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😠💣💥 Num dia como hoje, 13 de março, há exatamente 200 anos, às margens do rio Jenipapo, na vila de Campo Maior, no interior do Piauí (hoje uma cidade de 47 mil habitantes a 80 km de Teresina) ocorreu a BATALHA DO JENIPAPO, um dos confrontos mais sangrentos da Guerra da Independência do Brasil, e capítulo fundamental no processo de consolidação do território nacional. Uma coalização formada por piauienses, maranhenses e cearenses se rebelou contra as tropas do Major João José da Cunha Fidié, que era o comandante das tropas portuguesas, encarregadas de manter o norte da ex-colônia fiel à Coroa Portuguesa. Os brasileiros lutaram com instrumentos simples, não com armas de guerra, não tinham experiência. Perderam a batalha, mas fizeram com que a tropa desviasse seu destino.
A província do Piauí era considerada estratégica por ser uma espécie de porta de entrada para as províncias do Norte, especialmente Maranhão e Grão-Pará, onde os portugueses tinham prestígio dentre as elites locais. Também havia uma importância econômica: nesta época, o Piauí tinha uma pecuária pujante, com um dos maiores rebanhos de bovinos do país, e era um dos principais fornecedores de carne seca do Norte e Centro-oeste, sendo suplantado apenas pelo charque do Rio Grande do Sul.
O Piauí passava, assim como suas vizinhos em todo o Brasil, por um complicado processo de lutas pela independência em 1823. Desde a Revolução do Porto em 1820, e mais especificamente com a determinação das cortes portuguesas de que deveriam ser criadas Juntas Governativas nas províncias, que jurassem lealdade à Portugal, houve um alvoroço de disputas entre separatistas e conservadores.
No Piauí, a Junta pró-lusitana foi criada em 7 de abril de 1822, e seu governador das armas era João José da Cunha Fidié, português experiente que havia lutado nas guerras napoleônicas. Ao longo da província, no entanto, algumas vilas foram contra ao processo, como Parnaíba, Campo Maior e até uma parte da capital Oeiras.
Após a declaração da independência do Piauí feita a 19 de Outubro de 1822, em Parnaíba, o comandante português reúne suas tropas e parte de Oeiras em direção à Parnaíba, a 13 de novembro, para combater os emancipacionistas liderados por Francisco Inácio da Costa, José Francisco de Miranda Osório, José Marques Freire, Luís de Sousa Fortes Bustamante Sá e Menezes, Simplício José da Silva, Luis Rodrigues Chaves, João da Costa Alecrim, José Antônio da Costa Cardoso e Alexandre Nery Pereira Nereu.
Fidié chegou a Campo Maior e, no dia 13 de março de 1823, pela manhã, onde tem início a batalha entre suas tropas bem armadas e experientes, além de brasileiros sem treinamento militar, utilizando paus, pedras e outros materiais de pouco poder ofensivo. As margens do rio Jenipapo foram palco de uma batalha desigual. Foram cerca de 1.600 soldados das tropas portuguesas, armadas com 11 canhões e lideradas por oficiais experientes. Do outro lado, estava uma milícia precária, formada às pressas, com cerca de 2.000 homens do Piauí e Ceará. Em sua maioria, eram vaqueiros e trabalhadores rurais, arregimentados por líderes políticos locais, além de indígenas e negros libertos.
A Batalha do Jenipapo durou cinco horas: começou por volta de 9h e seguiu até as 14h, deixando um saldo de 36 mortos do lado português e entre 200 e 400 mortos nas tropas brasileiras, um número superior ao de todas as baixas ocorridas na Independência da Bahia (durante o movimento,que se estendeu por um ano e quatro meses em Salvador e arredores, houve aproximadamente 150 mortes no lado brasileiro).
Os portugueses ganharam a batalha, mas foram surpreendidos ao retornar ao acampamento: num ataque de surpresa, os brasileiros se apoderaram dos armamentos e da munição, além do dinheiro e da bagagem do major Fidié. Com esse material de guerra, bloquearam o caminho de volta para a capital Oeiras, forçando o comandante e suas tropas a abandonarem o Piauí.
O Exército ficou acampado na fazenda Tombador, seguiu para a vila do Estanhado e depois seguiu para Caxias, no Maranhão, onde houve um princípio de rebelião entre soldados portugueses. Com isso, o Exército português ficou isolado em Caxias, sem a possibilidade de receber reforços de Oeiras, Parnaíba e São Luís, já dominados pelos brasileiros.
As tropas portuguesas são obrigadas a recuar para o Maranhão e os rebeldes piauienses acabam conseguindo dominar a província. Essa tendência se espalha também no próprio Maranhão. Em 20 de julho de 1823 a guarnição comandada por Fidié, 700 homens, que estava entricheirada no monte da Taboca, perto de Caxias, sitiada e hostilizada por milicianos e voluntários do Ceará, do Piauí e do Maranhão, sob o comando do capitão-mor José Pereira Filgueiras, acabou capitulando (rendendo-se). Fidié é enviado ao Rio de Janeiro e de lá para Lisboa, onde termina seus dias.
Ao mesmo tempo, os independentistas da capital organizavam suas tropas e recebiam reforços do Ceará, Pernambuco e Bahia, chegando a perto de 22 mil soldados arregimentados. O reforço também veio pelo mar. Depois de expulsar os portugueses da Bahia, escorraçando o Exército liderado por Madeira de Melo, a esquadra do almirante escocês Thomas Cochrane desembarcou em São Luís e fez com que a junta governativa, sob a mira de canhões, jurasse lealdade a D. Pedro em 28 de julho de 1823.
A cidade de Campo Maior abriga um monumento, um museu e um cemitério nas margens do rio. Neste campo santo despido de adornos e mausoléus, estão enterrados os restos mortais dos brasileiros anônimos que morreram em batalha, cercados por pedras e cruzes de madeira. O cemitério do Batalhão é considerado patrimônio nacional e foi tombado em 1990.
Após alguns movimentos por parte de políticos, historiadores e da população, a data de 13 de março de 1823 foi acrescida à bandeira estadual a partir de 2005, após aprovação da Assembleia Legislativa do Piauí. Está em curso a implantação do estudo da Batalha do Jenipapo na disciplina de História. Durante as comemorações e reflexões do dia 13 de março o município de Campo Maior faz a entrega da Medalha do Mérito Heróis do Jenipapo, uma alusão à Batalha que decidiu os rumos que o Brasil tomaria no pós 7 de setembro de 1822. 👏👏👏👏👏👏
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
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