sábado, 19 de fevereiro de 2022

HOJE NA HISTÓRIA - 19.02.22 - 200 Anos da Morte de Joana Angélica

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😓🖤 Num dia como hoje, 19 de fevereiro (embora alguns citem o dia 20 de fevereiro), morria assassinada em Salvador a freira JOANA ANGÉLICA, da Ordem da Imaculada Conceição. Ela era a Sóror (Madre Superiora) do Convento da Lapa e estava com 60 anos. Joana Angélica morreu devido aos ferimentos decorrentes de um golpe de baioneta, por um dos soldados portugueses que invadiram o claustro do convento, onde ficavam recolhidas as noviças. 

Joana Angélica de Jesus nasceu em 12 de dezembro de 1761 na cidade de Salvador. Desde cedo manifestou inclinação pela vida religiosa. Seus pais, José Tavares de Almeida e Catarina Maria da Silva, respeitaram a vocação da filha. Aos 20 anos de idade, a jovem Joana entrava como franciscana para o Convento da Lapa; após um ano de noviciado, a 18 de maio de 1783, professava-se Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. No Convento atuou em diversas funções, dentre as quais se destacam: a de escrivã (1797), vigária (1812-1814), abadessa (1815) e prelada (1819). 

Na manhã do dia 19 de fevereiro de 1822 houve um violento choque, com trocas de tiros nas imediações do Campo da Pólvora. Inferiorizados em homens e armamentos, os brasileiros fugiram “pelas matas do Tororó”, conforme registro da época. Acreditando que eles tivessem se escondido no Convento da Lapa se dirigiram para lá e arrombaram a porta. Foi neste instante que Joana Angélica surgiu à frente deles. Suas palavras aos soldados foram: "Para trás, bandidos! Respeitai a casa de Deus! Só entrarão passando por cima do meu cadáver".

O capelão do convento, Padre Daniel Lisboa, que tentou defendê-la, levou golpes de coronhadas na cabeça. O convento foi invadido mas ninguém foi encontrado. Joana foi ferida a golpes de baioneta e não resistiu. As noviças já tinham sido retiradas por outras religiosas e estavam a caminho do Convento das Mercês, onde buscavam abrigo. Se havia brasileiros escondidos não foram encontrados pois o convento foi minuciosamente revistado. Há versões de que ao perceber a proximidade dos militares ao convento Joana Angélica teria mandado elas saírem por outro acesso enquanto tentaria ganhar tempo, retendo-os no portal que dá acesso ao pátio.

Sóror Angélica agiu de maneira a resguardar a integridade das freiras. A ação dela era de proteger o convento, as noviças e outras irmãs, não tinha qualquer ligação com a causa entre portugueses e brasileiros, mas acabou sendo uma das primeiras vítimas da guerra pela independência na Bahia, que se estenderia por mais 17 meses, e só terminaria em 2 de julho de 1823 com a expulsão das tropas portuguesas comandadas por Madeira de Melo em Salvador.

Joana Angélica foi sepultada no próprio convento, no local exato em que foi atingida. A morte dela aumentou a revolta dos baianos contra o domínio português. O comandante Inácio Luís Madeira de Melo passou a ser conhecido como "Madeira podre de Melo". O clima de comoção foi intenso em Salvador e ecoou no Rio de Janeiro, onde a colônia baiana mandou celebrar uma missa de 30° dia, em que compareceram, trajando luto fechado, o Príncipe Regente Dom Pedro e a Princesa Leopoldina.

A abadessa Joana Angélica é cultuada tanto por católicos quanto por espíritas. Estes últimos veem a abadessa como uma das reencarnações de mentora espiritual Joanna de Ângelis, que em vidas anteriores teria reencarnado como Juana Inés de la Cruz, poetisa da escola barroca, dramaturga, filósofa e freira mexicana. Joanna de Ângelis, segundo os espíritas, é a mentora do médium Divaldo Pereira Franco, considerado por muitos como o sucessor de Chico Xavier.

Entre os católicos, Joana Angélica é vista como uma mártir. É cultuada por fiéis que fazem preces e pedidos de fiéis que visitam o seu mausoléu no Convento da Lapa. O Convento da Lapa solicitou, em 2001, a inclusão da pesquisa de documentos comprobatórios do martírio da Madre Joana Angélica, para que se tornasse possível o processo canônico da beatificação da citada freira. Os duzentos anos de sua morte foram lembrados com missas e homenagens na capital baiana.

Além de nomear ruas e praças na Bahia e em vários Estados brasileiros, o nome de Joana Angélica está inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, feito aprovado pela Lei nº 13.697 de 26 de julho de 2018. A coragem e bravura de Joana Angélica estimularam os baianos a lutarem contra os portugueses e em batalhas épicas como Itaparica (7 de janeiro de 1823), Cabrito e Pirajá (8 de novembro de 1822) definiram os rumos da Independência brasileira. 🇧🇷👊💪👊🇧🇷

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

👉 Para saber mais sobre a guerra da Independência na Bahia, acesse:


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