terça-feira, 27 de maio de 2025

HOJE NA HISTÓRIA - 27.05.25 - 56 Anos do Assassinato do Padre Henrique

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😓🖤 Num dia como hoje, 27 de maio, há 56 anos, o coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife, professor e especialista em problemas da juventude, PADRE HENRIQUE era torturado e assassinado covardemente pela ditadura fascista brasileira no matagal da Cidade Universitária, onde ironicamente se encontra o Colégio Militar do Recife atualmente, no Estado de Pernambuco. O corpo foi encontrado com marcas evidentes de tortura: hematomas, queimaduras de cigarro, cortes profundos por todo o corpo, e três ferimentos produzidos por arma de fogo.

Antônio Henrique Pereira Neto nasceu no Recife, em 28 de outubro de 1940. Aos 16 anos, entrou para o Seminário de Olinda, e depois para o Seminário da Imaculada Conceição, no bairro da Várzea. Após receber as ordens menores em 1960, foi para os Estados Unidos cursar teologia no Mount Saint Bernard Seminary. Em 1962, retornou ao Brasil para o curso de seminarista no Seminário Regional do Nordeste, em Olinda (PE), e posteriormente em Camaragibe (PE). Além de religioso, ele era professor, chegando a lecionar nos colégios Marista e Vera Cruz e na Faculdade de Ciências Sociais no Recife.

Em 25 de dezembro de 1965, obteve ordenamento na Matriz da Torre por dom Hélder Câmara. Coordenador da Pastoral da Juventude, desenvolvia atividades de inclusão social e recuperação de jovens, promovia reuniões com a juventude e também com pais para discussão de problemas sociais, além de trabalhar como professor em três escolas. Era auxiliar direto de dom Hélder Câmara e com ele realizou reiteradas e contundentes denúncias sobre a violência praticada pela ditadura militar. Ele prestava assistência à juventude, e particularmente junto aos estudantes, inclusive mantendo encontros com estudantes cassados. 

Ele ficou conhecido por presidir a missa em memória do jovem estudante Edson Luís de Lima Souto, que foi covardemente assassinado por policiais militares. Esse trágico evento gerou revolta e protestos em todo o país, culminando na histórica Passeata dos Cem Mil, que se tornou um marco na resistência ao regime militar e resultou na implantação do AI-5, um dos períodos mais sombrios da história brasileira.

As denúncias feitas pelo Padre Henrique e seu engajamento junto aos estudantes e à Pastoral da Juventude o tornaram alvo do Comando de Caça aos Comunistas, um órgão de extrema-direita que o acusava de ser comunista. Eles planejavam um atentado contra o Colégio Juvenato Vidal, onde o Padre Henrique lecionava, e atiraram contra o local, deixando o estudante Cândido Pinto de Melo paraplégico. Diante dessa situação, Padre Henrique organizou um protesto, mas antes que pudesse ser concluído, na noite do dia 26 de maio de 1969, ele foi sequestrado.

Henrique foi visto pela última vez por uma de suas alunas, que testemunhou o padre entrar em uma rural acompanhado por três homens. Na madrugada do dia 27 de Maio de 1969, moradores do Engenho do Meio no Recife chegaram a ouvir disparos vindos das matas fechadas ali perto. Logo no início da manhã foi achada a vítima dos disparos, era o Padre Henrique cujo o corpo apresentava marcas de tortura também. Ele tinha apenas 28 anos.

O assassinato de Padre Henrique causou indignação na população, que realizou uma grande procissão com gritos de protesto contra a ditadura. No dia de seu sepultamento, no Cemitério da Várzea, após o corpo ser sepultado, Dom Hélder conclamou a multidão a promover um silêncio profundo. Anos depois, declarou: "era um silêncio que gritava"

Apesar das suspeitas da família sobre a participação das forças de repressão militares, corroboradas pelo depoimento de um detetive envolvido nas investigações, a Comissão Judiciária de Inquérito instaurada pelo governador da época (Nilo Coelho) as isentou. Em 1988, o Ministério Público apresentou uma denúncia-crime contra Bartolomeu Gibson, diretor do Departamento de Investigações da Secretaria de Estado e Segurança Pública de Pernambuco à época do assassinato, mas o Tribunal de Justiça de Pernambuco decidiu pelo arquivamento da ação penal.

O caso Antônio Henrique Pereira da Silva Neto foi levado à CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos) do Ministério da Justiça, com relatoria de Nilmário Miranda, aprovada por unanimidade em 18 de janeiro de 1996, nos termos do art. 7º da Lei nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995. O seu nome consta tanto no “Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964” publicado no Recife em 1995, quanto no Dossiê ditadura: mortos e desaparecidos no Brasil (19641985), publicado em São Paulo, em 2009, organizados pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Além do Padre Henrique, outros também foram vítimas da ditadura militar aqui em Pernambuco: Fernando Santa Cruz, Soledad Barret Viedma, Jarbas Pereira Marques e outros idealistas que perderam suas vidas. Como disse Dom Hélder Câmara: “O trucidamento do Padre Henrique é obra daqueles que julgam estar salvando a civilização cristã com a eliminação de sacerdotes e líderes estudantis.”

Em sua memória, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), dentro do Projeto História nas Paredes, deverão inaugurar amanhã, dia 28 de maio, um marco em homenagem ao padre Henrique ficará na Praça da Liberdade, localizada na Avenida dos Reitores, dentro do campus universitário. Além da Universidade e do IAHGP, a homenagem conta com o apoio de instituições e órgãos como o Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (CENDHEC), da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, e a Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara. Viva Padre Henrique! 🙌🏼🙌🏼🙌🏼🌹🌹🌹🙏🏽🙏🏽🙏🏽

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🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

👉 Para saber mais sobre os presos, torturados e assassinados durante o regime militar brasileiro, acesse:


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