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😓🖤 Num dia como hoje, 27 de agosto, há 24 anos, na cidade de Recife, capital de Pernambuco, fazia a sua páscoa – dentro do Catolicismo é uma forma de citar que alguém faleceu – DOM HÉLDER CÂMARA, Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, que durante 21 anos pastoreou o rebanho católico de uma das maiores e mais antigas Arquidioceses do Brasil: a de Olinda e Recife, criada em 1910. Ele foi um dos fundadores da CNBB e grande defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil. Pregava uma Igreja voltada para os pobres e a não-violência.
Hélder Pessoa Câmara nasceu em Fortaleza-CE, no dia 7 de fevereiro de 1909. Logo aos 14 anos, entrou no Seminário da Prainha de São José, em Fortaleza, onde também cursou Filosofia e Teologia. Com apenas 22 anos, foi ordenado sacerdote, com a autorização da Santa Sé, pois não completara a idade mínima para ordenação (na época, 24 anos).
Em 1936, Dom Hélder foi nomeado diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará, onde permaneceu por cinco anos. Em 1950, apresentou seu plano ao Monsenhor Montini (que em 1963 se tornaria o Papa Paulo VI) para fundar a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em 1952, Dom Hélder foi transferido para o Rio de Janeiro, onde permaneceu durante 28 anos. Nessa época desenvolveu diversas obras sociais. Exerceu também funções na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro e no Conselho Nacional de Educação.
Em 1962, Dom Hélder participou das reformas de base do governo João Goulart. Em 12 de abril de 1964, pouco antes do golpe militar, ele foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Foi de lá que se tornou uma das principais vozes a favor da dignidade humana e contra o autoritarismo instaurado no Brasil. Sempre muito envolvido com a causa dos mais necessitados, enquanto Arcebispo, criou o movimento “Encontro de Irmãos”, o "Banco da Providência” e a “Comissão de Justiça e Paz”, sempre com o desejo de aproximar a Igreja da realidade dos menos favorecidos.
Na luta em prol dos direitos humanos no Brasil, Dom Hélder passou a ser um dos alvos mais frequentes de ataques e ameaças diretas e indiretas por parte do regime militar, na época um dos casos mais graves foi a morte de um de seus assessores, o Padre Antônio Henrique Pereira Neto, morto em 27 de maio de 1969, além de ter tido sua casa metralhada.
Além das atividades pastorais de sua Arquidiocese, Dom Hélder atuou em movimentos estudantis, operários e ligas comunitárias contra a fome e a miséria. Foi indicado 4 vezes ao Prêmio Nobel da Paz, sendo o recordista brasileiro. O mais importante líder da Igreja Católica do Brasil foi chamado de o "bispo vermelho" pelos militares do regime ditatorial, por conta de suas ideologias, que segundo eles, eram de tendências comunistas.
O querido arcebispo faleceu no dia 27 de agosto de 1999, aos 90 anos, de uma parada cardiorrespiratória, em sua residência, localizada ao lado da igreja das Fronteiras, no Recife. Morreu dormindo, às 22h20. O corpo de Dom Hélder foi sepultado na Sé de Olinda, ao lado do seu bispo auxiliar, Dom Lamartine, e de seu acessor, Padre Henrique.
O processo de beatificação e canonização de Dom Helder foi aberto pela Igreja pernambucana em 3 de maio de 2015 e a fase arquidiocesana foi concluída em 2018. No ano passado, no encerramento do 18º Congresso Eucarístico Nacional, a Santa Sé anunciou a validação jurídica de todo o material enviado a Roma, segundo frei Jociel Gomes, vice-postulador da causa de Dom Hélder Câmara.
Em 26 de maio de 2022, a arquidiocese de Olinda e Recife enviou 20 caixas com os escritos de dom Helder (360 livros de documentos, num total de 127 mil páginas) ao Vaticano, para serem analisados pelo Dicastério para as Causas dos Santos. O conteúdo, que está armazenado em 20 caixas e pesa 500 quilos, foi elaborado durante três anos pelo Instituto Dom Hélder Câmara (IDHeC), no Recife, e digitalizado e impresso pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).
Infelizmente, Dom Hélder não pôde presenciar esse Brasil que colocou o combate à fome e à miséria como uma de suas prioridades, tampouco pôde ver surgir a Comissão da Verdade para apurar os crimes da ditadura militar que ele tanto denunciou. Mas o seu exemplo permanece vivo nas CEBs, nos grupos alinhados à Teologia da Libertação, nos movimentos populares, e nas lutas do povo por justiça social.
O Eterno Dom da Paz de Olinda e Recife estará sempre no coração e nas orações daqueles que acreditam que o pão material é tão importante quanto o pão espiritual. Coincidentemente, na mesma data da partida do Dom da Paz, fizeram também sua páscoa os bispos Dom José Maria Pires (2017), conhecido como Dom Zumbi por assumir a pastoral Afro e com isso as causas do povo negro; e Dom Luciano Mendes de Almeida, SJ (2006), que dedicou sua trajetória à caridade, sobretudo às crianças e aos mais humildes e fundou a Pastoral do Menor. Três santos que não cabem nos altares, mas na esperança do seu povo!!! 👏👏👏👏👏👏
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.
📖 Fontes consultadas:
💻 Portais G1 e NE10
💒 Sites da Arquidiocese de Olinda e Recife e da CNBB
📰 Jornais Diario de Pernambuco e Jornal do Commércio
👉 Para saber mais sobre Dom Hélder Câmara, o Dom da Paz, acesse:
💻 https://jrscommuitahistoriapracontar.blogspot.com/2022/02/hoje-na-historia-070222-113-anos-do.html
💻 https://jrscommuitahistoriapracontar.blogspot.com/2021/02/hoje-na-historia-070221-112-anos-de.html
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