domingo, 24 de agosto de 2025

HOJE NA HISTÓRIA - 24.08.25 - 50 Anos da Tragédia da Lagoa em João Pessoa

😭⚰ 🌊 🛶 🌊 ⚰😭

✝😭💔 Num dia como hoje, 24 de agosto, há exatamente 50 anos, o que deveria ser uma tarde dominical de diversão e entretenimento no parque Solon de Lucena, centro da cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, terminou com um desastre nunca visto antes no país: o naufrágio de uma portada (embarcação do Exército) na lagoa que fica dentro do parque com a morte de 35 pessoas, sendo 29 crianças. A TRAGÉDIA DA LAGOA, como ficou conhecida foi provocada pelo excesso de passageiros na dita embarcação, que não suportou o peso e afundou diante de aproximadamente cinco mil pessoas que estavam ali para as comemorações do dia do soldado.

Naquele ano de 1975, o Exército brasileiro havia organizado uma exposição para comemorar o dia do soldado no parque Solon de Lucena, na época principal ponto de entretenimento de João Pessoa. Houve exposição de armas (equipamentos bélicos obsoletos, usados na Primeira Guerra Mundial), de carros de combates e uma atração extra: um passeio de barco em volta da lagoa, a bordo de uma espécie de balsa (uma portada do tipo M-2) usada pelo Exército para transportar mercadorias, mas que naquele dia levaria pessoas.

Seria um passeio diferente, que, por isso mesmo, empolgava os visitantes da festa, especialmente as crianças. Desde o começo do dia, uma longa fila se formou nas margens da lagoa, com os interessados em navegar naquela balsa. E ficou assim o dia inteiro.

A tragédia aconteceu no final da tarde, por volta das 17h15, quando já estava quase anoitecendo e a festa terminando, e os soldados encarregados de organizar a fila avisaram que aquela seria a última viagem. Quando quem estava no fim da fila percebeu que não embarcaria, todos correram, a fim de garantir um lugar. E a consequência disso foi que embarcou muito mais gente do que devia. Cerca de 200 pessoas, quando a capacidade da balsa era para pouco mais de 50. Os soldados até tentaram conter a multidão, mas logo desistiram.

E a balsa partiu, superlotada. Mas, poucos metros depois, começou a afundar, pelo excesso de peso. Assustadas, as pessoas passaram para a parte da balsa que ainda estava seca. Mas o acúmulo de gente no mesmo lado fez o barco virar de vez. Todos foram parar dentro d'água, em um ponto onde a lagoa passava dos cinco metros profundidade.

O acidente foi anunciado no rádio e em poucos minutos o Corpo de Bombeiros chegou à Lagoa para fazer o resgate das vítimas. Policiais militares e pessoas que observavam o passeio também atuaram na operação.

Não havia boias, ninguém vestia colete salva-vidas e poucos sabiam nadar, até porque a maioria dos passageiros da balsa eram crianças - o cenário perfeito para uma improvável tragédia aquática, a míseros metros das ruas da cidade. Um afogava o outro. Com exceção das crianças, o que matou as pessoas foi também o pânico. Ao caírem na água, elas se agarravam umas às outras, e com isso afogavam até quem sabia nadar.

Foi o que aconteceu com o maior herói daquele dia, o sargento Reginaldo Calixto, que estava de folga e apenas passeava pela lagoa aquele domingo. Quando ele ouviu as pessoas gritando, se atirou na água da lagoa e tratou de puxar para a margem quem ele encontrava pela frente. Especialmente as crianças. Fez isso duas ou três vezes, até que virou vítima das próprias pessoas que tentava salvar: foi agarrado por náufragos desesperados e morreu afogado.

Fora ele, praticamente ninguém entrou na água da lagoa para ajudar os náufragos – todos ficaram nas margens, acompanhando aquele tétrico espetáculo. Só quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local, alertado por um radialista que testemunhou o desastre e correu para a rádio na qual trabalhava a fim de convocar a população da cidade a ajudar, é que começaram os resgastes – já então de corpos, e não mais de sobreviventes.

O recolhimento dos corpos foi feito com redes de pesca, que traziam cadáveres em vez de peixes, porque a água escura da lagoa não permitia enxergá-los da superfície – e não houve tempo para chamar mergulhadores. O resgate dos corpos durou mais de 24 horas, até porque, como não se sabia quantas pessoas havia na balsa, era impossível saber quantos haviam morrido no desastre.

