorando temas como a fome, a pobreza e a luta pela sobrevivência. Sua escrita direta e sem rodeios capturou a atenção do público e dos críticos, estabelecendo-a como uma das vozes mais importantes da literatura brasileira.

A obra de Carolina Maria de Jesus é marcadamente memorialística, uma literatura de testemunho, em que a autora expõe a realidade em que vive e reflete sobre ela. Nessa perspectiva, seus principais livros são: Quarto de despejo (1960), Casa de alvenaria (1961), Diário de Bitita (1986), e Meu estranho diário (1996).

Apesar de seu sucesso inicial, Carolina enfrentou dificuldades para continuar sua carreira literária e para garantir seu sustento. No entanto, sua determinação e talento inegável continuaram a inspirar gerações posteriores de escritores e ativistas.

Após sua morte, em 1977, aos 62 anos, seu legado foi preservado através do lançamento de várias obras póstumas, incluindo “Diário de Bitita” e “Meu Estranho Diário”, que ampliaram ainda mais sua influência e alcance. Recentemente, recebeu o título de Doutora Honoris Causa da UFRJ. 

Carolina Maria de Jesus é lembrada não apenas por sua contribuição para a literatura brasileira, mas também por sua coragem em dar voz aos marginalizados e em desafiar as injustiças sociais de sua época. Seu trabalho continua a ressoar e a inspirar aqueles que lutam por um mundo mais justo e igualitário. Com seus diários, suas memórias registradas por meio da escrita, Carolina Maria de Jesus deu sentido à sua própria história e hoje é figura essencial na literatura brasileira. 👏👏👏👏👏👏

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Fontes consultadas:

🖱️ Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira
🖱️ Site do Arquivo Nacional
🖱️ Site do Brasil Escola

👉 Para saber mais sobre Ruth de Souza, atriz que interpretou Carolina de Jesus na minissérie Caso Verdade: Quarto de Despejo (TV Globo), acesse:


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