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🎂🎉🍰 Num dia como hoje, 27 de dezembro, há 73 anos, nascia em São Paulo, Júlio Renato Lancellotti, que mais tarde abraçaria o sacerdócio católico e influenciado pela Teologia da Libertação e a "opção preferencial pelos pobres" referendada nas Conferências Episcopais de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007) escolheu servir às populações mais pobres e excluídas ficando conhecido como PADRE JÚLIO LANCELLOTTI. Seu trabalho pastoral é reconhecido nacional e internacionalmente, tendo ganhado vários prêmios pela sua atuação humanitária e defesa dos direitos humanos.
A trajetória religiosa de Júlio começou aos doze anos, quando entrou para o seminário em Araraquara, mas, incomodado com a rigidez da instituição, retornou para São Paulo, onde terminou o ginásio numa escola de presbíteros agostinianos. Decidiu mais uma vez se preparar para a carreira religiosa, chegou a ser frade, mas, aos dezenove anos, largou a batina novamente. Mas o chamado da fé foi mais forte e Júlio voltaria ao seminário, desta vez influenciado por Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, então bispo-auxiliar de São Paulo, e finalmente ele é ordenado sacerdote em 20 de abril de 1985 pelo próprio Dom Luciano.
Ao longo dos anos de sacerdócio, o padre Júlio Lancellotti foi protagonista fundamental na concretização de várias ações pastorais da Arquidiocese de São Paulo: Pastoral do Menor, Pastoral da Criança, "Casa Vida I" e, posteriormente, a "Casa Vida II" (para acolher crianças portadoras do vírus HIV), mas seu principal destaque foi mesmo com as populações de rua, trabalho este iniciado em Em 1986 quando foi designado para a Paróquia São Miguel Arcanjo da Mooca. Quatro anos depois ele foi um dos fundadores da Comunidade Povo da Rua São Martinho de Lima, um abrigo para moradores de rua.
O padre dos pobres e mendigos é constantemente atacado por pessoas e grupos reacionários, conservadores ou de extrema-direita. A lista de desafetos é enorme, e de ameaças também. Os seus adversários fazem questão de lembrar do caso de extorsão da qual foi vítima o padre em 2004, mesmo depois que a própria Justiça reconheceu sua inocência em 2011, inclusive com a condenação e prisão dos envolvidos. A fortaleza do padre Júlio impressiona. Nem mesmo as ameças conseguem fazê-lo desistir de seu ideal.
Uma de suas ações mais simbólicas e icônicas foi no dia 2 de fevereiro deste ano, quando quebrou a marretadas blocos de paralelepípedos colocados pela gestão do falecido prefeito Bruno Covas (PSDB) na parte inferior de viadutos na Zona Leste da capital para impedir a ocupação desses espaços pelas populações de rua. A ação do padre repercutiu e a própria prefeitura fez questão de retirar os paralelepípedos, vistos como uma política higienista, uma forma de retirar a população de rua do local.
Padre Júlio Lancelloti até hoje atua junto a menores infratores, detentos em liberdade assistida, pacientes com HIV/Aids e populações de baixa renda e em situação de rua. Acredita na pessoa humana acima de tudo, "como imagem e semelhança de Deus" e considera que todos os cidadãos que devem ter seus direitos respeitados. Sua militância cristã, seguindo os passos de Dom Hélder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Oscar Romero, padre Josimo Tavares, Zilda Arns, Irmã Dorothy Stang e de tantos outros que abraçaram a causa do reino, sempre buscou estar fundamentada numa Igreja "sem paredes", pronta para receber e abraçar as pessoas em situação de vulnerabilidade e injustiça social, na certeza, de que nelas, Jesus reside com mais vontade.
A caminhada pastoral do padre Júlio Lancellotti rendeu-lhe prêmios e homenagens das mais diversas: a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil deu-lhe o Prêmio Franz de Castro Holzwarth em 2000 por seu trabalho contra a violação sistemática dos direitos das crianças e dos adolescentes; em 2003, a Casa Vida recebeu o Prêmio OPAS, da Organização Pan-Americana da Saúde; em 2004, o Movimento Nacional de Direitos Humanos concedeu-lhe o Prêmio Nacional de Direitos Humanos; também em 2004, a Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, na categoria livre.
Em 2005, padre Júlio recebeu menção honrosa do Prêmio Alceu Amoroso Lima Direitos Humanos; em 2007 recebeu o Prêmio dos Direitos Humanos promovido pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, na categoria “Enfrentamento à Pobreza”. Em 2021, foi um dos vencedores do Prêmio Zilda Arns pela Defesa e Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa, da Câmara dos Deputados, reconhecido pelo seu trabalho em benefício da população em situação de rua. Padre Júlio Lancellotti é ainda Doutor Honoris Causa pela Universidade São Judas Tadeu (2004) e pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
E hoje, aos 73 anos, ainda é possível vê-lo nas ruas ou na Igreja, fazendo aquilo que sabe de melhor: acolher quem precisa de ajuda, seguindo os exemplos deixados por Jesus Cristo, como coordenador da Pastoral do Povo de Rua, ciente de que segundo ele mesmo "“não se humaniza a vida numa sociedade como a nossa sem conflito”, e ele nunca recuou mesmo quando os poderosos quiseram prejudicá-lo. Mais que um feliz aniversário, podemos dizer, obrigado por tudo padre Júlio Lancellotti. 🥳🥳🥳👏👏👏
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
💻 Wikipédia
🖱️ Portal G1
📰 Site do Jornal El País
💒 Site oficial da Arquidiocese de São Paulo
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