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🏛️📜 Num dia como hoje, 5 de outubro, há 200 anos era assinado a CONVENÇÃO DE BEBERIBE, armistício que pôs fim à disputa entre o Conselho Governativo do Recife, então presidido pelo general português Luiz do Rego Barreto, e a Junta Governativa de Goiana, chefiada por Francisco de Paula Gomes dos Santos, sobre a Província de Pernambuco em 1821. Representou na prática o fim do domínio português sobre a Província, com a instauração de um governo autonômo para os pernambucanos, portanto antecipando em onze meses o processo de emancipação política brasileiro, efetivado em 7 de setembro de 1822 por D. Pedro às margens do riacho Ipiranga.
A Convenção de Beberibe foi um desdobramento direto da Junta Governativa de Goiana, constituída em 29 de agosto de 1821. A Junta goianense que foi um movimento nacionalista, formado, em sua maioria, por brasileiros natos, em que parte da elite pernambucana viram na atuação das cortes constituintes de Lisboa a oportunidade de abolir o absolutismo e de fugir ao controle de Portugal e do Rio de Janeiro. O propósito deste Governo de Goiana foi o de consolidar, em Pernambuco, as políticas das Cortes Constitucionais portuguesas, e combater o representante da Monarquia absolutista, em Pernambuco, o general governador Luiz do Rego Barreto, feroz e combatente da Revolução Pernambucana de 1817.
As aspirações políticas dos pernambucanos, ainda sob as influências da Revolução Pernambucana de 1817, entraram em conflito quando o general Luiz do Rego Barreto se recusou a reconhecer a Junta Governativa de Goiana, propondo então um acordo de um governo de coalizão entre as duas juntas, o que foi recusado pelos goianenses. Cada Junta resolveu então partir para o combate decidindo o controle da província no campo de batalha. Esse fato é considerado o primeiro episódio da Independência do Brasil.
Durante este período, a Junta de Goiana coexistiu com o Conselho Governativo do Recife, então presidido pelo General Rego Barreto. Assim, tínhamos duas gestões: uma de resistência e a outra de imposição. O conflito armado seria inevitável. As duas forças se encontraram em Igarassu, mas não ocorreu o combate: as tropas enviadas por Luís do Rego eram formadas por soldados brasileiros recrutados por oficiais portugueses e se passaram para o lado das tropas de Goiana.
O Governo de Goiana tendo, como um dos líderes, o português Felippe Menna Callado da Fonseca, cercou o Recife, fazendo Luiz do Rego a aceitar um Tratado, que foi discutido, democraticamente, na povoação de Beberibe. Foi quando surgiu a figura de Gervásio Pires Ferreira, emissário do general, e Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque, representando o Governo de Goiana, para buscar o entendimento a fim de evitar o confronto armado. Desta busca pela solução, nasce a Convenção de Beberibe, em 5 de outubro de 1821, quase dois meses após o inicio da contenda, efetivada onde atualmente é a Praça da Convenção, no bairro de Beberibe, no Recife. Esse evento foi um acordo entre os nacionalistas, da Junta de Goiana, e os portugueses, representantes da Junta presidida por Luís do Rego.
A Convenção de Beberibe resolveu que cada Junta ficaria com a jurisdição na área que dominava, até a realização de uma eleição com o maior número de representantes que escolhesse uma nova Junta; na prática, o documento que dava autonomia a Pernambuco, pondo fim ao período de dominação portuguesa. O pleito foi realizado na Sé de Olinda, no dia 26 de outubro de 1821, sendo eleito presidente o comerciante Gervásio Pires Ferreira, que fora revolucionário de 1817, que também tinha ajudado a Junta de Goiana. No mesmo dia Luís do Rêgo viajou para Lisboa, retornando para Portugal, acompanhado de parte de suas tropas e de protegidos e amigos, compreendendo que sua missão no Brasil estava concluída. Era o fim do Governo português em Pernambuco.
No Recife, um monumento erguido pelo artista plástico Abelardo da Hora em 1972 – construído na ocasião da comemoração dos 150 anos da Independência do Brasil – faz homenagem à Junta Governativa de 1821, instalado na Praça da Convenção de Beberibe. A partir de 2017, o dia 5 de outubro foi reconhecido como data comemorativa estadual, segundo a Lei 6.241/2017 artigo N° 26. Apesar da relevância da Convenção de Beberibe para a História pernambucana, ela permanece desconhecida e esquecida pela maioria da população (basta lembrar que dos três principais jornais da cidade, apenas um fez uma referência ao mesmo hoje, dia 5 de outubro e as comemorações oficiais se limitou a uma live a ser transmitida pelo youtube da Secretaria de Cultura do Estado).
Em qualquer lugar do mundo onde se comemorasse os 200 anos de uma data importante como essa haveria grandes comemorações com direito à feriado, palestras, concertos musicais, enfim uma intensa programação cultural. Quanto a nós, se brincar, nem nas escolas esse fato vai ser lembrado hoje! Fico realmente entristecido com a forma como nós, pernambucanos, estamos esquecendo a nossa própria História, perdendo essa memória de luta e resistência. 😞😓😔😪
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
🖱️ Site da Revista Algo Mais
🖱️ Sites dos três principais jornais do Estado: Diario, Folha e Jornal do Commércio 🗞️🗞️🗞️
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