O Jornal paraibano "A União" publicou numa de suas edições a lista completa das vítimas fatais da tragédia:

⚰️🖤 Ailton de Souza, 11 anos
⚰️🖤 Alexandre Pinto de Lemos, três anos
⚰️🖤 Bernadete de Lourdes Azevedo Rodrigues, 13 anos
⚰️🖤 Carlos Alberto Nóbrega, 19 anos
⚰️🖤 Cláudio José Freitas de Almeida, nove anos
⚰️🖤 Denize de Azevedo Leite, 10 anos
⚰️🖤 Edilio Basseto, 30 anos
⚰️🖤 Eredimar Batista Leite Gomes, oito anos
⚰️🖤 Ermes Pessoa de Almeida Filho, 11 anos
⚰️🖤 Francinete Marinho, 17 anos
⚰️🖤 Geane Sandra Arruda e Silva, seis anos
⚰️🖤 Genilda da Silva Amorim, 20 anos
⚰️🖤 Genival Barros de Araújo, 14 anos
⚰️🖤 Gildivam Vieira da Silva, sete anos
⚰️🖤 Gilson Viera da Silva, cinco anos
⚰️🖤 Irene Lopes Vieira, 43 anos
⚰️🖤 Ivânia das Neves Silva, três anos
⚰️🖤 Ivanilson Pinto de Lemos, cinco anos
⚰️🖤 Jailma Batista Leite Gomes, nove anos
⚰️🖤 Jailton Batista Leite Gomes, seis anos
⚰️🖤 Jean Sérgio de Arruda e Silva
⚰️🖤 João Elder Bandeira de Almeida
⚰️🖤 Joelma Solange de Arruda, três anos
⚰️🖤 José Soares
⚰️🖤 José Wertes Abrantes de França, sete anos
⚰️🖤 Maria Célia Silva
⚰️🖤 Maria da Conceição, 13 anos
⚰️🖤 Maria de Fátima Genésio dos Santos
⚰️🖤 Maria Elizete de Almeida, 40 anos
⚰️🖤 Maria José Apolinário da Silva, 22 anos
⚰️🖤 Marieta de Souza da Silva
⚰️🖤 Paulo Sérgio da Silva Mesquita, sete anos
⚰️🖤 Paulo Xavier de Mesquita
⚰️🖤 Reginaldo Calixto da Silva, 30 anos
⚰️🖤 Wilberto Rodrigues da Silva, sete anos

Segundo Nota Oficial emitida pelo 1º Grupamento de Engenharia, em dado momento da travessia, houve um alarde de que a embarcação estava fazendo água, o que causou o pânico. As pessoas se aglutinaram na frente da portada, fazendo com que o barco submergisse com o peso. A única medida de segurança não evitou as mortes: um bote pneumático ao lado da portada (balsa).

50 anos depois, ninguém foi formalmente punido pela tragédia. Na época o Brasil vivia o regime militar, e aquela festa fora organizada pelo próprio Exército, por isso mesmo foi abafada e pouco repercutiu fora da cidade. Tempos depois, o inquérito que investigou o caso apontou o Exército como responsável pelo acidente, por ter permitido o excesso de pessoas na balsa e sem nenhum tipo de proteção, mas os culpados nunca foram penalizados.

Em 2016, a TV Assembleia da Paraíba chegou a produziu o documentário “Lagoa 1975: o passeio que não terminou” (disponível no YouTube). Na obra de 14 minutos, o jornalista Gilvan de Brito – que também escreveu o livro “Opus Diaboli: A Lagoa e Outras Tragédias” – relata que, inicialmente, o oficial que estava encarregado pelo passeio negou-se a levar aquela quantidade superior de pessoas. Segundo o documentário, a capacidade máxima era de 60 pessoas, mas subiram por volta de 200 a bordo.

Tanto o prefeito Hermano Almeida quanto o governador Ivan Bichara decretaram luto oficial por três dias. Até o desfile de sete de setembro de 1975 em João Pessoa foi cancelado. Segundo relatos publicados nos jornais da época, “Todos conheciam alguém ligado às vítimas”. 😞😓😥😢😭

#50anosdatragediadalagoa
#historiadosgrandesdesastresbrasileiros
#tragediadalagoadejoaopessoa

🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋 professor e historiador.

👉 Para saber mais sobre outras grandes tragédias acontecidas no Brasil, acesse:






⏳#muitahistoriapracontar⌛

Sem comentários:

Enviar um comentário

NOSSA LOGO OFICIAL DA REDE MUITA HISTÓRIA PRA CONTAR

O projeto "MUITA HISTÓRIA PRA CONTAR" surgiu da necessidade de levar às pessoas conhecimento e informação pautadas no conhecimento...