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💪🏾👨🏾🦱👊🏿 Num dia como hoje, 19 de março, há exatos 200 anos, era executado por meio de enforcamento AGOSTINHO BEZERRA CAVALCANTE E SOUZA, mais conhecido como o "Major dos Negros", participante ativo do movimento republicano e constitucionalista chamado Confederação do Equador, que explodiu na então província de Pernambuco em 1824 sob a liderança de liderada por Manoel de Carvalho Paes de Andrade e Joaquim do Amor Divino Caneca, o Frei Caneca. Agostinho Bezerra participou também da Revolução Pernambucana de 1817.
Agostinho de Bezerra nasceu em Recife em 1788 e ainda criança assentou praça no chamado Batalhão dos Henriques, formado apenas por homens pretos e pardos, cujo nome remete a Henrique Dias, líder negro da Insurreição Pernambucana. Durante anos, sua figura esteve esquecida, até que Francisco Augusto Pereira da Costa cita-o no seu celebre Dicionário biográfico de pernambucanos célebres.
A carreira militar de Agostinho Bezerra foi prodigiosa, de praça passou para a patente de capitão do 4.° Batalhão de Granadeiros dos Henriques, passando ao posto de major durante a Confederação do Equador comandando o 4.° Batalhão de Artilharia dos Henriques, destacando-se na marcha para Ipojuca com o governador das armas José de Barros Falcão, voltando logo para Recife para guarnecer o Forte das Cinco Pontes. No comando da tropa prestou bons serviços, restabeleceu a disciplina e arregimentou novas praças. Era incansável nos meios de conservar a ordem pública, patrulhando todos os pontos de Recife.
Na noite de 21 de Junho de 1824, soldados imperais bloquearam o porto do Recife atacando a guarnição da Barca do Registro que controlava o acesso ao porto causando duas mortes. O sentimento de vingança tomou conta dos recifenses e no dia seguinte militares do Batalhão dos Homens Pardos, liderados por Emiliano Felipe Benício Munduruku, se rebelaram prontos para atacar Recife e quem apoiasse os imperiais. O que poderia ter sido um banho de sangue foi contido pelas tropas de Agostinho Bezerra, que conseguiu proteger a população dos revoltosos e apaziguar temporariamente os ânimos que estavam bem exaltados.
Após a derrota das forças confederadas em Recife, e a decisão tomada na Assembleia no Engenho Poço Comprido em Vicência (22 de setembro de 1824) de continuar a revolta marchando com um exército, a Divisão Constitucional da Confederação do Equador, Agostinho, Caneca e mais líderes rebeldes fizeram a travessia épica de Pernambuco até o Ceará, onde foram aprisionados na Fazenda do Juiz, no sul do Ceará, em 29 de novembro de 1824.
Foi conduzido preso para Recife onde entrou escoltado a 17 de Dezembro de 1824. Apresentaram-no ao general Francisco de Lima e Silva, mas este se recusou a vê-lo e mandou-o para o cárcere, incomunicável num sórdido calabouço. Na véspera do natal de 1824, Agostinho Bezerra compareceu ao tribunal imperial, que não teve piedade, nem com ele, nem com Frei Caneca. Os réus foram sumariamente julgados e arbitrariamente condenados à morte natural por enforcamento (apenas Francisco de Souza Rangel conseguiu o perdão imperial). Frei Caneca foi arcabuzado em 13 de janeiro de 1825 próximo ao Forte de São Tiago das Cinco Pontas, após os carrascos terem se recusado a cumprirem a pena de enforcamento.
Apesar dos pedidos de clemência, incluindo um abaixo-assinado de negociantes da praça do Recife, o imperador D. Pedro I manteve a condenação do réu por haver assinado todas as atas do Conselho da Confederação do Equador e por não ter aceito a Constituição outorgada de 1824, dentre outros "crimes". Num dia de sábado, Agostinho Bezerra, todo vestido de branco, fez seu último percurso pelas ruas do Recife, sendo acolhido pela multidão que foi às ruas ver pela última vez o valoroso soldado negro dos Henriques.
Chegando ao Forte de São Tiago das Cinco Pontas, ele fez um breve discurso, colocou a corda em seu pescoço, e pulou para a morte. Terminava ali, aos 37 anos, a saga de um dos pernambucanos mais icônicos e esquecidos pela historiografia oficial, cujo nome pouco se cita nos livros e manuais de História, mas cuja memória merece e carece ser lembrada e preservada. Viva Agostinho Bezerra Cavalcante e Souza. Salve o Major dos Pretos! 👊🏿👊🏾👊🏽
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📚 Fontes consultadas para a postagem:
📖 CÂMARA, Bruno Augusto Dornelas. A confederação do Equador : uma breve história de um movimento revolucionário / Bruno Augusto Dornelas Câmara. -- Recife, PE : Secretaria de Educação e Esportes, 2024. -- (Cartilha de práticas pedagógicas : ensino fundamental)
📖 COSTA, Francisco Augusto Pereira. Dicionário biográfico de pernambucanos célebres. Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 1981 (Col. Cidade do Recife, 16).
💣💥 Para saber mais sobre João Guilherme Ratcliff e Frei Caneca, também condenados à morte pelas suas participações na Confederação do Equador de 1824, acesse:
⚔ https://jrscommuitahistoriapracontar.blogspot.com/2025/03/hoje-na-historia-170325-200-anos-da.html
⏳#muitahistoriapracontar⌛
Parabéns ao blog Muita História pra Contar por rememorar este importante herói brasileiro. Viva Pernambuco! Viva Confederação do Equador!
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