terça-feira, 31 de agosto de 2021

HOJE NA HISTÓRIA - 31.08.21 - 13 Anos da Morte do Mestre Salustiano

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🎻🧒🏽 Ainda menino, sete anos, brincava cavalo-marinho pelos engenhos de Aliança. O pai era um tocador de rabeca, aprendeu com ele. Os folguedos e brincadeiras eram vistos e experimentados desde criança: maracatu, ciranda, coco, forró, mamulengo, improviso de viola. Conforme declarações próprias, considerava-se o maior dançador de cavalo-marinho e, nos versos de maracatu, inspirava-se no mestre Antônio Baracho. Manoel Salustiano Soares, ou mestre Salustiano, artista múltiplo e produtor de espetáculos e folguedos tradicionais organizados e mantidos em família, nasceu a 12 de novembro de 1945, em Aliança, e foi lá, na Zona da Mata Norte, que se iniciou no universo cultural de que é um dos mais afamados representantes.

Começou a morar em Olinda em 1965, mesmo ano em que começou a tocar rabeca profissionalmente. Passou a ser mais conhecido na década de 70. Foi entrevistado em 1989 no programa televisivo Som Brasil. Em 1997, integrou comitiva de artistas locais que foi a Cuba. Durante mais de dez anos organizou o festival da rabeca e coordenou a Casa da Rabeca do Brasil. Por quase vinte anos participou, na condição de fundador, da Associação de Maracatus de Baque Solto de Pernambuco. Recebeu o título de reconhecido saber em 1990, concedido pelo Conselho Estadual de Cultura, e o título de doutor honoris causa, na UFPE. Foi agraciado com o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural, em 2001, pela Presidência da República. Percorreu todos os estados brasileiros e outros países, como Bolívia, Cuba, França, Estados Unidos.

Com a casa repleta de filhos, o mestre Salustiano sempre manteve a liderança da família e conseguia envolver a todos nos projetos culturais que constantemente articulava no entorno da própria residência, no bairro olindense de Cidade Tabajara, reunindo a comunidade, os vizinhos, turistas e pesquisadores de cultura popular. Inicialmente, era no espaço Ilumiara Zumbi onde as apresentações aconteciam. Depois, as festas foram transferidas para a Casa da Rabeca do Brasil, espaço inaugurado pela família para oficinas, danças, encontros de maracatu rural e de cavalo-marinho, shows de música regional. No natal, vários grupos de cavalo-marinho se reúnem e brincam a noite toda. Tem também pastoril, ciranda, o cavalo-marinho Boi Matuto, fundado pelo mestre em 1968, e o Mamulengo Alegre, outro brinquedo da família, cujos bonecos eram feitos por Salu mesmo. No domingo de carnaval, chegam no terreiro da família troças, ursos, caboclinhos, boi, burra, além do grande acontecimento da tarde: a trincheira do maracatu rural Piaba de Ouro, que fundou em 1977, e hoje é estruturado com mais de 300 componentes. Na segunda de carnaval, acontece o encontro de todos os maracatus rurais de Pernambuco.

Graças à sensibilidade artística e às invenções de homem inteligente, Salustiano cultivava a memória da infância, povoada de cavalo-marinho, maracatu, mamulengo, pastoril, ciranda, forró de oito baixos, reisado, marujada, fandango, poesia improvisada, ao mesmo tempo em que gerenciava os próprios folguedos e temática casa de espetáculos. Foram quatro CDs gravados, movidos pelas sonoridades de ciranda, maracatu, mamulengo, coco, forró, frevo: O sonho da rabeca, As três gerações, Cavalo-marinho, Mestre Salu e a sua rabeca encantada.

Salustiano faleceu no Recife, em 31 de agosto de 2008. Entretanto, confortável é saber que o legado se perpetua nas produções culturais e criações artísticas dos filhos, legítimos herdeiros e continuadores da obra do Mestre Salu. 👏🎶👏🎵👏

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#historiadamusicanordestina
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

📖 Créditos do texto: Amorim, Maria Alice. Patrimônios Vivos de Pernambuco; 2. ed. rev. e amp. Recife: FUNDARPE, 2014

⏳#muitahistoriapracontar⌛

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